Familiares e amigos do professor de educação física de São Carlos (SP) internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital em Cingapura, após sofrer um acidente de moto na Indonésia, foram às ruas na noite desta quarta-feira (20) realizar um pedágio solidário para arrecadar dinheiro para trazê-lo de volta ao Brasil. Os parentes de Renato Cordeiro Mecca, de 33 anos, têm pressa para levantar cerca de R$ 270 mil (o equivalente a US$ 170 mil de Cingapura), valor para custear a viagem em um avião adaptado com UTI móvel e equipamentos de monitoramento.
O brasileiro, que mora e trabalha na Indonésia há seis anos, sofreu o acidente no dia 24 de janeiro. Ele bateu a moto que pilotava na traseira de um caminhão e teve fraturas na coluna. Ele passou por uma cirurgia para a reconstrução da terceira e quarta vértebras e, apesar de estar lúcido, respira com a ajuda de aparelhos.
Amigos no país fizeram campanhas para arrecadar dinheiro. Com o apoio deles e do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o professor foi transferido de Surabaya para Cingapura, onde o tratamento é mais avançado. O desafio agora é trazê-lo para Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP).
Além das despesas com a viagem, há um custo de US$ 17 mil (cerca de R$ 27 mil) cobrado pela equipe médica e de US$ 2 mil (cerca de R$ 3 mil) de cada diária na UTI, onde o professor está internado há 13 dias. Para quitar o débito, a família conta com a ajuda de amigos, empresários e a solidariedade das pessoas, que passaram a contribuir após uma campanha nas redes sociais. No começo da noite desta quarta-feira, 20 pessoas se reuniram na região central da cidade para o pedágio solidário, que deve continuar até domingo (24).
“Eu estou abraçando tudo com muito amor e carinho. Qualquer moeda é bem-vinda. Vamos fazer em outros pontos da cidade. Precisamos trazer o Renato o quanto antes. O avião UTI tem que ser pago adiantado, caso contrário ele não levanta voo. Temos que arrumar esse dinheiro o quanto antes”, disse ao G1 a mãe do professor, Maria Beatriz Mecca, de 58 anos.
Professora aposentada, ela afirmou que se surpreendeu com a disponibilidade das pessoas em ajudá-la nesse momento tão difícil para a família. “Estou muito contente, tenho recebido muito carinho. É gente que bate em casa, que liga, todos querendo contribuir, principalmente as mães, porque sabem como é encarar uma situação dessas com um filho”, relatou.
Sem movimentos
O caso de Renato é delicado. Segundo a mãe, ele só mexe a cabeça e não tem sensibilidade nenhuma no corpo. A equipe médica tentou retirar os aparelhos que o mantêm respirando, mas, sem êxito, tiveram que entubá-lo novamente.
“O médico que o operou pressupõe que não houve ruptura de medula, mas ela foi atingida por estilhaços de ossos das vértebras. Houve algumas lesões e o edema da medula estava muito grande para o diagnóstico médico. Ele deu um prazo de até um mês e meio para saber”, contou a mãe.
Segundo ela, a sensação é de impotência por ter que acompanhar tudo à distância. “Eu converso todo dia com ele via skype, por cerca de dez minutos, falo para ele ter força, garra porque vai dar certo, nós vamos conseguir. Ele só movimenta a cabeça para dizer sim e não”.