Freire: Serra pode participar de governo Marina

Blog Josias de Souza

 

O deputado federal Roberto Freire (SP), presidente nacional do PPS, disse não ter “nenhuma dúvida” de que o tucano José Serra, seu amigo, pode integrar um eventual governo presidido por Marina Silva. Candidato a senador pelo PSDB de São Paulo, Serra “coloca o interesse público acima das questões partidárias”, disse Freire.

O deputado concedeu uma entrevista ao blog no início da tarde desta quarta-feira. Declarou-se convencido de que, eleita, Marina contará com o auxílio também de Fernando Henrique Cardoso, presidente de honra do PSDB, outra “figura da política brasileira que tem o interesse público acima de outras questiúnculas.”

FHC “será o homem do diálogo”, vaticinou o morubixaba do PPS. “É sempre bom a gente lembrar que Fernando Henrique Cardoso estava junto com Marina quando ela se elegeu pela primeira vez senadora. Ele apoiava Marina lá no Acre. É um dado importante.” Segundo Freire, FHC e Marina mantêm uma relação de respeito mútuo.

Velho conhecedor do tucanato, corrente política com a qual o seu PPS se coligou em várias eleições, Freire prevê que, se virar presidente, Marina não contará apenas com o apoio isolado de caciques do PSDB. O próprio partido tenderia a cultivar um relacionamento institucional com o novo governo.

“Conheço as lideranças do PSDB e sei do seu espírito público. São membros de um partido que tem a ideia de cooperar com o país. Não são intolerantes, não são daqueles que vão para a oposição contra tudo e contra todos”, declarou Freire. Ele recordou dois momentos da história em que o alegado “espírito público” dos tucanos se manifestou.

Num, o PSDB demonstrou boa vontade para aprovar reformas estruturais que Lula pretendia enviar ao Congresso no início de sua gestão, em 2003. O “espírito de cooperação” do tucanato só não se materializou porque Lula desistiu de propor as tais reformas. Antes disso, recordou Freire, o PSDB cogitou socorrer Fernando Collor antes da abertura do processo de impeachment. “Ainda bem que entenderam que não era para fazer.”

Freire acredita que até mesmo o governador tucano de São Paulo, Geraldo Alckmin, terá um papel de relevo na consolidação do apoio político a Marina Silva caso a candidatura do PSB prospere. “Se houver segundo turno presidencial, Alckmin, evidentemente, votará na candidatura da oposição. Se for Marina, votará em Marina.”

Candidato à reeleição, Alckmin carrega em sua coligação o PPS de Freire e o PSB, que hospeda Marina em seus quadros e indicou para vice de Alckmin o deputado Márcio França. Marina se opôs à aliança. Mas Freire acredita que a posição dela evoluirá num provável segundo turno.

“Alckmin é um homem sério”, disse Freire. “Marina não pode dizer que não o recebe. Pode até não ter preferência, como não teve, em apoiá-lo. Mas admitiu que a sua coligação apoiasse, não apenas quando Eduardo Campos era vivo, mas agora, através do vice-poresidente Beto Albuquerque, que representa o apoio da coligação a Geraldo Alckmin. Não tenho dúvida de que vai ser importante esse diálogo.”

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