Para não ser desmoralizado pelo Supremo, o Planalto recuou do sigilo sobre pastores lobistas

Encontros de Bolsonaro com pastores lobistas do MEC são colocados em sigilo  | O TEMPO

Pastores lobistas tinham “status” de grandes personalidades

Deu no G1

Foi o PDT que tomou a iniciativa de enviar representação ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que o governo fosse obrigado a revelar dados sobre as 35 visitas dos pastores lobistas ao Palácio do Planalto. O governo, alegando questão de segurança, se negava a fornecer informações solicitadas por jornalistas sobre as idas dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura à sede do Executivo federal.

Santos e Moura estão no centro das denúncias de repasses irregulares de verbas do Ministério da Educação. A crise começou com a revelação de um áudio do então ministro da Educação Milton Ribeiro.

A PEDIDO DE BOLSONARO – Em uma reunião com prefeitos, Ribeiro disse que repassava o dinheiro público para municípios apontados pelos pastores. Ribeiro disse ainda que fazia isso a pedido do presidente Jair Bolsonaro.

Depois, apesar do áudio, ele negou que favorecesse os pastores e que Bolsonaro tivesse feito essa solicitação.

O episódio gerou uma série de denúncias de prefeitos, que foram a público para contar que recebiam pedido de propina dos dois pastores em troca de verbas do MEC. Segundo os prefeitos, os pastores pediam até pagamento em ouro.

ALGO OBSCENO – Na representação ao STF, o PDT escreveu que o sigilo do governo com relação às idas dos pastores ao Planalto revela a “existência de algo obsceno, que está por trás da cena”.

A TV Globo, por meio da Lei de Acesso à Informação, pediu ao Palácio do Planalto detalhes sobre as visitas, sem ser atendida.

Mas nesta quinta-feira os dados foram divulgados pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), devido a uma “recente manifestação da Controladoria-Geral da União quanto à necessidade de atender o interesse público”.,

###
BOLSONARO IRONIZOU: “EM 100 ANOS SABERÁ”

O presidente Jair Bolsonaro respondeu nesta quarta-feira (13) a um usuário de uma rede social  sobre o sigilo de 100 anos em assuntos polêmicos que o envolvem.

“Presidente, o senhor pode me responder por que todos os assuntos espinhosos/polêmicos do seu mandato, você põe sigilo de 100 anos? Existe algo para esconder?”, indagou o usuário do Twitter Lucas Elias Bernardino, em uma postagem de Bolsonaro sobre legalização do aborto.

“Em 100 anos saberá”, replicou o presidente, que em diversas oportunidades já decretou segredo sobre pedidos solicitadas por meio da Lei de Acesso à Informação

VÁRIAS ALEGAÇÕES – Em julho do ano passado, o governo impôs um segredo de 100 anos sobre informações dos crachás de acesso ao Palácio do Planalto emitidos em nome de Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filhos do presidente.

Os dados foram solicitados pela revista “Crusoé”. Na ocasião, a Secretaria-Geral da Presidência disse que as informações estavam relacionadas “à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem dos familiares” do presidente.

Em janeiro de 2021, o Palácio do Planalto decretou até 100 anos de sigilo ao cartão de vacinação de Jair Bolsonaro. A medida foi uma resposta à solicitação feita, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), pelo jornal “O Globo” sobre dados de doses de imunizantes aplicadas no presidente. Ao determinar o sigilo, o governo declarou que os dados do cartão de vacinação “dizem respeito à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem” do presidente.

VACIONOU OU NÃO? – No início do ano passado, o Brasil iniciava o processo de vacinação da população contra a Covid-19.

Além de levantar dúvidas sobre a eficácia das vacinas e de disseminar informações falsas sobre os imunizantes, Bolsonaro já declarou várias vezes que não se vacinaria contra a Covid-19.

Em junho de 2021, o Exército impôs um sigilo de 100 anos ao processo interno que apurou a presença do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello — quando este ainda era general da ativa — a um ato político no Rio de Janeiro com apoiadores de Bolsonaro.

O acesso aos documentos do procedimento havia sido solicitado através da Lei de Acesso à Informação pelo jornal “O Globo”.