Instrutor de parapente e aluno entram em nuvem e fazem ‘voo às cegas’

Os momentos de tensão aconteceram em um passeio no Rio de Janeiro. O instrutor foi afastado por tempo indeterminado do Clube de Voo Livre.

 

 

 

O comerciante Sudmar Franzin, do interior de São Paulo, viveu momentos de tensão em um voo de parapente no Rio de Janeiro. Ele registrou tudo em vídeo.

O passeio pelo Rio de Janeiro sob um ponto de vista privilegiado mal tinha começado. Quatro minutos depois do salto, o instrutor Luiz Gonzaga Pereira de Souza solta as mãos do comando do parapente. Sem sentir, os dois são levados para dentro de uma nuvem.

Não demora para o instrutor perder completamente a visibilidade. O comerciante percebe. “Caramba, agora fechou hein?”, diz o comerciante.

Começavam ali momentos de tensão em um voo às cegas. O instrutor tenta fazer uma manobra e Sudmar se desequilibra. “Calma, calma, calma… Fica calmo, pelo amor de Deus!”, diz o piloto.

Mas o piloto que pede calma, logo deixa escapar que a situação não está sob controle. “Meu Deus do céu… como é que eu fui deixar isso acontecer, cara”, declara.

“Eu já entrei em desespero, na hora que eu vi o instrutor falar: ‘Meu Deus!’ Aí eu já vi que o negócio era sério. E o medo de bater nas montanhas era terrível, a gente não sabia o que ia encontrar. Fechei o olho e o Luiz, que era o instrutor, ele começou a rezar. E a hora que eu fiquei com mais medo foi quando ele perguntou para mim se eu sabia nadar. Foi a uma sorte tão grande quando abriu, localizou casas. Foi a hora em que eu falei: ‘agora está tudo bem, estamos salvos, vamos sair dessa’ , contou Sudmar.

Treze minutos e treze segundos depois do salto, o voo termina em segurança, a cinco quilômetros de distância da área onde deveriam pousar.

O ponto de partida para o salto de parapente foi a Pedra Bonita, na Zona Sul do Rio. No dia do incidente as condições do vento eram boas, mas como as nuvens estavam baixas havia algumas restrições para o voo. A orientação para os instrutores era que voassem direto para a praia, onde o céu estava mais limpo.

O vice-presidente do Clube São Conrado de Voo Livre, onde o instrutor foi contratado para o salto, é taxativo. “O piloto instrutor é treinado para a ocasião de estresse, ele tem que controlar o seu estresse emocional. Então, na realidade, a reza é porque ele perdeu o controle emocional. Ele perdeu qualquer referência técnica e emocional”, declara Augusto Prates.

O instrutor foi afastado por tempo indeterminado do Clube de Voo Livre e vai ter que fazer um curso de reciclagem.

“O tempo no domingo estava muito ruim. Porque senão eu acho que iria saltar de novo. Só para tirar isso da cabeça”, disse Sudmar.

O incidente aconteceu no sábado (17). Uma lei federal de 1986 proíbe que os voos duplos sejam vendidos como voos panorâmicos. Os saltos devem ser parte de um curso de instrução e não um simples passeio. A produção do Bom Dia Brasil tentou contato com instrutor Luiz Gonzaga Pereira, mas ele não atendeu ao telefone.

 

fonte:globo

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