Opinião pública mundial condena Putin e o coloca entre os maiores assassinos da História

Heroísmo do governo de Kiev despertou a consciência humana

Pedro do Coutto

Reportagens de Yan Boechat, enviado do O Globo a Kiev, e de Igor Gielow, enviado da Folha de S. Paulo a Moscou, edições de domingo, revelam de forma impressionante o cenário da guerra que se verifica na Ucrânia com uma resistência heroica, inclusive da população civil, e a disposição de enfrentar a luta demonstrada pelo presidente Zelenski.

A opinião pública mundial, como focalizaram na noite de sábado a TV Globo e a GloboNews, mobiliza-se em quase todos as principais cidades do mundo, envolvendo 190 países para condenar a brutal ocupação militar da Rússia contra a Ucrânia a partir de pretextos mentirosos e fúteis.

MOLOTOVS – Yan Boechat refere-se ao uso de fuzis e coquetéis molotovs pela população civil de Kiev contra os invasores. O cocktail molotov foi uma arma usada pelos russos contra a invasão alemã de 1941; é uma garrafa cheia de explosivo líquido atirada nos inimigos. Molotov era o nome do ministro da defesa da antiga União Soviética.

A resistência ucraniana superou as expectativas de Putin e está comovendo o mundo, conduzindo-o, na minha opinião, a ter que intervir até militarmente para conter um massacre e a morte de centenas de milhares de inocentes.

Na noite de sábado, revelou a GloboNews, o Conselho de Segurança da ONU resolveu se reunir na manhã de ontem para propor a convocação de uma Assembleia Geral das Nações Unidas em face da urgência absoluta que a situação exige para o cessar fogo e a preservação da vida humana.

EXPECTATIVA –  Escrevo esse artigo antes da decisão do Conselho de Segurança, mas a expectativa é de que por 11 votos a um a decisão seja convocar a Assembleia Geral. Essa decisão não está sujeita a veto de qualquer país que tem assento permanente no Conselho.

A convocação tem um caráter universal para mostrar ao mundo que quase a totalidade das nações repudia o crime em sequência e a violação dos direitos humanos praticados por Vladimir Putin com o aval do Kremlin. A convocação da Assembleia Geral baseia-se inclusive na opinião pública cujas reações se fazem sentir em praticamente todos os países democráticos.

O heroísmo do governo de Kiev despertou a consciência humana para com o respeito em relação aos direitos da cidadania e a autodeterminação dos povos,questões que a própria Rússia levantou contra os Estados Unidos quando das guerras da Coréia e do Vietnã. A Rússia de Putin extrapolou todos os limites da existência humana.

ULTIMATO – Zelenski recusou o ultimato da Rússia para que as forças ucranianas se rendessem. A repercussão mundial está sendo enorme e ao meio-dia de ontem, domingo, surgiu a notícia, também transmitida pela GloboNews, de que Putin estaria propondo um encontro com o presidente da Ucrânia como meio de contornar o abismo da gravíssima crise que ele próprio criou.

O presidente da Ucrânia aceitou a hipótese, desde que seja um encontro realizado em outro país neutro. A proposta, para quem conhece o mínimo de política, representa uma iniciativa de recuo e uma prova de que a pressão internacional da opinião pública é decisiva para conter a desumanidade e as mortes de centenas de milhares de seres humanos.

Enfim, surgiu um novo lance de dados e temos que aguardar os seus efeitos. Mas um deles já está gigantescamente confirmado; o repúdio mundial e a colocação de Putin apenas dois degraus abaixo de Hitler e um degrau abaixo do próprio Stalin. Inclui-se portanto no elenco dos três maiores destruidores da vida humana, mas um deles, Stalin, foi nosso aliado  na luta contra o nazismo que desabou em 1945 e até hoje se encontra no esgoto da história.

EXTRA-DIREITA – Uma excelente reportagem de Janaína Figueiredo, O Globo de ontem, domingo, com base em pesquisas da ONG Anti-Defamation League (ADL), revela que o extremismo da direita, especialmente no Sul e no Sudeste, fazem com que o movimento que desabou com Hitler, cresça de forma preocupante no Brasil.

A análise da pesquisa foi realizada amplamente pela professora Adriana Dias da Unicamp e seus dados refletem que ao longo dos últimos 12 anos surgiram principalmente em São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, movimentos neonazistas por parte de pessoas que não acompanharam, assim como eu e muitos outros, os terríveis embates da Segunda Guerra Mundial.

A extrema-direita está alinhada com o governo Bolsonaro, como é público e notório, inclusive porque as suas manifestações e opiniões coincidem com as do presidente.  Em 12 anos, verificaram-se casos de intolerância, inclusive religiosa, negacionismo, racismo, xenofobia, homofobia e misoginia.