QUANDO NÃO SE ACREDITA MAIS NO AMOR

Gilberto Perin
POR FABRÍCIO CARPINEJAR

Faz bem em não acreditar no amor. É importante também não acreditar mais no amor. É limpar a casa, arejar os aposentos da memória, abrir as janelas, desembaraçar-se dos vícios das escolhas e dos antigos relacionamentos.

Aquele que sempre acredita no amor sem viver nunca uma crise, sem nenhuma dúvida, estará repetindo as pessoas. Não experimentou o luto até o fim.

Em algum momento, é necessário odiar as canções e comédias românticas, os poemas sobre envelhecer juntos, as teorias das metades, as juras nas redes sociais. É fundamental defender as relações abertas, a distância, o desapego. É obrigatório rir dos casais dublando as suas emoções e dando apelidos fofos.

Julgo como uma fase importante para a desintoxicação dos laços.

A revolta é parte do amor. A raiva é aliada do amor.

Só quem não crê em algum momento poderá ser mais puro, mais equilibrado, menos idealizado.

Com as defesas alertas, não irá se apaixonar facilmente, assim irá se apaixonar apenas quando for de verdade. As ilusões não terão chance em sua pele cética.

Deixe o pessimismo entrar, a ironia ser a sua melhor amiga, o contraponto dominar as conversas, separe o romance do sexo, deguste o veneno no céu da boca,

Os ateus do amor são os mais devotos.

Depois de um tempo amargo, estará finalmente pronto para amar e entender as dores e a solidão do outro.

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