William Kentridge: “As pessoas não veem a fotografia, veem a si mesmas”

Artista sul-africano premiado pelo Princesa de Astúrias das Artes expõe sua obra em Madri. Na entrevista, ele fala sobre sua arte e o apartheid

William Kentridge: “As pessoas não veem a fotografia, veem a si mesmas”
DANIEL OCHOA DE OLZA
Por Anatxu Zabalbeascoa – EL PAÍS

Este sul-africano, último prêmio Princesa de Astúrias das Artes, é um desenhista que filma suas telas. “Desenhos animados da idade da pedra”, ele assim os chama. Constrói cenografias e atua. Estudou Ciências Políticas em seu país durante o apartheid. Formou-se dramaturgo em Paris e começou a ganhar a vida como artista com 34 anos e dois filhos. O Rainha Sofia expõe sua obra teatral.

“TENHO DE VER velhos amigos no Prado”, informa William Kentridge. Foi ver Goya, um dos poucos artistas pelos quais sempre se interessou. Toda sua família (sua mulher, que é reumatologista, os três filhos — para os quais cozinhou durante toda a infância enquanto ela trabalhava no hospital — e até seu pai, um célebre advogado nonagenário, defensor de Nelson Mandela e Desmond Tutu) o acompanhou na cerimônia para receber o prêmio Princesa de Astúrias das Artes. No Museu Rainha Sofia, de Madri, onde a exposição Basta y Sobra (até 19 de março) repassa sua produção cênica, Kentridge (Johanesburgo, 1955) começa falando de outros sul-africanos ilustres: Coetzee (Escreveu os melhores livros sobre a África do Sul) e Nadine Gordimer (“Fui à escola com seu filho. Sempre dizia a minha mãe que tomara que ela fosse como a de Hugo, porque sempre estava em casa. ‘O que faz essa senhora?’, quis saber ela, que era advogada. ‘É datilógrafa’, respondi. Deduzi isso porque estava todos os dias teclando. Depois se tornaram amigas”).

Em 1977, criticou o alemão Joseph Beuys porque, para o senhor, espalhar mel no edifício principal da Documenta de Kassell não era arte política. Em sua concepção, a arte política implicava “arriscar-se a ser preso ou a receber choque elétrico nos testículos”. Isso lhe aconteceu?

Fui preso, mas não torturado. Disse isso quando estudava porque na África do Sul a política tinha a ver com prisões e perseguição. Isso torna incompreensível uma visão abstrata da arte política.

Sempre deve implicar risco para o artista?

O artista William Kentridge, fotografado no Museu Reina Sofía de Madri.
O artista William Kentridge, fotografado no Museu Reina Sofía de Madri. DANIEL OCHOA DE OLZA
 Não. Há um tipo de arte política que tem a ver com a representação das certezas, mas eu me interesso mais pela ambiguidade e a incerteza. Normalmente o político exige um significado inequívoco a favor ou contra. Acho que a contradição e o paradoxo são mais certeiros que aquilo que não deixa lugar a dúvidas.

O que faz com que uma obra seja percebida como verdadeira?

Se você dá a mesma fotografia a duas pessoas, cada uma dirá coisas diferentes. Isso significa que só podem estar falando de si mesmas. Não veem a fotografia, veem a si mesmas. Por isso uma das funções do artista é lembrar o espectador que quando olha uma obra não está vendo uma verdade, mas uma projeção.

Qual é o papel de um artista no século XXI?

Ainda estamos tentando entender o que aconteceu há cem anos com os dadaístas. Devemos a eles poder trabalhar com sons, textos, poesia, silêncio e com todo o tipo de imagens.

Duchamp questionou o que podia ser arte expondo o urinol na Sociedade de Artistas Independentes de Nova York. Mas isso não interessa ao senhor.

Porque optou por se transformar em um artista enigmático jogando xadrez durante 20 anos. Para mim isso irradia uma atitude muito europeia de cansaço e falta de interesse pelo mundo, até mesmo de cinismo, que também faz parte do legado europeu. Tenho uma relação de amor-ódio com Duchamp e outros artistas, como Bruce Nauman, porque trabalhavam com a segurança de estar no centro do mundo. A América nos oitenta, Paris nos vinte. Isso mudou. Agora é possível trabalhar na periferia e mostrar seu trabalho em Paris no Rainha Sofia, algo impensável há 20 anos.

Sua periferia, Johanesburgo, não é hoje como esses antigos centros: o lugar de maior interesse?

A periferia é um lugar com interesse filosófico, geográfico e econômico. Da distância pode-se ver erros na Europa que foram cruciais na nossa vida.

“Uma das funções do artista é lembrar o espectador que quando olha uma obra não está vendo uma verdade, mas uma projeção. Vê a si mesmo”

Que erros?

Parece como se a Europa tivesse acreditado ter o direito de morrer tranquilamente na cama e a destruição das Torres Gêmeas tivesse despertado o Ocidente. Na África as pessoas sabem que não há certezas nem seguranças. Estão acostumados à sobrevivência.

Aqui temos vivido com um senso infundado de segurança?

Essa fantasia se rompeu com o trauma do 11 de Setembro. Na África do Sul sempre soubemos que a vida é risco.

O senhor fez seu nome como artista com o fim do apartheid. A mensagem mais que o meio é o que deve ser contemporâneo na arte atual?

Essa pergunta implica que a pessoa sabe de cara o que faz, e isso não me interessa. Parto de não saber o que estou fazendo, de não controlar isso por completo. Não planejo. Entendo o que faço quando faço.

Mas começa com uma ideia.

Claro, e depois aparecem os problemas, e o tangencial chega para salvar o projeto. Fundei a incubadora The Centre for the Less Good Idea para potencializar uma maneira de criar mais aberta entre músicos, bailarinos e artistas. É fundamental ter flexibilidade para evitar apriorismos e reconhecer o que você está fazendo acima do que você pensava fazer.

Encontra mais temas indagando em si mesmo ou no mundo?

Um artista indaga sempre em seus medos e desejos.

William Kentridge: “As pessoas não veem a fotografia, veem a si mesmas”
DANIEL OCHOA DE OLZA
 Pertence a uma família de advogados. E estudou Ciências Políticas antes de fazer teatro em Paris.

Eram advogados capazes de imaginar uma vida diferente para seus filhos. Minha mãe sempre me apoiou. Meu pai era mais cético. Está orgulhoso, mas não consegue entender por que as pessoas se interessam pelo que faço. Às vezes me pergunta por que faço as coisas, se realmente acredito que são necessárias.

O que lhe responde?

Que justamente são essenciais porque não são necessárias.

Nasceu em Johanesburgo e viveu em uma minoria dentro da minoria branca: a dos que se opunham ao apartheid. Sua família defendia os direitos dos negros. Como foi a sua infância?

Privilegiada, branca, suburbana. Tínhamos babás e criados. Fui a uma escola em que só podiam entrar crianças brancas. E me parecia que isso era o normal. Se tivesse visto isso desde fora, teria me dado conta de que era doentio, mas dentro tudo se vive como se fosse normal. É preciso ter uma certa idade para se perguntar por que há ônibus para brancos e outros para negros, por que as melhores praias são para os brancos e as perigosas para os negros. É o absurdo endiabrado, mas se vive nele.

Com quantos anos viu esse absurdo?

Com cinco vi no escritório do meu pai fotos de negros assassinados. E ele me explicou que as opções eram abandonar a África do Sul para não enfrentar o problema, como fizeram muitos brancos, ou enfrentá-lo de dentro. Mas fazer isso te deixava em uma posição pouco limpa. Para se opor ao apartheid vivendo nele, era preciso aprender a conviver com a contradição. Minha família escolheu essa opção convencida de que, apesar de tudo, havia coisas que podia fazer.

“Para opor-se ao ‘apartheid’ vivendo nele a pessoa tinha de aprender a conviver com a contradição. Minha família escolheu essa opção para enfrentá-lo desde dentro”

Sua mãe defendia gratuitamente os negros em julgamentos. Seu pai defendeu Mandela e o bispo pacifista Desmond Tutu…

E eu tive uma vida de branco. Em nossa casa entravam os negros que minha mãe representava ou os amigos de meus pais, mas eram poucos. Lembro que um homem veio em casa e foi até a cozinha cumprimentar os criados. Eles ficaram atordoados porque era o chefe do Congresso Nacional Africano, o antecessor de Mandela.

Sua mulher [Anne Stanwix] é australiana. Chegou com 16 anos, se conheceram na escola e desde então permanecem juntos. Nada mal para um homem que se descreve como instalado na dúvida perpétua.

Faz parte das minhas contradições. Pouco antes de conhecê-la, com 13 anos, decidi que tinha nascido no país errado e com cinco anos de atraso. Se estivesse com 18 em Paris, Berlim ou Berkeley teria feito parte da revolta estudantil em vez de estar enredado na África do Sul, onde não acontecia nada.

Mas aconteceu. Em meados dos anos setenta, o bairro de Soweto se rebelou.

Sim, e tive meu Maio de 68. Mas me lembro de ler no jornal o que acontecia fora e pensado: “Droga, a vida passou por mim”.

Sua avó materna foi a primeira advogada sul-africana.

Sim. Todos os meus avós eram advogados, eles e elas. Suas famílias chegaram da Lituânia e da Alemanha.

Todos eram judeus. O senhor é religioso?

Não. Não fui educado assim. Meu avô tentou, mas minha mãe não tinha nenhum interesse. Depois minha mulher, que é católica, queria que eu recuperasse minha religiosidade. Mesmo que fosse a judaica…

A liturgia?

Sim, as formas: jejum, celebração… Espiritualidade quero considerar que já tenho. Dou-lhe atenção para que ela fique contente.

Em 1990, o presidente Frederik de Klerk começou a eliminar leis discriminatórias e libertou Nelson Mandela depois de 27 anos encarcerado. Lembra-se do fim do apartheid?

As pessoas como nós, estudantes ou profissionais liberais, estava havia tempo esperando isso. Quando o Parlamento anunciou que seria libertado e que os partidos deixariam de ser proibidos faltavam quatro anos para as primeiras eleições, mas abrimos champanhe. Sabíamos que o país seria outro. Embora nem todo mundo quisesse. A maioria dos brancos teria preferido manter seus privilégios.

Como mudou sua vida?

As organizações que eram proibidas de falar passaram a fazer isso sem medo. Houve quatro anos de negociações e tentativas de evitar as eleições, mas a África do Sul não se tornou um país de fundamentalistas, e sim de gente disposta a pactuar. Pactuar é um sinal de maturidade, você não consegue tudo o que quer, mas é a única maneira de conseguir algo.

Estudou política para se graduar?

Eu tinha interesse pelos livros proibidos. Se você estudava política, podia ir à biblioteca e pegar livros de Marx. Se não, se te pegassem com esses livros era um crime. Semanalmente, uma revista governamental lembrava ou ampliava a lista de títulos censurados. O político e o pornográfico compartilhavam a mesma categoria: a do proibido.

Por tudo isso foi um artista tardio?

Sempre desenhei, depois na França fiz teatro. E duvidei. Tinha 34 anos, dois filhos e ainda duvidava.

Era sua mulher que o mantinha?

Me deu de presente tempo para duvidar.

Em sua primeira obra abordou o apartheid em pôsteres para os sindicatos.

Sim, mas com uma linguagem de arte de protesto. Demorei para entender que estava tratando as pessoas com condescendência. E isso me encheu de dúvidas. Eu me dei conta de que com o que fazia estava dizendo às pessoas o que tinham de pensar, que é uma forma de lhes dizer que estão menos preparadas e são menos inteligentes e sensíveis do que você. Isso me pôs em meu lugar: não queria me dedicar a dizer às pessoas o que tinham que pensar. Decidi que se algo me interessava, talvez pudesse interessar a mais pessoas. E decidi fazer as coisas para mim, para entender, sem uma ambição específica. O curioso é que ao trabalhar assim ficou mais fácil para mim abordar temas políticos. Chegaram com naturalidade.

Em 25 anos, como o seu país evoluiu?

Muita gente esperava uma mudança radical de vida. E o que se passou é que há uma classe média branca e outra negra que, numericamente, já são iguais (quatro milhões cada raça). Mas para a classe trabalhadora a vida não mudou. Sua situação, embora não tão ruim, é de grande pobreza e desespero.

O que aconteceu com os privilegiados?

Muitos mantiveram os privilégios. Os grandes beneficiários dos últimos 25 anos foram os homens de negócios brancos.

O senhor está dizendo que a liberdade não muda as coisas?

Muda. Mas isso não implica em igualdade econômica. Os mineiros continuam sendo negros; os faxineiros também.

Em 1996, o Comitê da Verdade e Reconciliação demonstrou não ter muita verdade nem muita reconciliação.

Essa foi uma ideia muito cristã defendida por Desmond Tutu. As pessoas iriam perdoar. Iriam esquecer os abusos sofridos. A verdade lhes daria coragem para fazê-lo. Essa esperança sempre me pareceu muito otimista. Acreditava que as pessoas não seriam tão generosas quanto Mandela ou Tutu, que não perdoariam e esqueceriam tão facilmente. Mas a primeira parte, a comissão da verdade, foi surpreendente. Em quase todos os países, a amnésia nacional vem depois dos grandes problemas e das grandes injustiças. Aconteceu na Espanha depois da Guerra Civil. Só recentemente se falou com objetividade sobre Franco. Na França aconteceu o mesmo com os colaboradores. Não foi possível falar do apoio aos nazistas durante 30 anos. Por isso na África do Sul foi tão chocante que desde o início tenha sido criada uma comissão para investigar a violação sistemática dos direitos humanos. Seu mecanismo era conceder imunidade e anistia se confessassem o que tinham feito. Sacrificaram a justiça pela verdade, pela memória. Então, se você aceitasse que as pessoas que haviam feito coisas terríveis não tinham de pagar por isso, você poderia saber o que aconteceu. Essa ética contábil foi um pacto com o diabo: para além do terrível que tinham feito, não precisavam pagar por isso caso confessassem.

Como a Igreja Católica, o perdão depois do arrependimento e da confissão.

Mas uma coisa é saber a verdade e outra é perdoá-la. Muitas pessoas relacionam perdoar com deixar de pensar, com esquecer. Eu acredito que só se pode perdoar quando você conseguiu não sentir dor. O que alegaram é que, se fossem julgados, não diriam a verdade e não haveria verdade nem justiça. Eles ganharam.

Seu pai decidiu sair antes do fim do apartheid.

Sim, e minha mãe e meus irmãos. Eles estavam fartos da corrupção nos tribunais. Da minha família, só minha esposa e meus três filhos ficaram. Nos encontramos em Londres. Meu pai continuou como advogado lá e minha mãe continuou trabalhando na organização que havia fundado na África do Sul, The Legal Resource Center, que oferecia assessoria jurídica gratuita.

Um dos seus irmãos é escritor. Como há tantos artistas em uma família de advogados?

Meus antepassados vieram da Lituânia, eram muito pobres. Um era professor de hebraico, outro era ferreiro. A geração seguinte pôde ir à universidade, todos conseguiram uma profissão mais bem remunerada, mas sofreram pressão familiar para se tornar profissionais. Quando nós chegamos, essa pressão havia desaparecido. É curioso observar a psicodinâmica do que somos: hoje a incerteza igualou o mundo. Antes, se formar na universidade era garantir um emprego. Hoje, não mais.

Agora não há certezas. Hoje o senhor poderia ter se permitido duvidar tanto?

Eu me pergunto muitas vezes como pude viver tão tranquilo todos esses anos que me dediquei a decidir o que queria ser. Mesmo assim, me aconselharam que, pouco importando o que fizesse, deveria me especializar. Se fosse desenhar, que desenhasse. Se preferisse o cinema, que filmasse… Caso contrário, me tornaria um amateur. Levei um tempo para aprender que a única maneira de me tornar artista passava por não me especializar e misturar o que sabia. Às vezes é necessário construir um absurdo para demonstrar os limites do sentido.

O senhor é rico?

Tenho mais dinheiro do que necessito. Mas não tenho grandes necessidades.

Por que o senhor apaga e refaz continuamente seus trabalhos?

Suponho que por causa da insegurança. Preciso permanecer no provisório. Às vezes filmo os desenhos e eles se tornam desenhos animados da idade da pedra. Outras, com músicos ou atores, meu trabalho se transforma em uma ópera. Mas a parte estratégica se baseia no desenho.

O absurdo é fundamental em suas obras. Como brincar em situações trágicas?

O absurdo não é estúpido nem idiota. Refere-se sempre a uma lógica que foi rompida. A ideia de que um nariz pode abandonar um rosto levanta uma lógica falsa, que nos serve para falar sobre o medo das hierarquias ou sobre a divisão de alguém em várias pessoas. Se você quiser falar sobre o apartheid na África do Sul, esses recursos servem. O absurdo rompe a lógica racional e se apoia na irracional. É preciso levar o absurdo a sério.

Fernando Santa Cruz: ainda estou aqui. Por Marcelo Santa Cruz e Eduardo Scaletsky

Por Marcelo Santa Cruz e Eduardo Scaletsky  – DO Jornal O PODER   – O desaparecimento forçado de Fernando e centenas de outros brasileiros foi uma arma usada pela ditadura para gerar medo nos que lutavam. Mas eles foram derrotados por Fernandos e Fernandas, e ainda estamos aqui para impedir os golpes contra a democracia.

Fernando Santa Cruz

Pela 50ª vez, esteve ausente das festividades natalinas e da recepção ao novo ano de 2025. Sequestrado pela ditadura militar em pleno sábado de carnaval, dia 23 de fevereiro de 1974, até hoje ainda não teve seu corpo entregue à família.

O filme

Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles e protagonizado por Fernanda Torres, Fernanda Montenegro e Selton Mello retrata, com sensibilidade, a dor e o sofrimento causados pelo assassinato sob tortura do ex-deputado Rubens Paiva e a posterior ocultação de seu corpo.

Ocultação dos corpos

Um dos crimes mais cruéis da ditadura militar, vem sendo divulgado pela Comissão da Memória e da Verdade, refutando a versão dada pelo Estado brasileiro sobre os delitos contra a humanidade cometidos pelas Forças Armadas. Centenas de famílias foram privadas do direito ao luto e ao sepultamento de seus mortos, assegurado pelas mais primitivas civilizações: honrar e enterrar.

A leitura

De ‘Luto e Melancolia’, de Sigmund Freud, ajuda as famílias, os amigos e a sociedade a entenderem o significado cruel do desaparecimento forçado, amplamente utilizado pela ditadura militar no Brasil. Conexão que surge da análise dos efeitos psicológicos e sociais provocados pela ausência de um fechamento simbólico ou ritualístico nos processos de elaboração do luto, que é uma resposta saudável diante da perda. Perda vai gradualmente sendo substituida, direcionada, para novos objetos ou relações.

Reviver

Memórias e sentimentos relacionados à morte é sempre doloroso. Contudo, a certeza da morte, objetificada no corpo, permite que familiares e amigos enfrentem e vivam o luto, cujo processo estabelece uma ponte entre polos essenciais da existência humana: a vida e a morte. O luto é uma reação à perda e, na presença do corpo, o enlutado sabe exatamente o que perdeu. Mesmo se for um processo lento e doloroso, que traga consigo uma tristeza profunda, o luto gera perspectivas de futuro e novas possibilidades.

A situação de desaparecimento

Traz consigo reações confusas. Será uma perda definitiva? Ou será uma ausência temporária? O desaparecimento forçado impede a materialização da perda, objeto dos rituais funerários e da convicção da morte que se constituem em elementos estruturantes para o processo de luto. A falta de resposta gera a espera, que se converte em esperança e em negação da perda para a morte. A perda se converte em um vazio, não raro gestando sentimentos de culpa e de impotência diante da violência do Estado.

Durante a ditadura militar

Milhares de pessoas foram presas, torturadas e assassinadas. E, parte delas teve seus corpos simplesmente sumidos. Essa violência foi pensada como método para ocultar informações sobre os desaparecidos políticos. Tal situação levou as famílias e a sociedade ao plano das ambiguidades, gerando níveis variados de melancolia, difíceis de serem superados. Em certo sentido, a prática perversa do desaparecimento, além de uma violência direta, foi um dispositivo de controle para desestabilizar famílias e desmotivar a resistência. O desaparecimento abre um vazio para a constituição do que Freud chamou de Melancolia: uma resposta patológica à perda que, no contexto do desaparecimento político, pode ser traduzido como uma impossibilidade de aceitar a ausência. Socialmente, o desaparecimento é uma arma contra a revolta, gerando medo, silêncio e impunidade dos crimes cometidos. Só existe uma saída: a recuperação da memória histórica e a busca pela verdade e pela justiça, que transformam o luto e a dor da perda em resistência e reconstrução.

Tradução

Nestes 50º Natal e Ano Novo sem Fernando, a sua memória foi trazida pela Faculdade de Direito e pelo Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal Fluminense (UFF). Por iniciativa do professor Manoel Martins e da artista plástica e ex-presidente do DCE Alexandra Simplício, anunciaram a proposta encaminhada ao Conselho Universitário de conceder a Fernando Santa Cruz, ex-aluno da instituição, o título de Bacharel em Direito (in memoriam). Com certeza, no próximo ano letivo, em 2025, Fernando Santa Cruz receberá seu diploma pela Universidade Federal Fluminense.

Depoimentos

Durante a solenidade na Faculdade de Direito da UFF, muitos discursos emocionantes foram proferidos. Dentre eles, o de Orlando Guilhon, militante político e companheiro de Fernando Santa Cruz, que citou os depoimentos de Jair Ferreira de Sá e o de Doralina Rodrigues Carvalho, publicados no livro Onde está meu filho? de Cristina Tavares, Chico Assis, Gilvandro Filho, Glória Brandão, Jodeval Duarte e Nagib Jorge Neto. Jair e Doralina, dirigentes da Ação Popular Marxista Leninista, recordaram que um dia após a prisão de Fernando, eles tinham um encontro marcado com ele. Mas nem ele nem os agentes da repressão compareceram. Segundo Doralina, Fernando deu sua vida por ela, pois poderia tê-la entregue à repressão, mas não o fez. Jair expressou sentimentos de perda, dor e revolta, afirmando que Fernando não se encaixava nos “critérios macabros” da ditadura para definir quem deveria morrer.

O luto

Por Fernando e por tantos outros desaparecidos políticos – na verdade, brutalmente assassinados – ainda está incompleto. Há ainda um longo caminho para encerrar esse luto de meio século. Talvez essa jornada nunca tenha fim. Contudo, ao encerrar este texto, invocamos os versos do poeta Marcelo Mário de Melo, companheiro dessa causa, para reafirmar nosso compromisso com a verdade histórica:

“Purgar os erros
Lembrar os mortos
Fecundar os sonhos
Festejar as vitórias
Se não fizermos isto
Pela nossa causa
Quem o fará?”

*Texto de Marcelo Santa Cruz e Eduardo Scaletsky, com a colaboração de Doralina Carvalho Rodrigues publicado no blog Terapia Política.

PSDB confirma fusão e quer Eduardo Leite candidato à presidência em 2026

Foto: Reprodução

O PSDB confirmou que pretende se fundir ou se incorporar a outro partido ainda neste ano. A sigla também afirmou que apoiará a candidatura do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, à Presidência da República em 2026.

À CNN, o presidente nacional do partido, Marconi Perillo, afirmou que Leite “tem pretensões à candidatura” e que possui um perfil muito alinhado com as expectativas do partido e do Brasil.

“Eduardo Leite é um político culto, preparado, conciliador e provou resiliência por passar por dois acontecimentos que exigiram muito dele, a pandemia da Covid-19 e as enchentes de 2024”, comentou.

Atualmente, o gaúcho é um dos três governadores tucanos com mandato no país. Desde as eleições de 2022, Leite despontou em pesquisas como um possível candidato da “terceira via” frente à polarização, na época, de Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O político chegou a renunciar do cargo meses antes para concorrer ao Executivo nacional, mas, por imbróglios da sigla, desistiu. Assim, concorreu mais uma vez ao governo do Rio Grande do Sul e conquistou a reeleição — a primeira na história do estado desde a redemocratização.

CNN

MÚSICA – The Manhattans – Forever By Your Side

MÚSICA – The Manhattans – Forever By Your Side

Recife é a capital com o aluguel mais caro para morar no Nordeste e o terceiro do Brasil

No Recife, o metro quadrado para aluguel é o mais caro do Nordeste e o terceiro maior do país. Os dados foram divulgados no índice FipeZap, divulgado nesta terça-feira (14). A capital pernambucana apresentou o valor médio de R$ 54,95/m² em 2024, atrás de Florianópolis (R$ 54,97/m²) e São Paulo, que ocupa o primeiro lugar no ranking com R$ 57,59/m².

O valor do metro quadrado (m²) alcançou a média de R$ 48,12 no Brasil. A alta supera a inflação oficial, calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Porém, apresenta uma desaceleração em relação aos dois anos anteriores: 2022 (16,55%) e 2023 (16,16%).

O levantamento é uma parceria entre a plataforma de anúncio de imóveis Zap e a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), ligada à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). O índice acompanha os preços de locação de apartamentos prontos em 36 cidades brasileiras, sendo 22 capitais, com base em informações de anúncios veiculados na internet.

O Recife apresentou uma variação no valor do aluguel de 16,17%, acima da média nacional no país, que foi de 13,5% em 2024, de acordo com o Índice FipeZap. A capital que apresentou maior aumento médio do aluguel foi Salvador, 33,07%, seguida por Campo Grande (26,55%) e Porto Alegre (26,33%). São Paulo (11,51%) e Rio de Janeiro (8%) tiveram aumentos de preço abaixo da média do Índice FipeZap.

Bairros mais caros da capital

De acordo com o levantamento, entre os bairros com maior preço médio apresentado em dezembro de 2024, o Pina lidera com o R$ 67,8/m², seguido por Boa Viagem (R$ 59,5/m²), bairros da Zona Sul da capital, e Parnamirim (R$ 57,3 /m²), Zona Norte.

Veja a lista completa:

·      Pina (R$ 67,8/m²)

·      Boa Viagem (R$59,5/m²)

·      Parnamirim (R$ 57,3 /m²)

·      Tamarineira (R$ 56,2 /m)

·      Graças (R$ 55,4 /m²)

·      Santo Amaro (R$ 54,0 /m²)

·      Madalena (R$ 50,4 /m²)

·      Casa Amarela (R$ 50,3 /m²)

·      Espinheiro (R$ 47,9 /m²)

·      Cordeiro (R$ 30,3 /m²)

Fatores que aumentam a valorização do imóvel

De acordo com o diretor do Sindicato de Habitação de Pernambuco (Secovi-PE), Elísio Cruz, a localização dos imóveis é um dos grandes fatores que contribuem para a alta dos preços.

“No Recife, principalmente os condomínios que estão próximos à orla de Boa Viagem, são sempre mais caros. Por ser uma avenida curta, com vários trechos, que compreende o Pina até Piedade, com cerca de 8 km, isso acaba pressionando os valores para cima”, afirma. Ele aponta também que além dessa localização, outros imóveis que são sempre valorizados são os que ficam próximos à escolas, praças e shoppings centers.

Ainda de acordo com o diretor da Secovi-PE, os fatores que contribuem para que o condomínio seja ainda mais procurado para locação são os que oferecem mais lazer e uma estrutura para as famílias, por exemplo, com três quartos ou com quatro quartos mais compactos.

Para Elísio Cruz, a precificação varia de acordo com a localização, fatores que vão depender se imóvel é novo ou usado. “O valor do imóvel novo é quase tabelado de modo geral, dependendo da região, existe um custo de construção, que varia muito pouco de obra em obra e a localização é outro ponto importantíssimo. Já os imóveis usados, as influências são como o estado de conservação e idade do imóvel. Isso serve tanto para a venda quanto para a locação”, destaca.

O vice-presidente da Secovi-PE, Luciano Novaes, contestou o índice levantado na capital. De acordo com ele, um fator que ocorre no Recife, e que deve influenciar no resultado final dos dados, é os corretores divulgam o valor do aluguel somado à taxa de IPTU, o que acaba causando uma distorção.

“No Recife, a maioria dos corretores anunciam o preço do aluguel do imóvel, somando com o condomínio e o IPTU, que não fazem parte do aluguel. Já nas outras cidades, o aluguel está separado disso nos anúncios”, aponta. Ainda segundo ele, isso ocorre como forma de simplificar a informação para o consumidor final.

Maior cidade do país, São Paulo é a capital com o metro quadrado (m²) residencial mais caro para locação. Confira o ranking:

·      São Paulo: R$ 57,59/m²

·      Florianópolis: R$ 54,97/m²

·      Recife: R$ 54,95/m²

·      São Luís: R$ 52,09/m²

·      Belém: R$ 51,83/m²

·      Maceió: R$ 51,51/m²

·      Rio de Janeiro: R$ 48,81/m²

·      Manaus: R$ 48,22/m²

·      Brasília: R$ 46,80/m²

·      Salvador: R$ 44,22/m²

·      Vitória: R$ 43,71/m²

·      Belo Horizonte: R$ 41,85/m²

·      Curitiba: R$ 41,59/m²

·      João Pessoa: R$ 41,45/m²

·      Porto Alegre: R$ 40,00/m²

·      Cuiabá: R$ 39,83/m²

·      Goiânia: R$ 39,53/m²

·      Natal: R$ 36,01/m²

·      Campo Grande: R$ 32,66/m²

·      Fortaleza: R$ 32,61/m²

·      Aracaju: R$ 24,90/m²

·      Teresina: R$ 22,49/m²

A Faixa de Gaza e um grito de humanidade entre bombas e frio. Por Flávio Chaves

É preciso amar o mundo e tentar salvá-lo

Por Flávio Chaves – Jornalista, poeta, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras. Foi Delegado Federal/Minc –   As imagens de crianças morrendo de frio em Gaza chegam até nós como uma ferida aberta na carne da humanidade. Depois das bombas e da fome, o frio é mais um carrasco que ceifa vidas inocentes em um cenário onde o sangue já não assusta e a morte virou rotina. Mas o pior disso tudo é saber que, por trás desse massacre contínuo, há um argumento que insiste em se esconder sob o manto da religião. É a velha desculpa dos homens que, em nome de Deus, escolhem destruir aquilo que Ele criou: a vida.

O que se vê em Gaza hoje não é um conflito religioso, mas uma guerra de poder que instrumentaliza a fé para justificar o inominável. É a continuação das Cruzadas — não mais com espadas e armaduras, mas com drones e mísseis. E, como outrora, as principais vítimas são os indefesos, aqueles que não empunham armas, mas carregam nos braços a dor do mundo. Eles não lutam por territórios, mas lutam para sobreviver. Lutam contra a indiferença, contra o esquecimento, contra o frio que mata devagar e silenciosamente.

A humanidade, ao longo dos séculos, aprendeu a justificar sua sede de poder sob diferentes narrativas. Matou-se em nome de reis, de territórios, de bandeiras e, em um dos argumentos mais perversos, em nome de Deus. Mas é preciso perguntar: que Deus é esse que exige o sacrifício de crianças? Que fé é essa que não acolhe o outro, mas o extermina? Que humanidade é essa que assiste, de braços cruzados, à morte lenta de um povo?

Há um silêncio que grita mais alto do que qualquer explosão: o silêncio das nações que poderiam fazer algo, mas escolhem não fazer. Esse silêncio é cúmplice do genocídio. Ele perpetua o sofrimento e reforça a narrativa de que algumas vidas são mais valiosas do que outras. No entanto, quem decide o valor de uma vida? Em que tribunal se pesa o direito de uma criança à vida, à segurança, ao abraço quente de sua mãe? Como medir a dor de um pai que vê seu filho congelar entre os escombros sem poder fazer nada? O eco que povoa de tristeza é o grito das crianças que choram e sofrem.

As crianças de Gaza estão morrendo de frio. Essa frase deveria bastar para mobilizar o mundo. Mas o mundo está anestesiado. O mundo se preocupa com seus próprios interesses, com o mercado financeiro, com os embates políticos internos. Enquanto isso, um menino congela entre os escombros. Uma menina perde a esperança antes mesmo de aprender a sonhar.

O frio que mata em Gaza é também o frio que congelou os corações dos poderosos. Um frio que ignora a compaixão, a solidariedade e a empatia. Esse mesmo frio percorre as estruturas do mundo moderno, que prioriza o lucro em detrimento da vida, que olha para o sofrimento alheio como uma paisagem distante e inevitável.

A guerra em Gaza expõe um dilema profundo sobre a fé. Há dois tipos de fé: a fé que abraça e a fé que mata. A verdadeira fé não conhece fronteiras e não distingue etnias ou credos. Ela é um ato de amor ao próximo, ao semelhante, ao diferente. É a fé que acolhe, que alimenta, que aquece.

Mas há também a fé pervertida, manipulada por homens que têm sede de poder. Essa fé não é mais do que um instrumento de ódio, uma justificativa para o extermínio. E é essa fé que continua matando crianças em Gaza. A mesma fé que, em outros tempos, justificou a escravidão, a colonização e o apartheid. A mesma fé que permitiu genocídios e perseguições em nome de um Deus que, em sua essência, prega o amor e a compaixão.

Por isso, é urgente resgatar a essência do que significa acreditar em algo maior. É urgente lembrar que todas as religiões, em suas origens, pregam o amor, a compaixão e o respeito. Se Deus é amor, não há como aceitarmos a barbárie em Seu nome.

Amar o mundo, hoje, é um ato revolucionário. Em um tempo em que a indiferença é a regra, o amor é o ato de maior coragem. Em um tempo em que as fronteiras são erguidas para separar os povos, a solidariedade é o único caminho para derrubá-las. Se entregar e lutar por amor ao mundo é um o ato de maior coragem.

Amar é reconhecer no outro o mesmo valor que reconhecemos em nós mesmos. É compreender que, enquanto uma única criança estiver sofrendo, nenhum de nós estará realmente em paz. Amar é, acima de tudo, tentar salvar o mundo — não com armas ou discursos inflamados, mas com pequenos gestos que resgatam a dignidade humana.

A nossa humanidade está em jogo. A cada criança que morre de frio em Gaza, morremos um pouco também. É preciso reagir. É preciso gritar. É preciso lutar para que nenhuma criança, em nenhum canto do mundo, seja vítima do ódio, da fome ou do frio.

Porque o amor é a única arma capaz de vencer essa guerra. Amar o mundo é a única revolução que ainda vale a pena ser feita.

Caminho da esquerda no Brasil e no EUA seria o populismo?

Os populistas amam tanto os pobres que os multiplicam” - Blog do Ari Cunha

Charge do Wilmar (Arquivo Google)

Bruno Boghossian
Folha

O estrategista James Carville, ligado ao Partido Democrata, estava errado. Dias antes da eleição de 2024, ele publicou no New York Times a previsão de uma vitória de Kamala Harris. Agora, ele voltou para reconhecer a falha e discutir suas razões.

O erro de Carville teve um aspecto particular. Ao fazer a previsão, o estrategista ignorou a máxima que ele mesmo cunhou, em 1992, ao estabelecer que o fator determinante de qualquer eleição “é a economia, estúpido”.

EFEITO 2024 – A derrota de 2024 levou o Partido Democrata à constatação de que sua plataforma econômica não convence mais o eleitorado e empurrou classes trabalhadoras para Trump.

Carville sugere uma alternativa que representa um mergulho profundo (para padrões americanos) no que descreve como um programa populista.

O argumento central é que a esquerda precisa enfrentar a direita na arena econômica recorrendo a uma frustração parecida com aquela que foi instrumentalizada por Trump e obrigando os republicanos a recuarem aos pontos impopulares de sua agenda.

FALSAS BANDEIRAS – Para isso, o establishment de esquerda deveria assumir bandeiras consideradas extravagantes, como o aumento do salário mínimo de US$ 7,25 para US$ 15 por hora, forçando a direita a se opor à ideia.

Assim, os republicanos ficariam com o peso de defender o corte de impostos para os mais ricos e o aumento do custo da saúde para os mais pobres.

O termo populismo aparece na definição de Carville sem a carga pejorativa das últimas décadas. A palavra se refere principalmente à oposição entre povo e elites que, no ciclo político atual, também vem sendo explorada por líderes de direita pelo mundo.

CASO DO PT -No caso da esquerda americana, a ideia de uma guinada populista remete à bifurcação que os democratas enfrentaram em 2016, quando seguiram o establishment atrás de Hillary Clinton em vez de abraçar Bernie Sanders, que tinha uma plataforma digna daquele adjetivo.

O caminho aparece, com suas nuances, diante de uma esquerda brasileira que procura se reconectar às classes trabalhadoras.

Não à toa, o tópico mais citado como trunfo nesses setores é a proposta de redução expressiva da jornada de trabalho.

Elon Musk alerta também para desequilíbrio do crescimento populacional

Elon Musk alerta: Novo maior problema do mundo pode levar China e Índia a perderem 773 milhões de pessoas até 2100

Musk analisa situação da Índia, da China e da Nigéria

Bruno Teles
Site CPG

O empresário americano Elon Musk alerta que novo maior problema do mundo pode levar China e Índia a perderem 773 milhões de pessoas até 2100. Diz que será um grave problema porque menos pessoas significa menos trabalhadores, menos inovação e mais dificuldades para sustentar idosos.

Isso pode levar a crises econômicas e sociais graves no futuro, diz Musk, que considera o colapso populacional como a maior ameaça à humanidade, enquanto China e Índia enfrentam uma queda histórica e a Nigéria assume a subliderança populacional até 2100.

DECLÍNIO POPULACIONAL – Conhecido por suas inovações e opiniões controversas, Elon Musk chamou atenção recentemente para o problema que, segundo ele, é a maior ameaça à humanidade – o declínio populacional.

Utilizando sua conta no X (antigo Twitter), Musk reafirmou sua preocupação com um gráfico alarmante que mostra uma queda acentuada na população de países como China e Índia, totalizando a perda de 773 milhões de pessoas até 2100.

Com 12 filhos, Elon Musk não apenas discursa sobre o tema, mas também exemplifica sua visão de que taxas de fertilidade reduzidas, envelhecimento populacional e emigração são problemas que precisam de atenção urgente.

MENOS NASCIMENTOS – O que levou Elon Musk a destacar o declínio populacional? Desde 1963, as taxas de fertilidade global caíram mais da metade. Enquanto uma média de 5,3 filhos por mulher era comum há 60 anos, hoje muitos países não alcançam sequer a taxa de reposição de 2,1 filhos por mulher. Países como Inglaterra e País de Gales, por exemplo, registraram um número médio de 1,44 filhos em 2023, o menor já observado.

Essa tendência reflete mudanças sociais, econômicas e culturais. Educação, carreira e acesso a métodos contraceptivos estão entre os fatores que diminuíram a taxa de natalidade ao redor do mundo.

Além da baixa natalidade, a emigração contribui para o esvaziamento populacional em alguns países. Simultaneamente, o envelhecimento da população aumenta a dependência econômica de uma geração sobre outra, reduzindo a força de trabalho ativa e trazendo desafios econômicos.

SITUAÇÃO ALARMANTE – China e Índia, atualmente as nações mais populosas, enfrentarão quedas históricas. Enquanto a população indiana deve cair de 1,5 bilhão para 1,1 bilhão, a China verá uma redução ainda mais drástica, chegando a 731 milhões de habitantes. Essas projeções indicam que a China será ultrapassada pela Nigéria, cuja população deve atingir 790 milhões até o final do século.

Na contramão dessa tendência,  outros países africanos como República Democrática do Congo e Etiópia continuarão a crescer seus números de habitantes. Isso evidencia um deslocamento demográfico global, com a África se tornando o novo centro de crescimento populacional.

VISÃO DE MUSK – Para o empresário americano, a redução populacional é mais do que uma questão numérica: é uma ameaça existencial. Ele argumenta que uma menor base de jovens impactará diretamente a inovação, a economia e a capacidade de resolver problemas globais.

Como pai de 12 filhos, Musk defende que grandes famílias podem ser uma solução prática. Ele também utiliza suas redes para debater o tema, incentivando diálogos sobre possíveis soluções.

Não somente as nações europeias, mas também Estados Unidos, Canadá e Austrália mantêm níveis populacionais quase estáveis graças à migração líquida positiva. Esses países utilizam políticas de imigração para compensar taxas de natalidade baixas e envelhecimento.

SUL-AFRICANO TORNA-SE O PRIMEIRO MÉDICO NO MUNDO A CURAR SURDEZ

O professor Mashudu Tshifularo, da Universidade de Pretória, fez história ao liderar o grupo que fez o primeiro transplante de ouvido humano bem-sucedido.
Usando tecnologia de impressão 3D, ele recriou os ossículos do ouvido médio (martelo, bigorna e estribo) em titânio, um material biocompatível. O procedimento, realizado em 90 minutos com técnicas de endoscopia minimamente invasivas, restaurou a audição do paciente com menos riscos e praticamente sem cicatrizes.
Essa inovação beneficia pessoas com surdez condutiva causada por traumas, infecções ou condições congênitas. Tshifularo dedicou mais de uma década a essa pesquisa, destacando o papel da África do Sul na medicina global. Ele descreveu a conquista como um marco que transformará vidas e inspirará futuras gerações.
Fonte: Africanidade Studio

CHARGE

CHARGE

Charge do J. Bosco (oliberal.com)