Lula afirma que voltará em 2022 e que conta com partidos como PCdoB, PSOL e “uma parte do PDT”

Lula disse que tempo em Curitiba o deixou mais consciente das mazelas

Denise Luna
Estadão

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira, dia 18, em evento em apoio à cultura no Rio, que vai voltar em 2022 e que a prisão de 580 dias em Curitiba não o deixou mais radical, e sim mais consciente das mazelas brasileiras.

Em discurso de cerca de 20 minutos, Lula disse que conta com partidos como PCdoB, PSOL e “uma parte do PDT”, para formar o que ele classificou de força unificada para combater “esse fascismo instalado no governo brasileiro”.

INOCÊNCIA – De acordo com o ex-presidente, a decisão de ir à Polícia Federal e não buscar o exílio em outro País foi uma forma de afirmar sua inocência, que no caso do mensalão já foi comprovada.

“Eu não fugi porque tinha que provar que o Moro não era juiz, era mentiroso com compromissos políticos”, disparou. Lula também ironizou a declaração do presidente Jair Bolsonaro sobre o educador e filósofo Paulo Freire. Segundo o petista, Bolsonaro não deve saber o que quer dizer energúmeno.

GARGALHADAS – “Vou mandar uma mensagem para Bolsonaro explicando o que é energúmeno, ele não sabe o significado”, disse, levando a plateia do Circo Voador às gargalhadas.

Lula afirmou que o brasileiro não merece passar o que está passando, e principalmente a cultura tem sofrido muito, não apenas com a falta de recursos, mas de respeito. “Ele e seus ministros atacaram em menos de um ano Paulo Freire, Fernanda Montenegro, Caetano, Chico Buarque e tantos outros, eles querem acabar com a cultura, vamos resistir”, afirmou.

AGRADECIMENTO – O evento foi também uma celebração pela liberdade do ex-presidente. Lula destacou em especial a cantora Beth Carvalho, que morreu em abril.  “Não poderia fechar o ano sem vir ao RJ agradecer aos artistas cariocas representando todos os artistas brasileiros”, afirmou Lula.

“A negação da democracia nos levou a ter um presidente como Bolsonaro”, observou. Segundo ele, apenas em momentos “em que a mentira tem prevalência sobre a verdade” é possível a ascensão de “um presidente grotesco” como o atual.

CENSURA – O ex-presidente Atacou também a volta da censura, “esse monstro que julgávamos extinto no nosso país”. Ele acrescentou: “Cultura é libertação, e o governo Bolsonaro é contra todas as formas de liberdade”.

Além de Beth Carvalho, ele mencionou diversos artistas que, de uma forma ou de outra, foram atacados pelo atual presidente da República. Sobre Chico Buarque, Bolsonaro “cobriu o Brasil de vergonha”, disse Lula, em referência ao fato de que o presidente brasileiro não assinou o diploma do compositor do Prêmio Camões, um dos mais importantes da literatura de língua portuguesa, que é organizado pelos governos de Portugal e do Brasil.

SURPRESA – O ato, ou não ato de Bolsonaro, causou surpresa ao presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa. Ao saber do fato, o próprio Chico Buarque comentou: “A não assinatura do Bolsonaro no diploma é para mim um segundo prêmio Camões”.

“Como na Alemanha nazista, querem destruir o Brasil começando pela cultura. Vamos resistir,  como já resistimos”, prometeu Lula. “A democracia tem uma dívida impagável com os artistas desse país.” Seu governo e o de Dilma Rousseff nunca pediram “atestado ideológico a nenhum artista”, acrescentou.

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