Grupo de senadores defende veto integral à proposta de abuso de autoridade

Os parlamentares estão colhendo assinaturas para um manifesto que pede o veto para o presidente Jair Bolsonaro

O documento dos senadores tem 28 signatários de 11 partidos Foto: Jorge William / Agência O Globo
O documento dos senadores tem 28 signatários de 11 partidos Foto: Jorge William / Agência O Globo

Amanda Almeida e Daniel Gullino – O Globo

BRASÍLIA – No cabo de guerra sobre o projeto que define os crimes de abuso de autoridade , um grupo de senadores recolhe assinaturas para manifesto que pede ao presidente Jair Bolsonaro oveto integral à proposta. Ainda em fase de coleta de assinaturas, o documento tem 28 signatários de 11 partidos. O número representa pouco mais de um terço do Senado.

No texto, os senadores alegam que “o projeto poderá impor sérios riscos a diversas investigações, principalmente àquelas relacionadas ao combate à corrupção”. A proposta foi aprovada na semana passada na Câmara. No Senado, havia sido votada em 2017. A maior parte dos parlamentares que assina o manifesto foi eleita em 2018.

CATEGORIAS MAIS ATINGIDAS
33 crimes tipificados*
Apenas três
afetam parlamentares
Autoridades com mais crimes previstos
3
4
º
Profissionais de
Carteirada
Coibir liberdade de reunião e associação
Atribuições de culpa
29
Segurança Pública
35º
Promotores
21
e procuradores
38º
20
Juízes
Outros
6
agentes públicos
Fonte: MP *Moro defende vetos e mudanças na redação do projeto

– A ideia é mostrar ao presidente da República que ele pode vetar integralmente este projeto que impõe sérios riscos às investigações contra corrupção no país – defende o senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR).

Bolsonaro sofre pressão dos dois lados. Na semana passada, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu a proposta, sob o argumento de que ela não traz problemas às autoridades que “não passem dos limites da lei”.

Os signatários argumentam que, ao garantir ao menos 28 votos, dão mais segurança a Bolsonaro sobre um eventual veto. Para a rejeição de um veto, é necessária a maioria absoluta dos votos de deputados (257) e senadores (41). E se for registrada uma quantidade inferior de votos pela rejeição em uma das Casas, o veto é mantido.

Proposta

A proposta abrange servidores públicos e integrantes dos Três Poderes, do Ministério Público, dos tribunais e conselhos de contas e das Forças Armadas. O texto prevê mais de 30 ações que podem ser consideradas abuso de autoridade, com penas que variam entre seis meses e quatro anos de prisão.

A previsão é que autoridades condenadas indenizem a vítima. No caso de reincidência, pode haver a inabilitação para exercício da função pública por um a cinco anos e até mesmo a perda do cargo.

Entre as práticas classificadas como abuso de autoridade estão: obter provas por meios ilícitos; impedir encontro reservado entre um preso e seu advogado; entrar em imóvel alheio sem determinação judicial; decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado sem intimação prévia; fotografar ou filmar um preso sem o seu consentimento; entre outros.

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