Participantes de performance de Laura Lima em Miami alegam abuso

Participantes de performance de Laura Lima em Miami alegam abuso A artista brasileira e o museu ICA Miami dizem que nenhuma participante foi pressionada a enfiar na vagina a corda de nylon que integra a obra.

Duas mulheres que atenderam um convite para participar da exposição da artista brasileira Laura Lima no ICA Miami reclamaram que foram enganadas pela linguagem da equipe de produção. Mas quando o conteúdo do trabalho foi realmente explicado, se sentiram pressionadas a participar da performance, um ato sexual com uma corda de nylon no museu, informa reportagem do “Miami New Times”.
“The Inverse” (o contrário) consiste em cordas de nylon enormes envolvendo as vigas do museu. “Enormes em uma das pontas, o material trançado diminui de tamanho até fundir-se com um corpo feminino”, diz a descrição da obra no site do museu.
“Todas têm a liberdade de decidir como participarão da performance, o que é dito explicitamente durante os encontros preparatórios”, afirmou um porta-voz do museu em email ao “Artnet”.
“Nem o ICA Miami e nem a artista exigem ou recomendam a colocação de certos objetos no corpo das participantes. Qualquer decisão é inteiramente tomada por vontade própria delas.”
A artista Kayla Delacerda e outra mulher, que prefere permanecer no anonimato, disseram ao “Miami New Times” que a penetração com a corda não é descrita no trabalho oferecido mediante pagamento de US$ 15 por hora. Quando Kayla soube das intenções da artista e o fato de que protetores de dedos e lubrificante foram disponibilizados, ela decidiu por não participar.
O texto de anúncio da obra, publicado em meados de maio, diz que “(os participantes são obrigados a) permanecer relaxados ao longo de quatro horas e se envolver passivamente com a escultura, que será anexada a eles”.
A outra mulher disse ao jornal que se sentiu pressionada a participar da performance em 03/06/16, noite de abertura da mostra, já que outra participante não chegaria ao museu a tempo. Ela afirmou ao jornal que “se violou no museu, por conta das indicações do trabalho da artista” e que vem sofrendo emocionalmente desde então.
Ellen Salpeter, diretora do ICA, afirmou ao “Miami New Times” que o museu não pressionou as participantes e que elas decidiram se colocariam ou não a corda na vagina durante a performance.
“A artista e o ICA Miami realizaram um rigoroso processo para informar potenciais performers sobre a natureza do trabalho e sobre o que era e o que não era esperado. O processo incluiu dois encontros em grupo com os performers, a artista e a equipe do ICA Miami”, disse o porta-voz do museu ao “Artnet”.
A artista frequentemente utiliza o corpo humano em situações absurdas ou de vulnerabilidade, como “Doped / Dopada” (1997), no qual uma mulher sedada, com um roupão branco, é conectada a “um ornamento de crochê vermelho preso em uma parede” e dorme no chão da galeria. A obra foi apresentada na estreia da artista nos Estados Unidos, na “Performa 15”, no ano passado.
Já a performance participativa “Gala Chickens and Ball” envolveu “galinhas ornamentadas com adereços de Carnaval” em um espaço no Lower Manhattan.
A artista também chamou a atenção neste ano na “Art Basel Unlimited”, com “Ascenseur”, obra em que um braço surge debaixo de uma parede tentando pegar um molho de chaves.
Laura Lima participa atualmente da coletiva “Blackness in Abstraction”, na Pace Gallery em Nova York, com curadoria de Adrienne Edwards, mostra sobre a “persistência da cor preta na arte”.
“Laura Lima: The Inverse” fica em cartaz no ICA Miami até 03/10/16.
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Texto de Hili Perlson originalmente publicado, em inglês, no site “Artnet”
Tradução: Everaldo Fioravante.

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