Oficialmente recuperado, Grupo João Santos inicia pagamentos a credores trabalhistas

“Concedo a recuperação judicial das empresas que compõem o Grupo João Santos”. Com esta frase, ao final das 12 páginas da homologação emitida pelo juízo da 15ª Vara Cível do Recife, na última sexta-feira, a Justiça de Pernambuco declarou que o conglomerado empresarial, que já foi o maior do Norte-Nordeste, está oficialmente recuperado.

E, para reafirmar o compromisso da gestão do Grupo com essa nova etapa em sua história, hoje, primeiro dia útil após a decisão do juiz, a empresa já processou os pagamentos para quase dois mil credores que haviam informado seus dados bancários via chave PIX, além de cadastrar a parcela de pagamento daqueles que informaram dados bancários via TED.

O Grupo João Santos tem dois anos para pagar suas dívidas trabalhistas e com fornecedores. Esse foi o prazo solicitado pelo grupo e aceito pela Justiça.

Oficialmente recuperado, agora o Grupo prepara-se para negociar ativos imobiliários considerados não estratégicos para a sua principal atividade, a indústria do cimento, devendo arrecadar, inicialmente, aproximadamente R$ 920 milhões.

A maior parte dos imóveis vendidos pertencem ao patrimônio da Companhia Agroindustrial de Goiana (CAIG), razão social da Usina Santa Tereza, localizados em uma região bastante valorizada na Zona da Mata Norte de Pernambuco e considerada estratégica para o setor sucroalcooleiro do estado. Os imóveis estão a poucos quilômetros de um complexo industrial onde se encontram uma fábrica da Fiat, de indústrias cervejeiras como a Heineken e Itaipava, e da planta da Hemobras.

A mesma região também será diretamente beneficiada pela construção do Arco Metropolitano, o anel rodoviário que promete desafogar o trecho da BR-101 que atravessa o Recife, facilitando uma conexão rápida com o porto de Suape.

O montante obtido com a alienação dos imóveis terá como destino o pagamento de 100% dos créditos trabalhistas devidos a 20.592 funcionários e ex-funcionários, ou seja, 89,8% dos credores trabalhistas das empresas do Grupo.

Em declaração conjunta aos funcionários do Grupo, os copresidentes Guilherme Rocha e Nivaldo Brayner afirmaram que a homologação “simboliza não apenas o recomeço de uma trajetória, mas também o resgate da credibilidade e da missão que sempre nortearam nossa organização ao longo de seus mais de 70 anos (…) é o resultado de um trabalho árduo, realizado com transparência, ética e dedicação, e que contou com o apoio e a confiança de todos que fazem o Grupo João Santos”.

Raquel participa de evento com Lula em Brasília

Por Maysa Sena
Do Blog da Folha

A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), participa nesta segunda-feira (10) da cerimônia de entrega do Selo Nacional Compromisso com a Alfabetização, promovida pelo Ministério da Educação (MEC). O evento acontece às 16h, no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), em Brasília (DF), e contará com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A participação da governadora em mais um compromisso ao lado do presidente reforça a relação institucional e estreita laços entre o Governo de Pernambuco e o Governo Federal, especialmente em pautas prioritárias. O Selo Nacional Compromisso com a Alfabetização é uma iniciativa do MEC que visa reconhecer e incentivar estados e municípios que adotam políticas eficazes para garantir a alfabetização de crianças na idade certa.

Enquanto Raquel Lyra cumpre agenda na capital federal, a vice-governadora Priscila Krause (Cidadania) estará em Caruaru, no Agreste pernambucano, para a inauguração do Residencial ao lado do ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, um empreendimento habitacional de 265 casas que beneficiará famílias de baixa renda.

STF gasta mais de R$ 38 mil para comprar cem gravatas com a logo do órgão

O Supremo Tribunal Federal (STF) gastou R$ 38.475,00 na compra de 100 gravatas com a logo da instituição. Os assessórios, que serão dados como presente pelos gabinetes dos ministros, também estarão à venda na livraria do órgão. Para as mulheres, haverá ainda a opção de um lenço com a abreviação do nome da Corte bordada.

O custo unitário de cada gravata, segundo o STF, é de R$ 384. O anúncio da confecção foi feito pelo presidente do STF, Luís Roberto Barroso. Durante a sessão plenária do dia 6 de fevereiro, ele, que usava uma das gravatas, explicou que ela foi elabora para ser entregue como uma “gentileza” dos ministros durante visitas institucionais.

— Faço um registro do novo departamento, o STF fashion. Nós lançamos uma gravata do Supremo Tribunal Federal, que todos estamos utilizando, e para a as mulheres um lenço belíssimo, como o que está com a ministra Cármen Lúcia. A razão real para isso é que nós recebemos muitas visitas ou visitamos lugares onde as pessoas nos dão presentes e portanto foi uma forma que nos encontramos gentil de retribuir com uma gravata que tem o símbolo do Supremo Tribunal Federal. Modéstia parte, ficou muito bonitinha — explicou Barroso

Os ministros e o procurador-geral da República, Paulo Gonet, utilizaram a mesma gravata na sessão, de cor azul. Já Cármen Lúcia, única mulher a integrar o tribunal atualmente, está com o lenço, também com tons de azul.

Do Jornal O Globo.

Lula: ‘Esse país só vai dar certo quando a classe média voltar para a escola pública’

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez nesta segunda-feira um discurso sobre a necessidade de aumentar os investimentos em educação. Em evento em Brasília, Lula criticou “economistas” que apontam entraves para a construção de “escolas e institutos federais”.

O petista também disse que a classe média deveria voltar para a escola pública.

— Esse país só vai dar certo o dia que a classe média voltar para a escola pública. E só vai voltar para a escola pública, quando ela melhorar. Já foi assim: os grandes intelectuais brasileiros estudaram em escolas públicas. Marilena Chauí, Florestan Fernandes, Paulo Freire, são filhos de escola pública. De que tempo? No tempo que quem podia ir para a escola eram poucos. Aí você dar qualquer coisa de qualidade quando uma pequena minoria pode estudar. Mas quando é todo mundo, é preciso um pouco mais de recursos. Um pouco mais de dinheiro. E é isso que nós estamos fazendo. As informações são do Jornal O Globo.

A fala foi dada durante evento voltado para a alfabetização. Também estavam presentes do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e ministros da Esplanada, como chefe da pasta de Educação, Camilo Santana.

Lula criticou ainda quem cria obstáculos ao piso do salário de professores.

— Tem gente que acha que é muito dinheiro pro professor ganhar R$ 4.800.

O presidente também afirmou que, quando for presidente, não faltará recursos para a educação:

— Falava pro Haddad e falo pro Camilo, toda vez que a gente quer fazer algo a mais, alguém diz: não tem dinheiro. O que é normal, isso vale num sindicato, associação de bairro, de futebol, o papel do tesoureiro é sempre dizer que não e o papel do outro é sempre querer mais. Agora, o não do tesoureiro e a reivindicação do cara, eu posso decidir e enquanto eu for presidente da República não vai faltar recurso para a gente recuperar a educação desse país. Porque é uma condição de vida e uma aposta que estamos fazendo no país.

Possível ida de Túlio Gadêlha ao PDT ameaça Rede e pressiona Marina

Do jornal O Globo

As negociações adiantadas para que o deputado federal Túlio Gadêlha (PE) se filie ao PDT no próximo ano podem deixar a Rede Sustentabilidade sem representação na Câmara. Em 2022, o partido elegeu apenas dois representantes — o próprio Túlio e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que se licenciou do mandato e foi substituída por um suplente do PSOL, sigla federada à Rede.

Com a chegada da janela partidária entre março e abril do ano que vem, caso o deputado realmente deixe sua cadeira nove meses antes do fim do mandato, a pressão sobre o destino de Marina pode aumentar. Se quiser concorrer à reeleição na Câmara, seria preciso se desincompatibilizar do ministério até seis meses antes do pleito.

Uma das porta-vozes nacionais da Rede, a ex-senadora Heloísa Helena afirmou ao GLOBO que não acredita que Gadêlha sairá do partido, mas ponderou que, caso seja seu desejo, não seria preciso sequer esperar até a janela partidária:

— Não acredito que o deputado vai sair da Rede. Entretanto, não tem juramento, tipo até que a morte separe. Quem quer sair, sai e busca militância política em outro partido, sem drama nem moralismo farisaico. Não perderá o mandato, pois isso já foi discutido antes.

Fontes ligadas ao diretório nacional do PDT confirmam o convite feito ao deputado federal, que já pertenceu à sigla no passado, entre 2007 e 2022.

No ano passado, ao não conseguir legenda para concorrer à prefeitura de Recife e ser preterido por Dani Portela (PSOL), Túlio chegou a acertar sua filiação e candidatura pelo PDT. Ele desistiu em cima da hora, com receio de ser processado por infidelidade partidária e perder seu mandato. Na ocasião, criticou o veto ao seu nome na disputa, mesmo sendo o único deputado federal da sigla.

A insatisfação do deputado no partido tem como pano de fundo um racha — ele pertence ao grupo de Marina Silva, que se contrapõe à atual direção nacional, representada pela ex-senadora Heloísa Helena. A divisão é numericamente acirrada. Marina angaria apoio de 47% do quadro, contra 53% de Heloísa.

Ninguém fica com o grande amor da sua vida. Por Flávio Chaves

  Por Flávio Chaves – Jornalista, poeta, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras. Foi Delegado Federal/Minc  –  Toda grande história de amor, mais cedo ou mais tarde, se torna uma despedida. É como se o universo conspirasse para que os amores mais intensos, aqueles que nos arrancam do chão e nos fazem voar, nunca pudessem ser completamente nossos. Eles chegam como uma tempestade, sacodem nossas raízes, iluminam nossos dias com uma luz que nunca havíamos visto, e então, quando menos esperamos, partem. Deixam para trás um silêncio que ecoa, um vazio que dói, e uma lembrança que nunca se apaga.

Os amores que realmente importam, aqueles que atravessam a alma e deixam marcas eternas, nunca terminam da maneira serena que imaginamos. Não são aqueles que se acomodam na rotina, que envelhecem juntos, que se reúnem em um sofá e uma xícara de café todas as manhãs. Esses amores são importantes, sim, mas são diferentes. São amores que se constroem no chão, tijolo por tijolo, dia após dia. E há uma beleza nisso, uma beleza tranquila e reconfortante.

Mas os amores que queimam a pele e estremecem o coração? Esses são feitos de fogo. Eles não se contentam com o chão. Eles querem o céu. E, por isso, sempre se despedem no auge, no momento em que tudo parece inteiro. Quando nos damos conta de sua força, já estamos perdendo-os. É como tentar segurar a luz do sol nas mãos: por mais que a desejemos, ela escorre entre os dedos, deixando apenas o calor de sua passagem.

A pessoa que mais ama, aquela que nos olhou uma vez e mudou para sempre o curso dos nossos dias, nunca é a mesma que dividirá conosco o envelhecer. Talvez porque o destino saiba que esses amores são grandes demais para caber em uma vida inteira. Talvez porque eles existam apenas para nos lembrar de que somos capazes de sentir algo tão profundo, tão avassalador, que nos transforma para sempre. E, uma vez transformados, não podemos mais voltar ao que éramos.

O destino sempre encontra uma maneira de nos separar. Às vezes, ele usa uma geografia. Outras vezes, a pressa, os desencontros, os medos, o orgulho ou as emoções que escapam ao nosso controle. E, no entanto, mesmo quando partem, esses amores nunca nos abandonam completamente. Eles ficam. Ficam nas músicas que nos fazem chorar, nos lugares que nos fazem sorrir, nos cheiros que nos transportam de volta a um momento que já se foi. Ficam nas histórias que contamos, nas cartas que nunca enviamos, nos sonhos que nunca realizamos.

E talvez seja assim que deve ser. Talvez os grandes amores não sejam feitos para durar. Talvez eles existam apenas para nos mostrar o que é possível. Para nos lembrar de que somos capazes de amar e de ser amados de uma maneira que transcende o tempo, o espaço, a razão. Para nos ensinar que, mesmo na despedida, há uma beleza indescritível. Porque, no fim das contas, o amor que nos marca para sempre não é aquele que fica, mas aquele que nos transforma.

E, assim, seguimos. Carregando dentro de nós a chama daqueles amores que nunca se deixaram capturar. Sabendo que, em algum lugar do universo, eles continuam vivos. Continuam ardendo. Continuam nos lembrando de que, por um instante — mesmo que breve, mesmo que fugaz —, fomos capazes de tocar o infinito.

O Recife e sua lágrima sem fim. Por Flávio Chaves

 Por Flávio Chaves – Jornalista, poeta, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras. Foi Delegado Federal/Minc 

O Recife é uma cidade que carrega beleza e tragédia em suas águas. Quando as chuvas torrenciais caem, é como se um deus vingativo despejasse seu rancor sobre essa terra anfíbia. As ruas se tornam rios, os carros flutuam sem rumo, e os homens e mulheres, presos em suas casas ou ilhados no meio da cidade, esperam, impotentes, que as águas decidam seu destino. A cidade para, o tempo se suspende, e a esperança escorre junto com a enxurrada.

Os mais pobres, que vivem nos morros e nas áreas de risco, carregam no rosto a marca da desesperança e da negligência. A cada novo temporal, suas casas se tornam armadilhas mortais. Nas madrugadas, ninguém dorme. O medo pesa sobre os telhados frágeis como uma lâmina afiada. Eles esperam o desabamento como quem espera a própria sentença. As gestões públicas se revezam no poder, mas nenhuma delas ousa enfrentar essa dor aquática com verdadeira determinação. O Recife se inunda de promessas vazias, de discursos bem ensaiados, enquanto sua gente afunda, afoga-se na lama de uma indiferença que se repete ano após ano.

E então, mais uma vez, a APAC anuncia chuva. A cidade treme. O alerta não é só climático, é existencial. Da janela, vejo um homem magro, de pouca roupa, atravessando a rua como um rio andante, um espectro carregando seu próprio sofrimento. A chuva em seu rosto disfarça as lágrimas, mas seus olhos caídos denunciam o peso da dor. Chamo-o para a calçada, entrego-lhe um guarda-chuva antigo, um pedaço de dignidade em meio ao caos. Ele segue, sem destino, sem voz, sem vida. Meu coração dói. A cidade geme sob as gotas incessantes. Deus, dai uma rua coberta para o povo sem teto.

Recolho-me à biblioteca, buscando um livro que me ensine a encontrar o sol. Porque viver, aprendi, tem como segredo amparar o outro, segurar sua mão quando o chão desaparece. Salvar sonhos é salvar vidas. Mas o Recife, com sua indiferença crônica, parece anestesiado diante da dor. Suas ruas, seus becos, suas praças cantam desafinadamente o medo da chuva, enquanto seus governantes assistem, distantes, a mais uma tragédia anunciada.

O relógio marca a hora do aviso. O céu continua sem estrelas, encharcado de prantos. E o que nos resta? Talvez cantar, de mãos dadas com os desabrigados, “O meu mundo caiu”, na esperança de que, quando nossa voz ecoar forte o bastante, os gestores do medo finalmente tremerão diante daqueles que ousam resistir.

 

CHARGE DA SÉRIE: RECIFE MAQUIADA

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Criação: BLOG DO FLÁVIO CHAVES

Mãe do ano? A escolha polêmica que revela mais sobre a mídia do que sobre a maternidade

Esposa da cantora Ludmilla está grávida

   Blog do Flávio Chaves
Em um mundo onde a maternidade é frequentemente romantizada e reduzida a estereótipos, uma manchete recente chamou a atenção: Brunna Gonçalves, mulher da cantora Ludmilla, foi intitulada “mãe do ano” por um meio de comunicação. O motivo? Aos seis meses de gravidez, ela desfilará na Sapucaí durante o Carnaval. Mas será que essa escolha reflete a realidade das mães brasileiras ou apenas reforça um jornalismo que privilegia o espetáculo em detrimento da substância?
Brunna Gonçalves não é a primeira mulher grávida a desfilar no Carnaval, e certamente não será a última. Então, por que ela foi elevada ao status de “mãe do ano”? Será por sua barriga de seis meses ou por sua relação com a famosa cantora Ludmilla? A escolha parece menos sobre a maternidade e mais sobre a visibilidade midiática. Enquanto isso, mães anônimas enfrentam desafios reais, como Lexa, que luta pela vida de seu bebê em uma batalha silenciosa e heroica. A maternidade, que deveria ser celebrada em sua pluralidade, acaba sendo reduzida a um espetáculo midiático, onde o que importa não é o ato de cuidar, mas sim o de aparecer.
O título “mãe do ano” soa como hipocrisia; como uma piada de mau gosto quando pensamos nas milhares de mulheres que trabalham incansavelmente, muitas vezes sozinhas, para sustentar seus filhos. A professora que dá aula para 25 crianças com um barrigão de seis meses, a empregada doméstica que carrega sacolas pesadas até o nono mês, a mãe solteira que mal tem tempo para se cuidar – essas são as verdadeiras mães do ano. Mas, claro, elas não desfilam na Sapucaí nem têm milhões de seguidores no Instagram. Enquanto isso, a mídia escolhe celebrar uma gravidez que, embora bonita e válida, não representa a realidade da maioria das mães brasileiras.
A manchete também levanta questões incômodas. Será que Brunna foi escolhida por ser casada com uma mulher e estar grávida, em um contexto que ainda causa estranhamento para alguns? A notícia, ao invés de celebrar a diversidade, parece alimentar uma divisão desnecessária entre famílias homoafetivas e heterossexuais. E, pior, abre espaço para comentários preconceituosos, como os que já pipocam na página da notícia. Em vez de promover a inclusão, o autor da matéria parece estar mais interessado em gerar polêmica, jogando lama na plateia não pensante para garantir seus cliques.
Essa matéria é um retrato fiel de um jornalismo que prioriza o sensacionalismo e o clickbait. O autor, perdido no tempo e no espaço, parece mais interessado em gerar polêmica do que em informar. É o mesmo tipo de jornalismo que elege políticos sem projetos e transforma notícias em espetáculos vazios. O tom arrastado e superficial da reportagem lembra aqueles apresentadores que fazem “biquinho” para parecerem importantes, mas que, no fundo, não têm nada de relevante a dizer. É o jornalismo do “piscinão” e das viagens luxuosas, que ignora as reais necessidades do cidadão comum.
Mãe do ano não é quem desfila na Sapucaí ou posta fotos sem blusa para exibir a barriga. Mãe do ano é aquela que acorda cedo, trabalha duro e faz sacrifícios diários para garantir o futuro de seus filhos. Mãe do ano é aquela que ama incondicionalmente, independentemente de holofotes ou manchetes. Talvez, em vez de celebrar figuras públicas, a mídia deveria olhar para as mães reais, que vivem à margem dos holofotes, mas que são verdadeiras heroínas no dia a dia. Afinal, todas as mães, sejam famosas ou anônimas, são mães para sempre – e isso é o que realmente importa.

Bonés, cores e conflitos: A desconexão entre o parlamento e as urgências do Brasil. Por Flávio Chaves

 

    Por Flávio Chaves – Jornalista, poeta, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras. Foi Delegado Federal/Minc  –  Enquanto a inflação corrói o poder de compra das famílias, a educação pública enfrenta cortes orçamentários, o desemprego persiste como uma chaga social e a miséria se alastra por todos os cantos do país, o que ocupa o tempo e a atenção de nossos parlamentares? Nos últimos dias, o foco das discussões no Congresso Nacional tem sido a polêmica sobre bonés, suas cores e os dizeres estampados neles. Em um momento de tantas crises urgentes, é profundamente lamentável que questões tão irrelevantes para a vida do cidadão brasileiro dominem o debate político. Isso não só reflete a falta de preparo e envergadura de muitos representantes, mas também a ausência de um projeto claro e consistente para o futuro do Brasil.

O Brasil vive um momento de múltiplas crises. A inflação, que voltou a assombrar o bolso do trabalhador, exige medidas concretas para o controle de preços e o fortalecimento da economia. A educação, base para o desenvolvimento de qualquer nação, sofre com a falta de investimentos e a precarização do ensino público. A habitação, um direito básico, ainda é um sonho distante para milhões de brasileiros que vivem em condições insalubres. O desemprego, que teima em não ceder, mantém famílias inteiras à mercê da informalidade e da insegurança financeira. E a miséria, que deveria envergonhar qualquer governante, só aumenta, escancarando as desigualdades sociais que há décadas desafiam o país.

No entanto, em vez de enfrentar esses problemas com transparência e ações efetivas, o que vemos é a escolha de ministros de Estado para a comunicação como quem escolhe, em uma loja, uma caixa de produtos para maquiagem. Informa-se ao novo ocupante do cargo, de imediato, que sua missão será esconder a real situação do país e mostrar uma face maquiada, vendendo ilusões ao povo. Essa prática não só desrespeita a inteligência do cidadão brasileiro, mas também afasta qualquer possibilidade de diálogo honesto sobre os desafios que precisam ser superados.

Diante desse cenário, é no mínimo desconcertante ver que o tempo e os recursos públicos são gastos em discussões infrutíferas sobre acessórios como bonés. Enquanto o povo clama por soluções, o Parlamento parece mais preocupado com disputas simbólicas e vazias, que não contribuem em nada para a melhoria da qualidade de vida da população.

A obsessão com temas irrelevantes revela uma triste realidade: a falta de preparo e envergadura de muitos parlamentares para lidar com os desafios complexos que o Brasil enfrenta. Em vez de debater propostas concretas para combater a inflação, gerar empregos ou melhorar a educação, vemos representantes eleitos pelo povo se perderem em brigas que mais parecem cenas de um reality show. Isso não só desvia o foco das questões urgentes, mas também desmoraliza a política, afastando ainda mais a população da confiança nas instituições democráticas.

A pergunta que fica é: onde estão os projetos de lei que realmente impactam a vida do cidadão? Onde estão as propostas audaciosas para enfrentar a miséria e a desigualdade? Parece que, para muitos parlamentares, a prioridade não é servir ao povo, mas alimentar polêmicas que geram visibilidade momentânea, mesmo que às custas do interesse público.

O Brasil merece mais. Merece representantes que estejam à altura dos desafios que o país enfrenta. Parlamentares que priorizem as reais necessidades da população, em vez de se perderem em conflitos insignificantes. A política não pode ser um palco para vaidades pessoais ou disputas vazias; ela deve ser um instrumento de transformação social, capaz de melhorar a vida de milhões de brasileiros que dependem das decisões tomadas em Brasília.

Enquanto o Congresso não se reconectar com as urgências do povo, continuaremos a assistir a um espetáculo de irrelevância, enquanto os problemas reais do país se agravam. É hora de cobrar responsabilidade, ética e compromisso com o bem comum. O Brasil não pode mais esperar.