É com enorme satisfação que tenho o prazer de assinar esse texto. Por alguns motivos de laços bem pessoais com o autor. E, também, pela qualidade que se antecipa do seu romance de estréia.
Conheço o autor desde a infância. Vicente Massip y Quintas (para mim, sempre Vicentinho) é, para começo de conversa, neto do legendário professor Amaro Quintas, um dos maiores intelectuais e historiadores brasileiros do século XX. Autor do clássico “O Sentido Social da Revolucão Praieira”, já era um monstro sagrado quando eu iniciava a carreira Universitária. Nos cruzamos no Departamento de História da UFPE. Eu iniciante no magistério universitario. Ele Professor Emérito. Um orgulho para mim essa convergência. Uma conexão espiritual com os Quintas de todas as gerações.
Registro: impressiona a semelhança de Vicentinho com o avô, quando jovem.

EM NOME DOS PAIS
Vicentinho é, também, filho dos queridos amigos Vicente Massip, que desenvolve um permanente apostolado no fortalecimento dos laços culturais Brasil/ Espanha e da acadêmica Fátima Quintas, que dispensa apresentações. Pesquisadora, professora e escritora com texto refinado, que frequentemente alcança o sublime. Ocupava a presidência da Academia Pernambucana de Letras quando lá ingressei, em 2015, eleito para ocupar a cadeira 8, da qual não pretendo abdicar tão cedo.
Além de tudo o mais, moramos uns 15 anos no mesmo edifício, no mesmo bloco, os Massip y Quintas um andar acima do meu. Isso fez de Vicentinho amigo dos meus filhos mais velhos e me proporcionou acompanhar o amadurecimento do jovem meio introspectivo, com jeito de pensador, afável, educado e de trato suave.

EIS QUE
Mudei de ares. A convivência com os pais se manteve no ambiente intelectual. Mas perdi fisicamente Vicentino de vista. Apenas as notícias genéricas. Vai bem. Terminou o mestrado. Está atuando não sei onde, essas coisas. Eis que, me reaparece agora. Através de Vicente pai. Convidando para o lançamento do romance que marca a estreia de Vicentinho no universo da ficção.
No meio tempo, Vicente Massip y Quintas completou bacharelado em Direito. Advogou. Tornou-se assessor jurídico do Tribunal Regional Federal da 5a Região. Alcançou o título de Mestre em Direito pela Ufpe, com uma dissertação peculiar, cujo tema bem revela a profundidade das reflexões do autor. Ele tratou da “Recepção da técnica da ponderacão como meio da solução de conflitos normativos no Brasil”. Profundo. E, sem querer fazer trocadilho, com um toque de mestre, Vicentinho aborda tema tão complexo com uma original teoria adaptando esses princípios universais à fórmula “à brasileira”. É pouco? Vem mais.

ANEL DE VIDRO
É o título do livro que será lançado no próximo sábado, 9 de dezembro, das 17 às 19 horas, na Livraria Jaqueira do Recife Antigo. Ainda não li, mas já gostei. Vejamos o que indica a instigante sinopse.

PAREDE QUE UNE
“Um dia como qualquer outro em uma noite de bebida e esquecimento como tantas outras. No auge dos seus 37 anos, ELE trôpego e desnorteado, vivendo todos os dias como se fossem os mesmos, é atraído pelos ruídos do apartamento ao lado , de onde emanam os pecados e as culpas de uma alma atormentada. ELA, sua vizinha, padece de uma interioridade aguda como se só se importasse com aquilo dentro de sua cabeça”, diz o texto.

ELE é ELA “Separados inicialmente por uma parede, começam uma relação improvável de homem e mulher, sem nada mais, sem o mundo de fora e os questionamentos dos outros, sem as projeções e as exigências.
Dentro do quarto vivem uma vida impossível de dúvidas e prazer, sem a certeza da continuidade e da renovação”.

O QUE SE SEGUE
A partir de sábado, saberemos.