Joaquim e Carolina. O primeiro, escritor, político e diplomata, era também o pai da segunda, ficcionista, tradutora e memorialista. Os laços que unem as gerações da família Nabuco serão revisitados a partir desta semana, com o início das pesquisas para a reedição de três importantes obras relacionadas à vida e às ideias desses personagens-chave da intelectualidade brasileira: “Diários de Joaquim Nabuco”, lançado em 2004 com edição e prefácio do historiador Evaldo Cabral de Mello; “Oito Décadas – Memórias”, livro de memórias escrito por Carolina Nabuco em 1973, e “Meu livro de cozinha” (1977), também de Carolina.

A empreitada é fruto de uma parceria entre as editoras Massangana e Bem-Te-Vi, selo que lançou os “Diários” há quase duas décadas. A representante da Bem-Te-Vi, Ana Luisa Chafir, esteve na Fundação Joaquim Nabuco e assinou no Gabinete da Presidência, o acordo de coedição. Bisneta do abolicionista, Antonia Ratto colaborará com o projeto gráfico das duas obras de Carolina.

“É uma honra, para nós, enquanto equipe que trabalha pela preservação da obra e do legado de Nabuco, realizar esta parceria. Mantemos vivo o papel de zelar pela memória do povo brasileiro, resgatando ideias de pensadores de máxima relevância que nunca perdem a atualidade”, ressalta o presidente da Fundaj, Antônio Campos.

Escrito nos anos 1970, o livro “Oito Décadas – Memórias” ganhará uma edição ampliada, com imagens que fazem parte do acervo doado pela família de Nabuco, além de documentos que pertenciam a Carolina e estão sob os cuidados dos familiares. Também terá ilustrações produzidas a partir da pesquisa iconográfica que está sendo realizada por Cibele Barbosa, pesquisadora do Centro de Documentação e de Estudos da História Brasileira (Cehibra). Já os “Diários” passarão a contar com um novo texto de apresentação.

“São obras esgotadas. Os Diários de Joaquim Nabuco são muito procurados por pesquisadores do mundo todo. Além disso, em ‘Oito Décadas – Memórias’, Carolina conta toda a sua experiência junto ao pai e faz também uma análise do mundo, da época em que viveu com a família em vários locais, no Brasil, em Londres e nos Estados Unidos. É um relato contextualizado histórica e politicamente”, analisa a coordenadora-geral do Cehibra, Albertina Lacerda.

Em “Meu livro de cozinha”, muito além de um livro de receitas, temos uma coletânea de memórias de uma escritora consagrada, o retrato de uma época contado através de protocolos, tradições e tudo que cerca a boa mesa, por uma mulher que viveu no centro político e cultural do Brasil e do mundo, detalha Ana Luisa Chafir, que esteve também reunida no Cehibra com a pesquisadora Cibele Barbosa.