Brasil rompe 27 anos de tradição e vota contra Cuba na ONU

Apenas Brasil, EUA e Israel votaram a favor de um embargo econômico a Cuba. Posicionamento reforça Alinhamento do governo Bolsonaro aos EUA

Brasil rompe 27 anos de tradição e vota contra Cuba na ONU
Foi a primeira vez em 27 anos que o Brasil apoiou a sanção (Foto: Alan Santos/PR)

O Brasil, juntamente com os Estados Unidos e Israel, votou a favor do embargo econômico contra Cuba na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na última quinta-feira, 7. Foi a primeira vez em 27 anos que o Brasil apoiou a sanção.

Tradicionalmente, o Brasil vota contra qualquer tipo de sanção econômica unilateral que não tenha apoio da ONU. No entanto, por ordem do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, o embaixador do Brasil na ONU, Mauro Vieira, mudou o voto. A ordem chegou a Vieira, que já foi ministro das Relações Exteriores do governo Dilma Rousseff, pelo chanceler Ernesto Araújo.

O embargo, que tem viés econômico, comercial e financeiro, é promovido pelos Estados Unidos desde 1962. Mesmo com os votos favoráveis à sanção, o fim do embargo foi aprovado por 187 votos a três. Ucrânia e Colômbia se abstiveram da votação. A ONU considera o embargo contrário à liberdade de comércio.

O chanceler de Cuba, Bruno Rodríguez, celebrou o fim do embargo, o qual categorizou como um “ato de genocídio”. Para o cubano, o bloqueio viola os direitos humanos. Por fim, citou o racismo e o posicionamento anti-imigrante dos Estados Unidos para criticar o embargo.

“O governo dos Estados Unidos não tem qualquer autoridade moral para criticar Cuba ou qualquer outro país no que diz respeito aos direitos humanos. Nós rejeitamos a manipulação dos direitos humanos com fins políticos”, destacou o chanceler cubano.

Com o novo posicionamento, Bolsonaro demonstrou, mais uma vez, o alinhamento do governo brasileiro ao presidente Donald Trump. Em sua transmissão semanal pelas redes sociais, divulgada na noite de quinta-feira, o presidente brasileiro afirmou que o Brasil está se aproximando da centro-direita.

“Pela primeira vez, o Brasil acompanhou os Estados Unidos na questão do embargo para Cuba. Então, somos favoráveis ao embargo para Cuba. Afinal de contas, aquilo é uma democracia? Não é. É uma ditadura. Então, tem de ser tratada como tal. O Brasil vai mudando a sua posição mais ao centro-direita”, disse Bolsonaro.

Desde 1992, com o apoio do Brasil, a ONU tem impedido os embargos dos Estados Unidos à Cuba por uma larga vantagem. As sanções de Washington são uma forma de pressionar o regime socialista de Cuba, que é constantemente alvo de ataques de Trump e, agora, de Bolsonaro.

Pelas redes sociais, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, escreveu diferentes postagens explicando o posicionamento do Brasil em relação à mudança de voto. Segundo o chanceler, o Brasil “votou a favor da verdade”. Ademais, Araújo também falou do apoio de Cuba, através do então líder Fidel Castro, em parceria com o ex-presidente Lula, para conceber o Foro de São Paulo.

“Cuba é hoje o principal esteio do regime Maduro na Venezuela, o pior sistema ditatorial da história do continente. Desse modo, Cuba está por trás da opressão aos venezuelanos, da catástrofe humanitária, da tortura, da migração forçada de 1/6 da população do país. Então chega de bajular Cuba. A influência que Cuba possui entre os países em desenvolvimento no sistema ONU é uma vergonha e precisa ser rompida. Seu papel de sementeira de ditaduras precisa acabar”, escreveu o ministro.

Os embargos dos Estados Unidos a Cuba começaram em 1962, após a revolução cubana de Fidel Castro. Estima-se que as sanções custaram cerca de US$ 130 milhões a Cuba nos últimos 60 anos, segundo apontado pela Comissão Econômica para a América Latina e Caribe da ONU. Durante o governo Obama, os países chegaram a se reaproximar, aumentando a atividade econômica entre as nações. No entanto, o governo Trump voltou a afastar os EUA de Cuba.

Fonte:
Folha de São Paulo-Brasil cede aos EUA, rompe tradição de 27 anos e não condena embargo a Cuba
O Globo-Brasil rompe tradição de 27 anos e vota na ONU com EUA e Israel por embargo econômico a Cuba
G1-Brasil muda posição histórica e vota contra resolução que condena embargo a Cuba na ONU

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