O COLECIONADOR CICERO BATISTA E O SEU ACERVO DE MÁQUINAS FOTOGRÁFICAS

Cícero Batista, sargento da PMPE, apresenta pela primeira vez seu acervo de fotografias, máquinas e negativos de vidro do fim do século 19 aos dias atuais

Cícero Batista da Silva guarda raridades em sua coleção / Foto: Bobby Fabisak/JC ImagemCícero Batista da Silva guarda raridades em sua coleção          – Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem

Amante assumido da fotografia, do cinema e do audiovisual, Cícero Batista da Silva tinha 20 e poucos anos quando comprou uma câmera Instamatic para enfeitar a estante de livros. Hoje, batendo à porta dos 51 anos, ele precisa não de uma prateleira, mas de um quarto no apartamento onde mora, no Recife, para guardar 135 máquinas, 52 filmadoras, 18 projetores, centenas de negativos de vidro e uma infinidade de fotos adquiridas nos últimos 27 anos.

A coleção montada pelo sargento da Polícia Militar de Pernambuco, lotado na Casa Militar do governo do Estado, nunca foi exibida ao público. É um deleite apenas para os olhos da família e dos amigos. Por enquanto. Cícero Batista está negociando com um centro cultural do Recife a exposição das peças.

“Sempre fui fascinado pela história da fotografia e pela evolução das câmeras”, declara Cícero Batista ao apresentar o acervo repleto de Zeiss, Pentax, Nikon, Canon, Bieka, Exakta, Yashica e Leica. “Tenho máquinas de vários tempos, de 1890 aos dias atuais, de modelos, fabricantes e origens diversas, do Brasil, Alemanha, França, Espanha, Itália e outros lugares, compradas em brechós e antiquários”, diz o colecionador.

Palácio da Justiça em negativo antigo de acetato. Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem

Há, também, objetos doados por amigos, como uma das primeiras filmadoras usadas pelo cineasta pernambucano Fernando Spencer (1927-1914), uma Tower 8 milímetros. Ele preserva filmadoras movidas a corda, uma delas toda com caixa de madeira do fim do século 19; um estereoscópio artesanal, instrumento que confere a sensação de profundidade quando se contempla um par de fotografias aparentemente iguais; e câmera 16 milímetros (formato cinematográfico).

Todos os equipamentos, diz ele, funcionam. Só faltam ser identificados e etiquetados. “Vou colocar a origem e o ano de fabricação em cada uma das peças. Tenho o primeiro modelo da máquina de bolso da Kodak, ela foi inventada em 1902 e a minha é de 1913, uma câmera espiã, bem pequena e muito usada para fotografia durante a Guerra Fria (período que durou do fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, até o término da União Soviética, em 1991), projetores de 8 milímetros mudo e de 35 milímetros sonoro”, destaca o sargento.

Negativo de vidro

Cícero ampliou a coleção ao adquirir centenas de negativos de vidro produzidos pelo judeu alemão Ernest Odenheimer, que chegou ao Brasil na primeira década do século 20 e atuava na loja Regulador da Marinha, no Centro da cidade. “Ele fotografou praticamente todos os engenhos e usinas de cana-de-açúcar existentes em Pernambuco, prédios públicos, modas e costumes da sociedade recifense, a filha dele vendeu os negativos”, afirma.

Forte Orange em negativo de vidro. Foto (reprodução): Bobby Fabisak/JC Imagem

“A Regulador da Marinha fazia a manutenção do relógio da Torre Malakoff (Bairro do Recife) e foi um dos primeiros estabelecimentos a comercializar as lentes de fabricação alemã Zeiss no Brasil, vendia material fotográfico e também mantinha ótica e relojoaria. Fotografia era o hobby de Ernest Odenheimer”, diz Cícero Batista.

Nos negativos de vidro há imagens do Forte Orange, na Ilha de Itamaracá; do prédio da antiga Bolsa de Valores no Bairro do Recife (atual Caixa Cultural); do bairro do Derby; de pessoas; de cais. Difundido no século 19 e substituído por celulose e acetato, o negativo de vidro ainda pode ser ampliado em papel, se for digitalizado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *