Arimathéa Athayde, o professor que ensinava a importância de Machado de Assis no jornalismo

Em si mesma, a loucura é já uma... Machado de Assis - Pensador

 

José Carlos Werneck

Arimathéa Athayde, meu professor no Curso de Letras Clássicas no Colégio Elefante Branco, em Brasília, e que me indicou para trabalhar em 1969 na sucursal de “O Globo” na capital da República, era um admirador entusiasta do escritor Machado de Assis.

Ele dizia que ler Machado era a melhor maneira de se aprender o Português e escrever com maestria. “Os textos de Machado são o melhor Curso de Jornalismo que pode existir no Brasil”, afirmava o jornalista maranhense, que foi também professor de Comunicação Social na Universidade  de Brasília (UnB),correspondente do jornal O Globo e funcionário concursado da Câmara dos Deputados. Tinha várias obras lançadas e era muito respeitado na comunidade intelectual.

A OBRA INTEIRA – Seguindo seu conselho, resolvi ler toda obra de Machado de Assis. Comecei pelos romances, que li todos em 1976 e 1977, com exceção de “Casa Velha”, que na minha coleção da Obra Completa, em três volumes da Biblioteca Luso Brasileira, Série Brasileira, Rio de Janeiro, Editora José Aguilar Ltda., 1962, está no Volume II, junto com os contos e as peças teatrais.

Do Volume II, falta apenas ler a obra teatral. Depois pretendo ler o Volume III, que reúne as poesias, as crônicas, as críticas, a miscelânea e o epistolário.

Meu amigo José de Arimathéa Athayde Lima faleceu aos 90 anos. Seu último cargo foi o de Secretário de Comunicação do Governo do Estado do Maranhão.

DISSE CASTELO – O ex-prefeito e ex-governador João Castelo lamentou a morte do companheiro, destacando que Arimathéa Athayde foi um dos profissionais da Comunicação mais brilhantes. “Ele era um grande intelectual, dono de um texto irretocável, porque tinha talento e foi um dos maiores conhecedores da língua portuguesa”.

“Ele foi inovador em tudo o que fez. Na Secom, cercou-se de jovens talentos, como Antonio Carlos Lima, que posteriormente exerceu o mesmo cargo, no governo do Lobão e que hoje é membro da Academia Maranhense de Letras. O Arimathéa tinha talento, conhecimento e era um profissional de larga visão”.

GOSTO E ELEGÂNCIA – Jamais esquecerei Arimathéa, que na época tinha um belíssimo Simca Rallye prata, impecável, gostava de trajar ternos muito bem cortados e só usava caneta tinteiro.

Conservava seu apartamento no Rio de Janeiro, onde passava as férias, e frequentava a Praia do Flamengo. Da janela de meu apartamento, na Rua Conde de Baependi, eu costumava vê-lo a caminho do mar.

A última vez que falei com meu amigo Arimathéa foi nos anos 80, em Brasília, numa tarde em que conversamos animada e demoradamente.

Realmente, como disse Carlos Drummond de Andrade: “Viver é saudade prévia!”