por Leila Cordeiro
Aquele era um dia festivo para o garoto americano Martin Richard, de 8 anos . Afinal, ele ia ver seu pai correr na maratona de Boston e poderia esperá-lo na linha de chegada onde todos que a ultrapassam são vencedores. Era a primeira vez que Martin e os dois irmãos menores tinham tido permissão dos pais para assistirem de perto a corrida.
Quando Martin viu seu pai chegando, ele não resistiu, correu para a pista e deu-lhe o maior abraço que um filho poderia dar, sorriu feliz e voltou para ficar ao lado da mãe e dos irmãos, para mais tarde, todos comemorarem juntos a façanha paterna.
Mas a covardia silenciosa de um ato terrorista não deixou que aquela família voltasse a se reunir completa, porque Martin, a mãe e os irmãos estavam justamente no local onde uma das bombas da maratona de Boston explodiu. Eles foram literalmente pelos ares como contam testemunhas. A mãe foi levada para o hospital com traumatismo craniano, a irmã de seis anos perdeu uma perna na explosão e o outro teve ferimentos graves. Mas, com tudo isso, sobreviveram, menos Martin.
O menininho alegre que, todos contam, era apaixonado por esportes, tornou-se mais uma vítima fatal de uma violência imprevisível, aquela que ataca covarde e traiçoeiramente, sem dar à vítima a chance de se defender. O pai de Martin, desolado com a tragégia que se abateu sobre a família, contou que restava o consolo de ter se despedido do filho com aquele derradeiro abraço, inesperado, que partiu do rompante de alegria do menino ao ver a chegada do pai, um momento especial que nunca mais se repetirá.
E aí, diante de mais essa tragédia, a tendência das pessoas é procurar o porquê dessa violência que mata tantos inocentes em todo o mundo, não só nos EUA. Não acredito que matando inocentes os prováveis terroristas que colocaram as bombas em Boston ganhem simpatia para a causa pela qual lutam. É assim agora, como o foi nos atentados de 11 de setembro.
O terrorismo que tem muitas caras e age de várias maneiras. Ele não se limita ao território americano. Ele está no Brasil, por exemplo, em outra forma de covardia, como no caso do motorista da van e seus quadrilheiros que estupraram a jovem turista estrangeira e quase mataram seu namorado. Ele pode se apresentar na forma do descaso dos donos da boite no sul do país onde centenas de jovens morreram asfixiados ou pisoteados.
E enquanto o mundo segue intranquilo, mais uma família está órfã e destruída emocionalmente. Martin, o garotinho americano, de 8 anos, que adorava esportes e tinha o pai como um verdadeiro heroi, agora virou um símbolo, uma saudade, mais uma vítima inocente da estupidez humana.
PS. Nesta terça-feira, uma foto do menino Martin se espalhou pelo Facebook. Ela foi feita dias antes de sua morte. No cartaz, que ele desenhou, está escrito : “No more hurting people, PEACE” (Nunca mais uma pessoa ferida, PAZ)