Compositor mineiro Tavito Carvalho morre aos 71 anos

Artista, que integrou o Clube da esquina, lutava contra um câncer e estava internado em São Paulo

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Músico mineiro Tavito Carvalho morre aos 71 anos

“Tavito vai fazer a festa em outro lugar, levando seu violão.” A frase do músico, pintor e jornalista Fredera resume o sentimento de quem já dividiu o palco com o mineiro Tavito Carvalho, instrumentista, compositor e produtor. Tavito e Fredera tocaram juntos na banda Som Imaginário, criada nos anos 70 para acompanhar Milton Nascimento.

O velório do músico será realizado no cemitério do Araçá e seu corpo será cremado amanhã no cemitério da Vila Alpina, ambos em São Paulo.

O cantor e compositor belo-horizontino estreou na música em 1969, com “Terça-Feira”, composição de Werther Moraes e Antonio Gil, no Festival Universitário da TV Tupi. Depois, ficou próximo do pessoal do movimento Clube da Esquina e compôs canções como “Casa no Campo”, feita em parceria com Zé Rodrix e imortalizada na voz da Elis Regina.

Veja o vídeo da canção:

Ao longo da carreira, Tavito também produziu discos de nomes como Marcos Valle e Renato Teixeira. Criou ainda arranjos vocais para músicos como Roberto e Erasmo Carlos. Em 1965, foi convidado por Vinicius de Moraes para acompanhar suas apresentações em Belo Horizonte.

“Tavito era um grande músico um amigo querido”, diz Flávio Venturini, que fez parte do Clube da Esquina. “Era um nome importante para a música brasileira: participou do histórico disco “Clube da Esquina”, fez parte do Som Imaginário, acompanhou Milton Nascimento, produziu um disco do 14 Bis”, lista ele. “Tinha muito carinho e admiração por ele. É uma perda grande para a música brasileira”, fala o músico belo horizontino, que destaca o amor de Tavito pela capital mineira.

Esse afeto pode ser medido por meio da composição “Rua Ramalhete”, regravada pelo Quartetto Sentinela, banda que, desde 2011, vinha recebendo Tavito no palco de seus shows. “Ele iria participar da gravação deste nosso álbum (intitulado “Quartetto Sentinela”) lançado este mês e finalizado em dezembro, mas ele estava fazendo exames e tratamentos. Gravamos “Rua Ramalhete” em homenagem a ele”, conta Tutuca, vocalista do Quartetto Sentinela. Estamos abatidos com essa notícia. É muito triste ver esses ídolos indo embora. Tudo isso deixa a gente sem chão.”

Apesar da doença, que às vezes o levava a internações, Tavito continuava trabalhando em criação, estúdio e fazendo shows. Com sua mulher, Celina, ele mantinha uma produtora especializada em jingles. É dele, por exemplo,  a música “Coração Verde Amarelo”, em parceria com Aldir Blanc, hit da Copa do Mundo de 94, que é tocada até hoje.

Som Imaginário

“Tavito era, antes de tudo, um grande amigo desde o tempo do Som Imaginário. Depois o trabalho afastou a gente, mas nunca perdemos o carinho”, fala o músico Wagner Tiso. “Ele era um grande instrumentista e um grande compositor.”

Tiso falou com a reportagem de O Tempo pouco depois de saber da morte do amigo e disse que ainda estava relembrando o passado. “Felizmente, Tavito tinha uma linda família e cumpriu de forma bela sua missão na Terra”, diz.

Além de Wagner Tiso e Fredera, passaram pelo Som Imaginário músicos como Zé Rodrix, Luiz Alves, Naná Vasconcelos e Robertinho Silva.

“Nossa geração está chegando na porteira. Para mim, o Tavito é o mais importante representante da música pop do Brasil. Ele tem uma linda produção lá no começo dos anos 70 e era um produtor muito capaz e um compositor preparado”, afirma Fredera. “Estamos saindo, mas deixando um trabalho que é referência aos que ficam e aos que virão. A gente se pensa eterno, mas a hora chega e pronto. Agora é cuidar da evolução espiritual.”

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