PGR pede ao STF para ouvir ex-Petrobras sobre mensagens de Bolsonaro

Roberto Castello Branco disse, em grupo de WhatsApp, que devolveu celular com “mensagens e áudios que poderiam incriminar” Bolsonaro

Raphael Veleda
Castello BrancoTomaz Silva/Agência Brasil
A Procuradoria-Geral da República (PGR) informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que gostaria de ouvir Roberto Castello Branco, ex-presidente da Petrobras, sobre suposta tentativa de interferência irregular do presidente Jair Bolsonaro (PL) na estatal. Castello Branco, que deixou o cargo em junho de 2021, disse em um grupo de WhatsApp que entregou seu celular corporativo à empresa com “mensagens e áudios que poderiam incriminá-lo [Bolsonaro]”.

O caso foi noticiado com exclusividade pelo Metrópoles no último dia 26 de junho e motivou queixa do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) ao Supremo, que resulta agora nessa manifestação da PGR.

A revelação de Castello Branco foi feita em meio a uma discussão em um grupo de economistas. Castello Branco debatia com Rubem Novaes, ex-presidente do Banco do Brasil, sobre a elevação do preço dos combustíveis. Novaes disse que o colega economista atacaria a atual gestão do governo federal.

“Se eu quisesse atacar o Bolsonaro não foi e não é por falta de oportunidade (sic). Toda vez que ele produz uma crise, com perdas de bilhões de dólares para seus acionistas, sou insistentemente convidado pela mídia para dar minha opinião. Não aceito 90% deles [dos convites] e quando falo procuro evitar ataques”, retruca o ex-presidente da Petrobras.

“No meu celular corporativo tinha mensagens e áudios que poderiam incriminá-lo. Fiz questão de devolver intacto para a Petrobras”, concluiu Castello Branco, sem entrar em detalhes sobre quais crimes o presidente teria cometido e estariam registrados no aparelho.

Pedido da PGR

Com base nesses relatos, vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, também pediu que seja ouvido o ex-presidente do Banco do Brasil Rubem Novaes.

O interessa da PGR em ouvir os dois ex-gestores do governo Bolsonaro foi feito por Lindôra ao ministro Luís Roberto Barroso, do STF, que foi sorteado relator da ação proposta por Randolfe.

A PGR, segundo o documento, pretende esclarecer quais mensagens e áudios havia no celular corporativo e como poderiam incriminar o presidente da República, “além de explicar por qual motivo não os apresentou às autoridades competentes quando da primeira oportunidade possível”.

Para a PGR, é preciso aprofundar uma pré-apuração e ouvir os citados antes de decidir se há elementos para uma investigação formal, um inquérito.

“Os elementos apresentados até o presente momento não comportam convicção ministerial suficiente para a instauração da investigação pleiteada. Todavia, o diálogo mantido e de teor não negado pelos interlocutores suscita maiores esclarecimentos que podem nortear providências investigativas não açodadas ou temerárias”, escreveu Lindôra Araújo.