Já com maioria pela condenação, Supremo retoma no dia 17 o julgamento de Jefferson

O ex-deputado Roberto Jefferson. — Foto: Eduardo Matysiak/Futura Press/Estadão Conteúdo

Infantilmente, Roberto Jefferson será réu mais uma vez

Fernanda Vivas e Márcio Falcão
TV Globo — Brasília

O Supremo Tribunal Federal (STF) vai retomar, a partir de 17 de junho, o julgamento da denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o ex-deputado Roberto Jefferson pelos crimes de homofobia, calúnia e por incitar dano contra patrimônio público.

O julgamento segue por meio eletrônico até o dia 24, se não houver novo pedido de vista ou de destaque. O plenário virtual é um meio de deliberação em que os ministros apresentam seus votos na página do tribunal na internet, sem a necessidade de uma sessão presencial ou por videoconferência.

MARQUES PEDE VISTA – Em fevereiro, a Corte formou maioria no sentido de transformar o ex-parlamentar em réu. Mas um pedido de vista (mais tempo para analisar o processo) do ministro Nunes Marques suspendeu o julgamento e adiou a decisão do STF sobre o caso.

Os ministros analisam denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em agosto do ano passado.

No documento, a PGR lista sete declarações em que o ex-deputado atacou instituições, e afirma que Roberto Jefferson praticou condutas que constituem infrações previstas no Código Penal, na Lei de Segurança Nacional e na lei que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor.

SEIS VOTOS – A maioria formada em fevereiro segue o voto do relator, ministro Alexandre de Moraes, que defendeu que Jefferson teve uma conduta que atenta “fortemente contra o Estado Democrático, possuindo brutal potencial lesivo às instituições democráticas, pois tiveram ‘o intuito de tentar impedir o livre exercício do Poder Legislativo’”.

O voto de Moraes foi seguido pelos ministros Gilmar Mendes, Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli e Cármen Lúcia. Como Jefferson não tem foro privilegiado, os ministros votaram a favor de o caso ser enviado para a Justiça Federal, que ficará responsável por analisar ação penal.

Em seu voto, Moraes explicou que a investigação de Jefferson ocorreu no Supremo porque os fatos atribuídos ao ex-deputado são conexos com outra apuração feita na Corte, sobre uma milícia digital envolvendo aliados do presidente Jair Bolsonaro e familiares.

DENÚNCIA DA PGR – Na denúncia apresentada ao Supremo, a PGR afirma que Roberto Jefferson ‘’incentivou o povo brasileiro a invadir a sede do Senado e a praticar vias de fato contra senadores”.

De acordo com a PGR, o intuito de Jefferson foi “impedir o livre exercício do Poder Legislativo”. A procuradoria também acusa o ex-deputado de tentar incentivar “o povo brasileiro a destruir, com emprego de substância explosiva, o prédio do Tribunal Superior Eleitoral”.

A PGR disse ainda que o ex-deputado praticou ao menos duas vezes o crime de homofobia ao comparar pessoas LGBTQIA+ com traficantes e ao dizer que elas representam a demolição moral da família.