Bela Megale
O Globo
O ex-comandante do Exército Freire Gomes entrou na mira dos militares alinhados a Jair Bolsonaro. Fardados que são investigados por tentativa de um golpe de Estado passaram a defender, nos bastidores, que o general se omitiu ou prevaricou, ao participar da reunião com o ex-presidente, na qual foram discutidos detalhes de uma minuta que abriria possibilidade para uma intervenção.
Militares ligados a Bolsonaro passaram a encampar a tese de que a PF também precisa responsabilizar Freire Gomes. Eles afirmam que, como comandante de Força, o general tinha “responsabilidade institucional” de reportar às autoridades o que ocorria.
COMANDO PROTEGE – A avaliação desse grupo é que a cúpula do Exército protege o ex-comandante e que é preciso “jogar luz” sobre seu papel naquele momento. Para isso, uma das estratégias traçadas é que os militares investigados apontem, em depoimentos para a PF, o papel de Freire Gomes nos temas investigados.
Um deles é a reunião de Bolsonaro com os comandantes das Forças Armadas descrita pelo ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, no seu acordo de delação premiada.
Cid relatou que o único comandante que se prontificou a embarcar na aventura golpista com Bolsonaro foi o então chefe da Marinha, o almirante Almir Garnier Santos.
ATAQUES ÀS URNAS – Os investigados também querem que a PF questione Freire Gomes sobre o papel que teve diante dos ataques à credibilidade das urnas feitos pelos militares que integraram a Comissão de Transparência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Na ocasião, o ministro da Defesa era o general Paulo Sérgio Nogueira, que também está investigado pela Polícia Federal.
Outro tema abordado pelos militares alinhados a Bolsonaro é que a PF deveria elucidar com Freire Gomes porque ele não determinou a retirada do acampamento golpista da porta do quartel-general do Exército, em Brasília, após a derrota do ex-presidente.