Tido como um dos idealizadores da chapa que uniu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-governador Geraldo Alckmin na corrida presidencial, o ex-governador de São Paulo Márcio França diz enxergar no acordo mais que uma simples aliança para enfrentar o presidente Jair Bolsonaro. Para ele, a chapa Lula-Alckmin representa uma espécie de “pedido de desculpas” por parte do ex-presidente petista.

Convidado desta semana do Amarelas On Air, programa de entrevistas de VEJA, França relembrou o escândalo do mensalão e as críticas sofridas desde então por Lula e pelo PT. Segundo ele, Lula é cobrado até hoje por um mea culpa por conta de erros cometidos durante seu governo e o da sucessora Dilma Rousseff. Mas o petista, ainda segundo França, sempre argumentou que não foi conivente com desvios.

“Sempre cobram do Lula. Por que você não pede desculpa? Pede desculpa!”, afirmou França. “Quando ele faz uma opção pelo Alckmin, de alguma forma ele está pedindo desculpas. Não ao fato do mensalão. Mas àquelas críticas que eles (Lula e o PT) faziam antes. Quando eles diziam que Fernando Henrique (Cardoso) não prestava, que era ladrão, que Alckmin era ladrão, que não sei quem lá era ladrão. Eles estavam errados também”.

Ao reiterar sua pré-candidatura pelo PSB ao governo de São Paulo, o que o coloca como adversário do petista Fernando Haddad, França disse não ter problemas em rodar o Estado ao lado do rival, de Lula e de Alckmin. Ele afirmou, no entanto, que segue decidido a trabalhar até as convenções partidárias para convencer Lula e o PT de que tem melhores condições de levar o voto do eleitor paulista.

Desafeto declarado do tucano João Doria e crítico do ex-ministro Sergio Moro, França disse ainda que não vê espaço para uma terceira via na corrida presidencial. Segundo ele, a inexperiência política de Moro o deixou sem opções para disputa. Já Doria, disse o ex-governador, “achou que era um gênio”. E, agora tem pela frente, no melhor dos cenários, uma eleição para deputado federal.