Duvivier perguntou se haveria algo de comprometedor contra a família do presidente Jair Bolsonaro
Segundo relatório da Polícia Federal encaminhado à Justiça Federal, o humorista Gregório Duvivier, um dos integrantes do grupo Porta dos Fundos, manteve contato com o hacker Walter Delgatti Neto, responsável por roubar mensagens dos integrantes da Lava Jato e outras figuras públicas.
Segundo a PF, o primeiro contato entre o humorista-militante e o hacker ocorreu em 14 de julho de 2019. A descoberta foi feita pelos agentes através de um link presente no computador de Delgatti, apreendido pela PF, onde constava conversas entre os dois.
Como se não bastasse tomar conhecimento do crime, ou seja, tornando-se cúmplice do mesmo, Duvivier estimulou o hacker no ato criminoso ao dizer que ele iria “mudar o destino do país” por ter conseguido acesso aos celulares dos integrantes da Lava Jato.
Família Bolsonaro
Duvivier ainda perguntou ao hacker se haveria algo de comprometedor contra a família do presidente Jair Bolsonaro, mas Delgatti disse que não, foi daí então que o humorista sugeriu outros alvos para os ataques. “Tem algo da Globo?”, perguntou ele.
Delgatti afirmou que teria várias informações sobre algumas figuras da Globo e que também havia “pegado” o aplicativo do apresentador do Jornal Nacional, William Bonner, mas não teve acesso a nenhum conteúdo, porque tudo havia sido apagado.
Na sequência das conversas, Duvivier chegou à indicar como potencial alvo o diretor-geral de Jornalismo da Globo, Ali Kamel, e o diretor-geral da emissora Carlos Henrique Schroder.
Duvivier também mencionou o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel e o juiz federal Marcelo Bretas (responsável pela Lava Jato no Rio), afirmando que eles “poderiam ser alvos”. Não há indícios de que esses últimos foram alvos do hacker, mas Marcelo Bretas e William Bonner foram interceptados.
Duvivier e a Justiça
A Veja informou que na conclusão do inquérito não há imputação de crimes a Gregório Duvivier. Ele foi chamado a depôr sobre o caso, onde negou que tenha solicitado ou sugerido a invasão das contas de Telegram da cúpula da Rede Globo ou de autoridades do Rio de Janeiro.
Duvivier se justificou alegando que a conversa com Delgatti ocorreu por curiosidade, afirmando ainda que sugeriu diversos nomes de forma aleatória e disse que em nenhum momento recebeu mensagens ou qualquer informação das pessoas citadas por ele.