PSB não vai começar 2014 na base do governo Dilma

 

247 – Com lenha para queimar e disposto a lançar a candidatura presidencial do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, a todo custo, o PSB deverá desembarcar da base de apoio do governo da presidente Dilma Rousseff (PT) logo após o término do prazo das filiações partidárias, em outubro. “O PSB não fica na base. Vamos trabalhar para ter um candidato à presidente. Tão logo acabe o prazo das filiações partidárias, vamos avaliar o número de candidatos. Uma coisa é certa, vamos chegar ao final do ano fora do governo”, afirma o líder do PSB na Câmara, deputado federal Beto Albuquerque (RS). A afirmativa coloca pressão em cima de integrantes do PSB, como o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, e do governador do Ceará, Cid Gomes, que defendem a permanência da legenda na base governista e o apoio à reeleição da presidente Dilma.

De acordo com Beto Albuquerque, a maioria dos diretórios do partido socialista apoia a candidatura de Eduardo ao Planalto e já deram início às mobilizações para fortalecer os palanques estaduais nesta direção. O parlamentar diz, ainda, que como a decisão da posição do partido será tomada com base na maioria, durante a convenção da legenda, “não existe risco algum” para um possível recuo do PSB.

“A maioria do partido quer o Eduardo como candidato. Com vozes discordantes ou não, temos votos (na convenção) para ter candidatura própria. Não há voz capaz de tirar a maioria sólida da candidatura presidencial. Não há problema nas pessoas discordarem, mas o partido decidirá no momento certo. E aí, quem quiser permanecer na legenda terá que acompanhar a decisão majoritária”, afirma Albuquerque em um recado claro para os que defendem que o partido permaneça na base de apoio do governo da presidente Dilma.

Um dos defensores da permanência da permanência do PSB na base governista e da manutenção da aliança com o PT, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, observa que o momento exige cautela. “O partido ainda não se decidiu. Então, todos podem falar, expor suas opiniões, até o partido se definir. Tem que haver pluralidade de ideias, de respeito a s posições divergentes”, avalia FBC. O ministro é um dos que defendem a permanência do PSB na base de apoio do governo da presidente Dilma, assim como o governador do Ceará, Cid Gomes, e mais recentemente o prefeito de Duque de Caxias e presidente do PSB no Rio de Janeiro, Alexandre Cardoso. “Não acho que deva ter penalização de quem pensa diferente. Se for assim o que dizer de São Paulo? Devemos condenar quem apoia o governador Geraldo Alckmin (PSDB)?”, questiona. FBC nega que pense em deixar o PSB por outra legenda e afirma “que não existe um clima de diáspora dentro da sigla pessebista.

De acordo com interlocutores do PSB, a entrada de Eduardo Campos na corrida presidencial depende mais de externos do que da vontade própria do PSB em disputar o Planalto em 2014. “O rompimento do PSB com o PT depende menos de política e mais da economia. O Eduardo está neste jogo. Ele se mantém como aliado na espera de uma definição sobre isto. O projeto dele é de continuidade com melhorias. A retomada do diálogo com o ex-presidente Lula deixa isso em aberto. Ele defenderá Dilma caso a economia vá bem”, disse uma fonte do PSB em reserva ao PE247.

A mesma fonte revelou que, além do fator econômico, outros pontos estão sendo levados em conta pelo PSB e pelo próprio Eduardo Campos. “Eduardo está amando a ideia de disputar a Presidência. Mas ele também sabe que não pode ficar a reboque da pressão de parte do partido e que não deve se pronunciar até ter uma avaliação melhor de toda a situação. Dilma vem recuperando sua popularidade, a economia está estável e caminhamos para gerar 1 milhão de empregos neste ano. O país deve crescer 2,3% neste ano, é pouco mas bem acima do que crescemos no ano passado, e em 2014 devemos chegar a 3,5%. Sem contra que também existe uma pressão forte vinda das ruas, com as manifestações populares. Por isso Eduardo tem afirmado que só vai discutir 2014 em 2014”, afirma a fonte.

Para Beto Albuquerque, porém, a situação atual demonstra que está cada vez mais próximo o momento do PSB anunciar a sua saída da base governista. “Estamos às vésperas de uma crise, basta ver os dados sobre geração de emprego em julho. O Caged que o diga.  Isso é reflexo de medidas tomadas lá atrás, há um ou dois anos. Não será uma medida emergencial que vai resolver isso. Desempenho Economia não é reflexo de decisão tomada ontem. Leva tempo. Além disso, Dilma deve chegar em 2014 com 35% de popularidade. Tudo isso nos leva a defender a candidatura própria do PSB”, garante o parlamentar.

A posição do PSB, caso rompa de vez com o governo Dilma, deverá azedar ainda mais a relação entre a legenda socialista e o PT. “O PT e o PSB vivem uma relação de análise mútua, mas com uma certa tensão. As vitórias que o PSB teve em 2010 e mais recentemente em 2012 deram esta vantagem ao partido. Hoje o PT analisa qual o real tamanho da musculatura do PSB. O PT quer dar mais longevidade aos 12 anos de poder que exerce. Mas para isso tem que injetar um elemento novo e este elemento é Eduardo. Daí o Lula ter defendido que Dilma se aproxime mais do PSB. Mas o PSB não quer e não deve antecipar este debate eleitoral antes de 2014. Neste ponto Eduardo está certo”, diz um integrante da cúpula socialista.

Agora, resta saber se Eduardo irá resistir às pressões internas de seu próprio partido e evitar antecipar uma briga direta com o PT ainda neste exercício ou se irá preferir ganhar mais tempo e deixar o confronto para o primeiro trimestre de 2014.

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