LITERATURA – O que dói em ti, dói em mim multiplicado – Poeta Flávio Chaves

LITERATURA – O que dói em ti, dói em mim multiplicado – Poeta Flávio Chaves

           No cenário literário contemporâneo, onde vozes se entrelaçam em um tecido de emoções e reflexões, surge uma obra que procura tocar profundamente o coração dos leitores, o meu livro, “Rosto no Escuro”, que se encontra na Amazon. Este romance, que marca uma fase significativa da minha trajetória como escritor, explora as nuances da experiência humana através de uma narrativa envolvente e visceral. No cerne deste livro, encontra-se um poema que se destaca por sua intensidade e sensibilidade – “O que dói em ti, dói em mim multiplicado”.

Esta obra mergulha nas profundezas das emoções humanas, explorando os complexos laços que nos conectam uns aos outros, quando o amor toca profundamente o coração. O poema destaca-se como um elo poético dentro da narrativa, capturando a essência da dor compartilhada e da empatia que permeia a experiência humana.

O que dói em ti, dói em mim multiplicado

Poeta Flávio Chaves

O que dói em ti dói em mim multiplicado
Sou um pássaro lançado de distância no vôo
Vivo tragando ventos para rumos distantes
dos afagos
Sou um espaço carregado de nuvens e tremores
Tua mão tem gosto de mar
Se o mundo resolvesse escutar
meus gestos
o inventário dos meus sonhos
daria um livro triste.

É preciso fazer

a leitura do tempo
(que ele é tortuoso e me arruína)
Nessa hora todas as angústias
se alojam em meu peito semi-aberto
possuído de todos os amores desesperados
de cada vida em desconforto
As águas afogam meu amor alucinado e o sonho de ter

aguça o delírio

em meu coração incendiado
uma corrente de fogo que sobe ao infinito.
Vem, corre compenetrada e sigilosa
e empresta-me as flores todas do teu riso
de primavera
Para que ao projetar o sonho de te possuir
eu possa cobrir o corpo
que esta é a maior de todas as mortes.
A sua única testemunha
morreu também fuzilada, pusilânime
Foi a ilusão que disparou

os tiros todos do universo.

Mas, quanto mais morro
neste espetáculo de sentimentos cálidos
mas tenho a vida para lembrar teus caminhos
mas tenho memória
para lembrar das ruas em que andaste comigo.
Sou um rio que nasce
carregado das lembranças do outro que passou.
Como quem vem de um baile
e ainda dança a melodia do amor

que para outra casa se foi.

E passa o dia todo olhando
A sonata da noite tocada
ardente
na ponta dos dedos
com os olhos a queimarem
a cada fechar de pálpebras
já de saudades
e com as digitais pintadas de languidez
e de intermináveis pulsações.