Centrão tem um terço dos parlamentares mais influentes do Congresso, diz o Diap

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Charge do Nani (nanihumor.com)

Leonardo Cavalcanti
Correio Braziliense

Há um jogo em andamento no Congresso mais amplo e complexo do que aquele disputado no centro das Mesas Diretoras. Quatro meses depois da posse dos parlamentares, 100 políticos, entre deputados e senadores, se destacam como protagonistas no cotidiano do Legislativo, para além das câmeras de tevê ou de celulares, formulando, debatendo, negociando ou arbitrando conflitos.

O mais recente estudo “Os cabeças do Congresso”, elaborado pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), publicado com exclusividade pelo Correio, mostra a força do Centrão — como é conhecida a amálgama de partidos políticos que desequilibra as forças governistas e oposicionistas nas principais pautas em debate.

31 INFLUENTES – Dos grupos revelados pelo levantamento, o Centrão — que agrega políticos de PP, PSD, DEM, PRB, PL, PSC, Patri e Solidariedade — tem o maior número de parlamentares mais influentes (31), entre eles Wellington Roberto (PL-PB) e Arthur Lira (PP-AL). Como os demistas estão no barco, as principais estrelas são os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre. Não é exagero dizer que, para onde a agulha do Centrão apontar, as chances de prejudicar ou favorecer o governo federal são enormes.

O grupo impôs derrotas ao Planalto, como o Orçamento Impositivo — que dá mais poder aos parlamentares em relação aos gastos e às despesas —, e a retirada do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) da aba do ministro da Justiça, Sérgio Moro, apenas para ficar em dois projetos.

FIEL DA BALANÇA -“O Centrão reúne três condições que faz dele um ator fundamental no parlamento: é numericamente significativo, tem os quadros mais experientes e é o fiel da balança, pois decide para onde vai a política pública, se para o governo ou para a oposição”, diz Antônio Augusto de Queiroz, diretor de documentação do Diap.

Dos 513 deputados, cerca de 200 integram o Centrão, criado de maneira informal como grupo ainda na Constituinte, em 1988. A história mostra que teve como idealizador Roberto Campos (1917-2001), então senador do PDS de Mato Grosso.

NA CONSTITUINTE – A estratégia na época era estancar as derrotas dos parlamentares ditos liberais nas comissões e subcomissões da Constituinte. Um recuo histórico, entretanto, mostra que o bloco conservador já estava organizado como contraponto à Nova República, em 1985.

Presente como um força inquestionável na gestão Bolsonaro, o Centrão atuou nos governos Sarney — decisivo no aumento do mandato do então presidente —, Collor, Itamar — na defesa de integrantes envolvidos na CPI dos Anões —, Fernando Henrique, Lula, Dilma e Temer. “No governo Dilma, a relação foi conflituosa, tanto que escalaram Eduardo Cunha para concorrer à Presidência da Câmara”, lembra Queiroz.

“Cunha, em represália à negação do PT em votar a favor do arquivamento de processo que tramitava contra ele no Conselho de Ética, abriu o processo de impeachment contra Dilma.” O resto da história está contada, mas, como se viu, os fantasmas do Centrão assombram presidentes e continuarão assombrando.

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