Notícias de Portugal. Por José Paulo Cavalcanti Filho

  Por José Paulo Cavalcanti Filho  –  Escritor, poeta, membro das Academias Pernambucana de Letras, Brasileira de Letras e Portuguesa de Letras. É  um dos maiores conhecedores da obra de Fernando Pessoa. Integrou a Comissão da Verdade   –    Lisboa. Algumas notícias colhidas por aqui.

  1. Salário mínimo da função pública em Portugal é, hoje, de 875 euros. Mais de 6 mil reais. Os brasileiros, ao saber disso, vão chorar.
  1. Desde 01 deste mês os tuk-tuks dos turistas estão banidos das 337 ruas que compõem o Centro Turístico de Lisboa. Confusão grande.
  1. Nas Assembleias Municipais (nossas Câmaras de Vereadores), mulheres são apenas 31,2%, sem se conseguir aumentar esse número. No Brasil não é muito diferente.
  1. A empresa Pinker, que opera uma espécie de Uber próprio, definiu que só terá motoristas e passageiros mulheres. Ocorre que o Instituto de Mobilidade dos Transportes (IMT) recusou licença, necessária para começar a operar, por considerar que o privilégio fere a regra constitucional da igualdade dos sexos. E agora?
  1. Manchete do Diário de Notícias precisa ser explicada: “Carteiristas duplicam no Porto e em Lisboa”. É que ditos “carteiristas” são nossos bem conhecidos assaltantes de celulares e batedores de carteiras, nas ruas.
  1. O Hospital D. Estefânia foi condenado pelo Tribunal Administrativo de Lisboa a pagar 1,4 milhões de euros (10 milhões de reais) por negligência em parto, pela qual a criança acabou com “paralisia cerebral profunda”. Movida essa ação em 2011, só agora teve sentença. Também na terrinha o Judiciário é lento.
  1. Dois terços das vagas para médicos de família não foram preenchidos, no último concurso. E 4 enfermeiros pedem, por dia, licença para emigrar. Um mercado de trabalho aberto, para brasileiros.
  1. Cada trabalhador do Serviço Nacional de Saúde – SNS, em Portugal, tem em média 30 dias de falta, por ano.
  1. Fátima Fernandes (52 anos) doou seu rim à filha, Carla Fernandes, no hospital Curry Cabral (em Lisboa). Ficou famosa declaração da filha, ao jornal Público, “Foi a segunda vez que minha mãe me deu a Vida”.
  1. Nos Boletins de Saúde Infantil, sai o amarelo, uma novidade faz pouco introduzida para atender movimentos que são contra a discriminação de sexo; voltando, como regra, as cores tradicionais ? azul e rosa.
                
  1. Novidade aqui é o “Trisraw”, bicicleta com 3 rodas e um sofá na frente. Ciclistas voluntários põem nele doentes, físicos e mentais, e saem a passear pela cidade nos fins de semana. Velhos também. Importante por ser, Portugal, o país da comunidade europeia com maior número de idosos, dois deles para um jovem. As fotos, com alegria visível no rosto dos conduzidos, são comoventes.
  1. Experiência que faz muito sucesso, na França, acaba de ser implantada com força em Portugal. Velhos agora podem vender suas casas e continuar a morar nelas. Com o instituto do usufruto. O valor de venda é menor que o real, mas em troca o cidadão tem grana à disposição. Para usar, ou doar a um filho. E viver bem, onde sempre viveu, sem ter que mudar. Se morrer logo, é lucro para o investidor. Ao contrário, se sobreviver muito, grande vantagem para ele.
  1. O partido Chega propôs reduzir o número de Deputados (Portugal não tem Senado), na Assembleia da República, para o mínimo constitucional de 100. Curioso é que, apesar desse número, a Assembleia tem hoje 230 deputados. Como pode? Apesar de perguntar a muitos professores e jornalistas, aqui, ninguém até agora conseguiu explicar a razão.
  1. Empresas de cigarro estão lançando maços sem tabaco, à base de ervas. Com a vantagem de poder ter aromas; o que é vedado, nos cigarros normais, pela Comunidade Europeia.
  1. Carreiras universitárias que, em Portugal, oferecem maiores remunerações, são saúde, informática (era mesmo de prever) e, surpreendentemente, matemática.
  1. Em Portugal 26% das classes, nas escolas, tem menos de 10 alunos. E, 40%, menos de 15. Algo tem que mudar, claro. Mas não há coragem para fazer isso.
  1. Clamor em Portugal. O Tribunal de Relação de Lisboa, por maioria, “causou espanto” ao libertar Luis Vallejo (60 anos), condenado por abusar de duas clientes na freguesia de Algueirão. Sem sequer considerar que uma delas gravou diálogo que teve, com esse médico, na ocasião do abuso.
  1. O Tribunal de Lisboa invalidou prova na apreensão de 251 quilos de cocaína por emigrante da República Dominicana. Fundamento foi terem sido tiradas fotos, dos emigrantes, sem suas autorizações ou de autoridade judicial. O Jornal Publico não informa se a cocaína foi devolvida aos traficantes.
  1. Na reação aos imigrantes, cada vez maior em toda a Europa, o constitucionalista Jorge Miranda defende que Portugal só deixe entrar imigrantes que falem português.
  1. Empresários portugueses, ante as repetidas ameaças de Trump, reagem adaptando conhecido provérbio “Esperamos que sejam mais vozes que nozes”. OBS: Uma breve explicação, em complemento. O provérbio português certo é “São mais as vozes que as nozes”. Lembrando que, como se diz na terrinha, “com varas batem-se as nogueiras, faz-se grande estardalhaço e às vezes as nozes que caem são poucas”.

O Que Resta Quando Acaba o Amor Que Nunca Acaba. Por Flávio Chaves

  Por Flávio Chaves – Jornalista, poeta, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras. Foi Delegado Federal/Minc   –  Não sei mais onde você mora, com quem divide os silêncios ou quais canções embalam suas noites. Talvez nossos caminhos tenham seguido como linhas paralelas que um dia se tocaram com força e, depois, seguiram cada uma para seu lado. Mas há algo que sei com uma certeza quase serena: o que fomos não passou. Permanece.

Durante muito tempo, achei que ninguém mais me alcançava por inteiro. Era como se partes de mim tivessem ficado para trás, coladas em uma lembrança que o tempo não apagava. Hoje entendo: não era ausência de sentimento novo. Era excesso de um sentimento antigo que ainda vivia em mim. Era você — ainda em mim.

Você me atravessou feito um relâmpago silencioso: sem alarde, mas iluminando tudo. Mudou meu jeito de calar, meu modo de olhar o mundo, de esperar, de tocar. E mesmo depois da partida, mesmo depois do tempo, você permaneceu. Não como sombra, mas como raiz. Como algo que não se vê, mas sustenta.

Houve um tempo em que tentei esquecer. Lutei contra as lembranças como quem fecha um livro antes do fim, sem coragem de ler a última linha. Como um lutador que entra no ringue já sabendo que não haverá nocaute — que a luta será longa, silenciosa, e travada dentro de si. Tentei vencer a memória, resistir ao nome, apagar os gestos. Mas foi em vão. Porque certos amores não se vencem — apenas se acolhem.

Hoje não. Hoje, recolho com cuidado tudo que fomos e guardo comigo. Não como quem revive. Mas como quem honra.

Porque há amores que não terminam. Apenas mudam de forma. Passam a morar no jeito como caminhamos, nas palavras que escolhemos, na saudade que já não dói — mas abraça. Você é esse amor. Aquele que não está mais, mas ainda é.

Não desejo voltar no tempo. Nem preciso mais de um reencontro. O que tivemos já me basta. O que fomos já me forma. Você, mesmo ausente, me construiu. E o que restou em mim depois que partiu, foi justamente a parte que mais me transformou.

Talvez esse amor nunca acabe. E está tudo bem. Não porque eu queira revivê-lo, mas porque aprendi a respeitar sua eternidade. Ele pulsa em mim como lembrança que aquece, como livro sublinhado nas partes mais importantes, como fotografia antiga que ainda sorri.

É tudo tão solene que parece não acabar.
O que fomos ficou. Ficou em mim. E isso — só isso — já me basta.

38% desaprovam governo Lula, e 29% aprovam, diz Datafolha

Dados ainda apontaram que 32% enxergam a gestão petista como regular

Presidente Lula Foto: Ricardo Stuckert / PR

Uma pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira (4) mostrou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) registrou seu segundo pior índice de aprovação.

O levantamento, feito entre a última terça-feira (1°) e quinta (3), apontou que 29% dos eleitores aprovam à gestão petista, enquanto 38% desaprovam. Além disso, 32% enxergam seu governo como regular, e 1% não souberam ou não quiseram responder.

No levantamento anterior, realizado em fevereiro, a aprovação era de 24%, e a reprovação de 41%. Outros 32% tinham a percepção de que a gestão era regular, e 2% não responderam.

Trata-se do segundo pior resultado em todos os três mandatos do presidente, melhor somente do que os dados de fevereiro.

Os resultados indicam, portanto, que o governo teria conseguido frear a continuidade de sua queda, mas segue com reprovação alta.

Os dados vão na contramão da pesquisa Genial/Quaest, que indicou, na última quarta-feira (2), que a desaprovação voltou a subir e atingiu o maior patamar desde o início da gestão, gerando um baque no Planalto. Segundo a Quaest, o índice de reprovação, que era de 49% em janeiro deste ano, passou para 56% no mês de março. A aprovação, por sua vez, caiu de 47% para 41%.

A pesquisa Datafolha ouviu 3.054 pessoas de mais 16 anos em 172 municípios. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.