Lula chama Bolsonaro de “genocida”, em entrevista ao jornal francês Le Monde

Ex-presidente apelou para que líderes mundiais se reúnam para discutir a liberação dos imunizantes. “A vacina não deveria ser um produto de mercado como é hoje, mas se tornar um bem comum da humanidade”

Do Brasil de Fato
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta sexta-feira (19), em entrevista ao jornal francês Le Monde, que o Brasil é governado atualmente por um “presidente genocida”. Ele destacou o discurso negacionista empregado por Jair Bolsonaro desde o início da pandemia, combatendo o uso de máscaras e o isolamento social, e apostando em medicamentos sem eficácia comprovada contra a covid-19. Além disso, Lula também comparou a pandemia a uma “Terceira Guerra Mundial” e pediu união dos líderes internacionais no combate à doença.

“Comecei na política nos anos 1970 e nunca vi meu povo sofrer como hoje. Pessoas morrendo nos portões dos hospitais, a fome voltou. E, diante disso, temos um presidente que prefere comprar armas de fogo ao invés de livros e vacinas. O Brasil é chefiado por um presidente genocida. É realmente muito triste”, afirmou o ex-presidente.

Lula afirmou que um presidente que “tivesse a noção do que significa governar” teria criado um comitê de crise para o enfrentamento da pandemia. No entanto, Bolsonaro preferiu comprar milhões de doses de cloroquina.

“O que nosso governo fez? A primeira coisa que disse foi que não acreditava na doença. Bolsonaro disse que era uma ‘gripezinha’ e que, sendo militar, não pegaria. Ele inventou a história da cloroquina. Ele comprou milhões de doses de Donald Trump”, criticou.

Lula disse, ademais, que Bolsonaro é “ignorante”. “Hoje, ele continua a dizer que usar máscara é um sinal de covardia e covardia. Bolsonaro é tão ignorante! Ele acredita que, ao se recusar a admitir a gravidade da pandemia, a economia vai se recuperar novamente. A única cura é vacinar o povo brasileiro”, afirmou disse o ex-presidente.