José Anibal, do PSDB, apoia Simone Tebet, do MDB, mas faz questão de elogiar Lula…

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Jose Anibal alega que Joao Doria tem uma rejeição muito alta

Gustavo Schmitt
O Globo

Figura histórica do PSDB e uma das vozes de oposição ao governador paulista João Doria, o senador José Aníbal defende o nome da senadora Simone Tebet (MDB-MS) como o mais viável para quebrar a polarização entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Para Aníbal, Doria, pré-candidato de seu partido, tem rejeição muito alta e não conseguiu quebrar resistências na sigla, enquanto Tebet desponta como novidade.

Na pesquisa Datafolha mais recente, divulgada em 16 de dezembro, Doria está numericamente à frente: ele tem 3%, enquanto Tebet tem 1%.

Por que o senhor acha que a senadora Simone Tebet (MDB-MS) é o único nome viável para a terceira via?
Eu não diria que é o único. Estamos entusiasmados com a candidatura da Simone. Ela representa algo novo nesse processo. Não só pelo fato de ser mulher. Ela tem uma compreensão boa da realidade que o país vive hoje e tem ideias para que a gente possa reconstruir o Brasil. Para sair da crise e do buraco, o país precisa voltar a crescer, combater as desigualdades de forma mais sustentável. De partida, temos dois candidatos que estão com a preferência do eleitorado. E tem três ou quatro candidatos que estão tentando buscar um caminho. Mas acho que a candidatura da Simone ajuda muito nisso. É uma pessoa que conhece finanças públicas, prioridade do gasto público e tem ideias para nos tirar da crise. Ela tem o que dizer e para diferentes públicos.

Mas o PSDB tem como pré-candidato o governador de São Paulo, João Doria. Como vê a candidatura dele?
Ele (Doria) está dentro desse movimento de buscar uma alternativa. Mas já tem um grau de resistência, de rejeição que não é pequeno. Que é muito superior à intenção de voto que ele tem, que permanece estável. A Simone tem baixíssima rejeição. É porque ela é pouco conhecida? Também. Mas não quer dizer que à medida que fique conhecida vá ficando rejeitada. Esse conhecimento pode significar um movimento de adesão.

Lideranças do MDB estão divididas nos estados entre o apoio a Lula e a Bolsonaro. Acha que o MDB vai apoiar mesmo a candidatura de Tebet?
O senador Tasso (Jereissati) e eu tivemos uma conversa agradável com o ex-presidente Michel Temer destacando os méritos da candidatura da Simone. Entendemos que o MDB tem suas peculiaridades. Mas o presidente do MDB, Baleia Rossi, assumiu a candidatura da Simone. Contratou uma equipe de comunicação para dar sustentação à movimentação da Simone nos próximos meses. Ela vai visitar o Brasil inteiro. Eu não paro de receber solicitações de encontros com a Simone. De universidade, de políticos, organizações sociais. Quando alguém desperta isso há espaço para que faça o trabalho.

O senhor acha que o PSDB não vai conseguir curar as feridas deixadas pelas prévias disputadas entre Doria e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite?
Vou usar uma frase do Eduardo Leite. O Doria ganhou as prévias, mas continua parado nas pesquisas. Houve uma divisão nas prévias, mas isso seria página virada. No entanto, vejo que o governador (Doria) não consegue resolver as resistências que têm dentro do partido. Agora mesmo, ele disse que vai viajar a Minas, mas vai prescindir de conversar com os personagens do partido no estado (o deputado mineiro Aécio Neves é desafeto de Doria). Então, ele começa dividindo. A primeira coisa a ser feita por quem ganha uma indicação a presidente é unificar o partido. E essa responsabilidade é dele. Sei que teve uma conversa com Eduardo Leite depois das prévias. Mas não conversaram mais. Estou narrando os fatos e muito focado nessa questão presidencial.

Mas o que será do PSDB sem unidade?
O PSDB não é mais o PSDB da fundação, perdeu muitas lideranças e a renovação se faz lentamente. Eu via na candidatura do Leite esse ímpeto mudancista do PSDB. Não é muito promissor esse aspecto de regeneração do partido, mas é possível. Ou pode acontecer de outras formas, criam-se outras siglas.

Como vê o movimento de figuras históricas do PSDB em encontros com o ex-presidente Lula?
É salutar. Ele (Lula) está deixando claro que quer dispor de uma maioria parlamentar com a qual possa conversar sobre um programa para o Brasil.

Como vê a possibilidade de o ex-governador Geraldo Alckmin ser vice de Lula?
Acho que é um bom entendimento. Mas ainda falta uma base. O que isso vai significar? A presença do Geraldo pode ter um bom significado. Mas precisa ser mais trabalhado.