Lava-Jato ironiza Gilmar Mendes e diz que as críticas dele não passam de “devaneios”

Gilmar está desviando o foco

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Charge do Pataxó (Arquivo Google)

Rayanderson Guerra
O Globo

A força-tarefa da Lava-Jato no Rio divulgou uma nota, nesta segunda-feira, em que diz que as declarações do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre uma suposta relação entre a investigação da Receita Federal com suas decisões de conceder habeas corpus para investigados na Operação Calicute — deflagrada no Rio — são “devaneios sem qualquer compromisso com a verdade”.

A Lava-Jato no Rio afirma ainda que “palavras ao vento e insinuações caluniosas em nada contribuem para o amadurecimento da democracia”.

DISSE GILMAR – Em entrevista à “Época”, Gilmar Mendes afirmou que, ao tomar conhecimento do procedimento da Receita para identificar “focos de corrupção, lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio ou tráfico de influência” relativos a ele e sua mulher, Guiomar Mendes, ligou para o então secretário do órgão, Jorge Rachid.

Segundo o ministro, Rachid lhe teria dito que o auditor responsável pelo caso, Luciano Castro, estava prestando serviços à Operação Calicute, do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro e responsável por prender, entre outros, Sérgio Cabral e Jacob Barata, o Rei do Ônibus, de cuja filha Mendes e Guiomar foram padrinhos de casamento.

“A partir daí, decodificou para mim a ação, já que eu havia atuado nos processos da Calicute”, disse à Época.

TUDO ERRADO – A força-tarefa rebate as afirmações do ministro, e diz que o auditor citado na entrevista nunca trabalhou ou foi demandado por integrantes da Lava-Jato. “Os membros da Força-Tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro não têm conhecimento de qualquer atuação do órgão fazendário que tenha relação, ainda que indiretamente, com o ministro Gilmar. O auditor que supostamente teria investigado o Ministro não trabalha, nunca trabalhou ou foi demandado por membros da Força-Tarefa da Lava Jato do Rio de Janeiro”.

A nota diz ainda que “é preocupante que um Ministro do Supremo Tribunal Federal se sinta perseguido” e que, havendo fatos ilícitos concretos, devem ser investigados: “Mas palavras ao vento e insinuações caluniosas para desqualificar o trabalho de instituições brasileiras que têm o reconhecimento da sociedade em nada contribuem para o amadurecimento da nossa democracia”.

OFENDER A HONRA – Segundo a força-tarefa, o ministro “continua a ofender gratuitamente a honra de magistrados e servidores porque acredita estar acima do bem e do mal, comportamento que numa República amadurecida não deve ter espaço”.

O duelo de Mendes com os procuradores da Calicute começou na prisão de Eike Batista, solto por decisão liminar do ministro, e se estende desde então. Os procuradores do Rio de Janeiro pediram que o STF tirasse Mendes dos casos de Batista — alegando que o escritório Sérgio Bermudes o defendia — e de Jacob Barata — pelo apadrinhamento do casamento de sua filha. O caso abalou até a relação dos procuradores do Rio de Janeiro com Raquel Dodge, que chegou à PGR com o apoio de Mendes.

De lá para cá, o ministro já soltou, seja por decisão liminar, seja pela confirmação de sua decisão pelos demais ministros da Segunda Turma do STF, cerca de 40 pessoas presas pelo juiz Marcelo Bretas e pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região.

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