Albert Serra expõe de modo contundente o prazer libertino de alguns aristocratas no ambiente bucólico de uma floresta, em 1774. Desconectados de valores morais, os personagens dão vazão a desejos através de práticas sexuais cruas e, em certos momentos, escatológicas. Revelam corpos ardentes por baixo das roupas suntuosas e conjugam sexo e violência com frisson.
‘O oficial e o espião’
O que define o filme” é o virtuosismo do diretor Roman Polanski. O diretor alterna gêneros (drama, thriller) e combina subgêneros (detetive, tribunal) com extrema segurança, fazendo com que o espectador não consiga desprender o olho da tela, mesmo em se tratando de um episódio histórico com desfecho conhecido.
‘Liberté’
Albert Serra expõe de modo contundente o prazer libertino de alguns aristocratas no ambiente bucólico de uma floresta, em 1774. Desconectados de valores morais, os personagens dão vazão a desejos através de práticas sexuais cruas e, em certos momentos, escatológicas.
‘Technoboss’
João Nicolau tem um projeto cinematográfico muito particular. Consiste em apresentar vidas absolutamente banais como narrativas de aventura. “Technoboss” transforma o cotidiano de trabalho de um homem que é sócio numa empresa de sistemas de segurança num road movie musical cheio de humor lacônico.
‘Bloodshot’
Na trilha do sucesso da Marvel e da DC, como os mais famosos super-heróis dos quadrinhos já ganharam a tela, o jeito é investir nos menos conhecidos. O longa estrelado por Vin Diesel e dirigido pelo estreante Dave Wilson até rememora hits dos anos 1980 como e “Soldado Universal” e “Robocop”, mas com resultado mediano.
‘Aprendiz de espiã’
Oferece uma diversão ligeira graças ao contraste: um espião que explode tudo e todos e a antagonista armada de celular e muita imaginação. Ele é JJ (Dave Bautista), ela é Sophie (Chloe Coleman). A direção de Peter Segal (“Corra que a polícia vem aí 33 1/3”, entre outros) abusa, mas garante boas doses de humor.
‘As primeiras férias não se esquece jamais!’
O impacto da vida digital sobre o cotidiano alimenta o humor dessa comédia. O diretor Patrick Cassir transforma a viagem em pesadelo para o casal, com piadas que alternam registro mais sutil com escatologia.
‘Terremoto’
É mais uma boa aposta do cinema norueguês, agora no subgênero filme-catástrofe. O longa funciona porque o diretor John Andreas Andersen investe no desenvolvimento dos personagens. Como no ótimo norueguês “A onda” (2015), em “Terremoto” a catástrofe é só um condutor para falar sobre o drama humano.
‘Nóis por nóis’
A primeira parte do filme cria painel vibrante da cultura alternativa de jovens da periferia de Curitiba. Mas segunda parte soa esquemática. Ainda assim, o filme de Aly Muritiba e Jandir Santin tem o mérito de apresentar um local e sua gente, em sua energia particular.
‘Mulher’
O francês Yann Arthus-Bertrand escreveu e dirigiu o longa em parceria com a jornalista ucraniana Anastasia Mikova (sua assistente em “Humano”). Cerca de duas mil mulheres foram ouvidas em 50 países para um painel de temas como trabalho, casamento, maternidade e dogmas religiosos.
‘Doce entardecer na Toscana’
A paz de uma admirada escritora será afetada por um evento distante, mas sobre o qual ela se pronuncia durante uma cerimônia, e pela presença de um imigrante muçulmano. À medida que o tempo fecha, a personagem de Krystyna Janda (melhor atriz no Sundance Festival) sofre pressões e dilemas.
‘A maldição do espelho’
O ator Aleksandr Domogarov estreia na direção em longas no típico filme de fantasmas em casa mal-assombrada. Apesar de alguns deslizes, ele consegue conduzir a narrativa com segurança, provocando tensão. Seu longa é mais coerente que o primeiro filme da franquia russa.
‘Solteira quase surtando’
Toca em questões importantes: a percepção de que o tradicional formato de família não necessariamente se traduz em felicidade e o machismo no trabalho. Mas o filme de Caco Souza é prejudicado pelos diversos clichês num Rio de Janeiro ensolarado.
A natureza desponta como elemento primitivo, característica que pode ser relacionada ao sexo, mas, durante quase todo o tempo, o silêncio e a tranquilidade do lugar contrastam com as imagens brutas dos corpos. A satisfação dos personagens está ligada tanto à participação nos jogos sexuais quanto à posição de voyeur.
Já o espectador desse filme de Serra tende a acompanhar tudo com considerável dificuldade. As cenas são escuras — potencializando a ideia de liberação do oculto, do clandestino —, pouco nítidas na primeira metade da projeção, explícitas na segunda. Além disso, o ritmo é bastante lento. O resultado, conduzido com apreciável rigor estético pelo cineasta (em parceria com Artur Tort, responsável pela fotografia), foi contemplado com o Prêmio Especial do Júri na mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes.