Bola fora: CBF abre mão de dinheiro desviado por Marin

A CBF não vai pedir qualquer tipo de reparação pelo dinheiro desviado pelo ex-presidente José Maria Marin

Bola fora: CBF abre mão de dinheiro desviado por Marin
Na linguagem do futebol, Marin vai correr atrás do prejuízo, mas não se livra do rebaixamento (Foto: Divulgação/CBF

Na contramão da Federação Internacional de Futebol (Fifa), da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) e da Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe (Concacaf) – que buscam recuperar na justiça US$ 120 milhões (cerca de R$ 450 milhões) desviados pelo ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) José Maria Marin –, a CBF abriu mão de pedir qualquer tipo de reparação. Mesmo tendo sido fraudada por esquemas de corrupção em seus corredores, a CBF demonstra que ainda vive sob a influência de seus dirigentes, indiciados pela justiça americana, e sequer se pronuncia sobre o caso, marcando – como se diz na resenha do futebol – um tremendo gol contra.

Marin já foi condenado por seis crimes e sua sentença será anunciada na próxima semana. Jogando uma tática bem mais agressiva do que costuma praticar a Justiça brasileira, a americana já reuniu o equivalente a US$ 300 milhões (R$ 1,122 bilhão) e congelou outros US$ 100 milhões (R$ 374 milhões), pagos em multas pelos acusados de corrupção no futebol. Assim, as entidades esportivas internacionais querem aproveitar a condenação de Marin para resgatar parte do dinheiro – alegando que foram vítimas do cartola.

Neste episódio, conhecido como “Fifagate”, são julgados também Juan Angel Napout, ex-presidente da Conmebol e da Associação Paraguaia de Futebol – por organização criminosa e fraude bancária -, e o peruano Manuel Burga, ex- presidente da Federação de Futebol do Peru – acusado de integrar organização criminosa. Pelos mesmos crimes cometidos por Marin, a juíza americana Pamela Chen queria entrar de carrinho nas canelas dos ex-presidentes da CBF Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero. Mas o Brasil não extradita seus cidadãos – mesmo os que praticam o futebol mais sujo.

Cartão vermelho sem precisar conferir o árbitro de vídeo

Durante viagem à sede da Fifa em Zurique, em 2015, Marin acabou preso em investigação do FBI para apurar denúncias publicadas no New York Times. Seis meses depois, Marin e outras treze pessoas foram transferidas para os Estados Unidos. Aos 86 anos, Marin pode ser condenado a 120 anos de prisão por conspiração para recebimento de dinheiro ilícito e fraude.

Não é de hoje que Marin tem essa tendência de praticar o antijogo. Em 2012, durante a premiação dos campeões da Copa São Paulo de Futebol Junior, Marin embolsou uma medalha que seria entregue ao jogador corintiano Mateus. O ato de compulsão foi flagrado e exibido pelas câmeras da TV Band.

Marin vai devolver tudo o que desviou

Em suas gestões para tomar US$ 97 mil (R$ 363 mil) do acusado, a Fifa enviou carta ao tribunal de Nova York alegando que “Marin abusou de forma grosseira de sua posição de confiança na comunidade do futebol para se enriquecer, enquanto causava dano para a Fifa e seus membros” e que “o dano causado por Marin e pelos demais conspiradores não pode ser menosprezado”, pois “violou repetidamente as regras da entidade”.

A federação internacional também quer que o brasileiro pague pelos custos de advogados: US$ 125 mil (R$ 468 mil), apenas durante os dias do julgamento, no final de 2017. Já a Conmebol quer a restituição de pelo menos US$ 94 milhões (R$ 352 milhões) por evidentes práticas ilegais de Marin contra a entidade. A Concacaf, por sua vez, também reivindica ressarcimento, mas não apontou valores em sua reivindicação.

Na linguagem do futebol, Marin vai correr atrás do prejuízo, mas não se livra do rebaixamento.

fonte:O&N-Claudio Carneiro

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