A hora das torcidas. Por Claudemir Gomes

Por Claudemir Gomes

É decisão!

Sport e Fortaleza começam, hoje, a decidir a edição 2022 da Copa do Nordeste. Nada agita mais um torcedor do que uma decisão. Coisa da paixão. Mistério tão bem elucidado pelo sociólogo e professor, Sylvio Ferreira, no artigo – Paixão sem Fim – publicado na última edição da Revista Torcida.

A corrida por ingressos, tanto para o primeiro jogo que será disputado na noite desta quinta-feira, na Arena Pernambuco, quanto para a partida final, programada para domingo, na Arena Castelão, em Fortaleza, resume tudo aquilo que se possa dizer na tentativa de explicar a insana paixão. Aliás, acho que toda a paixão é insana, mas a paixão que se nutre pelo clube é uma via de mão única, pois, como bem esclarece o tricolor Sylvio Ferreira, “o clube não é um sujeito, ele não oferece contrapartida nesse amor”.

Após o Sport assegurar sua presença na final, que poderá lhe render a quarta conquista do torneio regional, fiquei mais atento ao comportamento dos torcedores. Afinal, esta será a primeira grande decisão, com ampla presença de público nos estádios, desde que iniciamos a travessia pandêmica. A galera está com um apetite voraz. E cá pra nós, vivenciar o clima de decisão no estádio não tem preço.

Seria um exagero dizer que, chegar à decisão é o fim da linha, que o título é um pequeno detalhe. Nada disso. Título é título e todo mundo quer levantar a “orelhuda” que é o símbolo da hegemonia regional. Mas para todos os profissionais envolvidos, posso garantir que, a chegada à final é a certeza do dever cumprido.

Os times podem até trilhar caminhos diferentes. As campanhas nem sempre apresentam a mesma consistência, mas numa final vale lembrar aquela frase infame que os mais velhos adoravam: “futebol é uma caixinha de surpresas”. Traduzindo: nem sempre vence o melhor. Contudo, a condição de finalista dos dois clubes assegura que o título estará em boas mãos. O técnico Givanildo Oliveira, um dos profissionais que mais vivenciou finais no futebol brasileiro, nos ensina que: “ninguém chega à condição de finalista por acaso”.

Movido pela paixão, o torcedor enlouquece e passa a acreditar que ele será o ponto de desequilíbrio, o décimo-segundo jogador, aquele que, mesmo nas arquibancadas pode ser o ponto de desequilíbrio. É assim que a coisa funciona há mais de cem anos, razão pela qual o mando de campo é cobiçado e disputado. Numa final tudo tem o seu peso, até a ordem das partidas, pois a construção da vantagem acontece no primeiro confronto.

Não tenho dúvidas de que os torcedores rubro-negros farão um espetáculo à parte, hoje à noite, na Arena Pernambuco. Assim como os tricolores cearenses prometem um colorido especial no final de semana, no Castelão. A grande interrogação está no ir e vir aos estádios.

As famigeradas torcidas organizadas, sinônimos de violência em todo o País, estão usando as redes sociais para marcarem pontos de prováveis confrontos: estação de metrô, paradas de ônibus, principais corredores de trânsito. Dias de grandes jogos também servem para “batalhas” que antes só aconteciam em guerras civis.

Voltando a Revista Torcida, sua manchete de capa foi espetacular, e traduz bem o nosso pensamento: O futebol sangra.

Sinais dos tempos!

Eu fico com a pureza do torcedor que vai a campo única e exclusivamente movido pela paixão. No caso específico desta decisão, paixão pelo Rei Leão. O de cá, ou o de lá.