Estudos recentes da Universidade de Rochester indicam que até 2030 a população de pessoas que sofrem de mal de Parkinson no Brasil irá dobrar, atingindo 8,7 milhões. Este cenário alarmante motivou um grupo de estudantes da Escola Técnica Estadual Paulo Freire, em Carnaíba, no sertão de Pernambuco, a desenvolver uma luva inovadora capaz de estabilizar os tremores das mãos, um dos principais sintomas da doença.
Ao contrário das luvas disponíveis no mercado, que podem custar até R$ 8.000, o protótipo criado pelos alunos sai por apenas R$ 92. Danilo de Lima, de 18 anos, integrante do projeto, expressou sua surpresa e satisfação com a acessibilidade da robótica: “Eu não imaginava que a robótica fosse acessível para nós, aqui no sertão, e que ela poderia criar soluções para melhorar a vida das pessoas.”
Danilo faz parte de um quarteto de estudantes dedicados que aplicavam os conceitos das aulas de física e robótica em seu projeto. Eles trabalhavam nos intervalos do almoço e após as aulas, utilizando os recursos do laboratório de robótica da escola, como impressora 3D, furadeiras e uma microrretífica.
Gustavo Bezerra, professor que acompanhou a experiência, destacou o empenho dos alunos: “Eles aplicaram muito do que aprenderam sobre circuitos elétricos e componentes eletrônicos. Usavam tudo que sabiam no laboratório de robótica da escola.” Os insumos foram fornecidos pela escola e complementados pelos professores.
O equipamento, composto por uma luva de academia, um disco de HD, regulador de energia e um arduino, utiliza o HD como giroscópio para estabilizar as mãos ao girar em alta velocidade.
O mal de Parkinson é uma doença degenerativa que afeta as células cerebrais, sendo os tremores involuntários dos músculos um dos seus sintomas mais conhecidos. Felipe Santos, outro estudante de 18 anos que participou do projeto, compartilhou sua paixão pela tecnologia e seu desejo de ajudar as pessoas: “Eu quero seguir a carreira de tecnologia e também prezo muito por ajudar as pessoas. Para mim, desenvolver um protótipo como esse que ajuda as pessoas é sensacional.”
A luva, chamada GlovETE, ficou entre os 50 melhores projetos no Prêmio Solve For Tomorrow, da Samsung, e conquistou o primeiro lugar nos eventos QCiência, realizado pela UFPE, e no Ciência Jovem, um dos maiores eventos de ciência do Recife. “Esse prêmio é uma grande conquista para o nosso trabalho. Além de aperfeiçoar a nossa capacidade de lidar com a tecnologia, permite que pessoas com mal de Parkinson possam comer sem derrubar os alimentos da colher, por exemplo,” comemorou Felipe Santos.
Agora, uma nova equipe de estudantes está sendo treinada para dar continuidade ao projeto. Eles pretendem adicionar vibradores nos cinco dedos da luva, utilizando componentes similares aos usados em celulares, para distrair o cérebro e reduzir os tremores involuntários.
O futuro da GlovETE parece promissor, e a inovação criada no coração do sertão de Pernambuco pode em breve proporcionar uma melhor qualidade de vida para milhões de pessoas que sofrem de mal de Parkinson.