MPF denuncia Dario Messer, ex-presidente do Paraguai e mais 17

Por Marcelo Gomes

O Ministério Público Federal ofereceu à Justiça uma denúncia contra 19 pessoas, incluindo o “doleiro dos doleiros” Dario Messer, o também operador financeiro Najun Turner e o ex-presidente do Paraguai Horacio Cartes.

Com base nas apurações da Operação Patrón, a denúncia do MP foi apresentada na tarde da última quinta-feira (19) a 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.

A Força-tarefa Lava Jato/RJ pediu a condenação de 11 brasileiros, sete paraguaios e um uruguaio, além de Messer, naturalizado paraguaio. Eles foram acusados de formar uma organização especializada em lavagem de dinheiro e outros crimes que operava pelo menos desde os anos 2000.

Segundo o Ministério Público, os crimes praticados pela organização comandada por Messer são câmbio ilegal, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

As investigações conseguiram chegar até Messer a partir das apurações de esquemas de um de seus clientes, o ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral.

Cabral foi o chefe de uma organização especializada em corrupção e que usou serviços da rede de Messer no Uruguai para ocultar valores milionárias oriundas de crimes no Palácio Guanabara e na Assembleia Legislativa (Alerj).

Deflagrada em 19 de novembro, a Operação Patrón aprofundou as investigações da Lava Jato no Rio de Janeiro e chegou às operações ilícitas do grupo de Messer em países do Mercosul.

Ao todo, a denúncia do MP apontou 17 atos criminosos cometidos pela organização desde 2011. O documento de 211 páginas mostra também que, em alguns casos, os crimes não foram interrompidos mesmo após a prisão de Messer, em julho.

Antes de ser preso em São Paulo, Dario Messer ficou 14 meses foragido da Justiça.

Para os 11 procuradores responsáveis pela investigação, a organização de Messer no Paraguai era tão poderosa que lhe permitiu continuar a ocultar cerca de US$ 1,5 milhão. O ‘doleiro dos doleiros’ também conseguiu financiar sua fuga com recursos ilícitos.

As tarefas do grupo criminoso eram divididas entre os membros da quadrilha, como identificou o MPF.

O esquema comandado por Messer ganhou força internacional quando ele conseguiu fazer parcerias com doleiros de sua confiança no Brasil, Paraguai e Uruguai.

Entre esses parceiros no crime, estavam duas lideranças da organização; o uruguaio Najun Turner, que movimentou mais de US$ 14,6 milhões pela rede de Messer, entre 2011 e 2017, e o paraguaio Lucas Paredes, cujas transações movimentaram quase US$ 20 milhões nesse período.

O câmbio ilegal, a evasão de divisas e a lavagem de dinheiro envolviam depósitos ocultos de dólares no exterior e a entrega de reais no Brasil.

Um grupo maior de envolvidos no esquema atuava fazendo depósitos ocultos de dólares no Paraguai e depois repatriando esses valores em reais no Brasil. Para ocultar a origem criminosa do dinheiro eram utilizadas “contas de passagem” de empresas de diferentes ramos.

A organização criminosa contava com integrantes do poder político ou muito próximos dele, segundo o MPF. O grupo reunia empresários, políticos e advogados que garantiam as atividades da organização e a impunidade de seus membros.

O ex-presidente do Paraguai Horácio Cartes também foi identificado pelo Ministério Público Federal como integrante da organização criminosa. Sua atuação, segundo o MP, aconteceu entre maio de 2018 e julho de 2019, período em que Messer ficou foragido e Cartes intercedeu por ele, apesar das ordens de prisão nos dois países.

A participação de Cartes na organização foi demonstrada na denúncia por seu financiamento de US$ 500 mil ao doleiro foragido, como o MPF também citou no pedido de prisão à Justiça brasileira.

Esse valor foi ocultado pelo empresário Antonio Joaquim da Mota até sua entrega a Myra Athaide, companheira de Messer.

Na denúncia, o MPF reconstituiu a atuação de cada integrante desse núcleo. Chamou a atenção das autoridades uma proposta de apresentação de Messer as autoridades paraguaias. No possível acordo, o doleiro ficaria cinco meses preso e depois seria libertado, mas sem ser extraditado.

De acordo com as investigações do Ministério Público, um outro núcleo era responsável pelas operações do grupo criminoso. Essas pessoas eram responsáveis pelo transporte e o recebimento de recursos ocultos de Messer. Além de Myra, integraram esse núcleo a mãe Alcione Maria Athayde, o padrasto Arleir Francisco Bellieny e o operador Filipe Arges Cursage.

Os quatro garantiram o fluxo de dinheiro para Messer e, no caso de Bellieny, seu nome foi usado com seu consentimento para o doleiro foragido se matricular em uma academia de ginástica em São Paulo.

O padrasto também atuou a serviço da organização, fazendo ao menos duas viagens para Assunção em meados de 2019.

  1. Dario Messer
  2. Najun Azario Flato Turner
  3. Lucas Lucio Mereles Paredes
  4. Roque Fabiano Silveira
  5. Filipe Arges Cursage
  6. Luiz Carlos de Andrade Fonseca
  7. Valter Pereira Lima
  8. Horácio Manuel Cartes Jara
  9. Myra de Oliveira Athayde
  10. Antonio Joaquim da Mota
  11. Cecy Medes Gonçalves da Mota
  12. José Fermin Valdez Gonzalez
  13. Felipe Cogorno Alvarez
  14. Edgar Ceferino Aranda Franco
  15. Jorge Alberto Ojeda Segovia
  16. Alcione Maria Mello de Oliveira Athayde
  17. Arleir Francisco Bellieny
  18. Roland Pascal Gerbauld
  19. Maria Letícia Bobeda Andrada

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