Pernambucana é a primeira pessoa do Brasil a passar por cirurgia de osteointegração para amputados

O procedimento consiste na implantação de uma peça metálica para que seja possível receber uma prótese externa

Maria Leidjane e o cirurgião Marcelo Souza
Maria Leidjane e o cirurgião Marcelo Souza – Foto: Cortesia
Uma cirurgia inédita no Brasil de osteointegração para amputados foi realizada no Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP), nessa quinta-feira (7). A operação consiste na implantação de uma peça metálica (feita de titânio) no “coto” do paciente para que seja possível, depois, receber uma prótese externa.

Essa técnica é indicada para pacientes que não conseguem se adaptar às próteses externas convencionais. Para se ter uma ideia, 40% dos pacientes amputados mundialmente não conseguem usar a prótese convencional com encaixe.

A pernambucana Maria Leidjane Pereira da Silva, de 33 anos, foi a primeira paciente a receber o implante no Brasil. Natural de Cabrobó, ela descobriu um câncer ósseo aos 14 anos e, aos 23, precisou amputar a perna direita.

Segundo o cirurgião e ortopedista oncológico do HCP Dr. Marcelo Souza, responsável pelo procedimento, a prótese comum causa suor excessivo, incha, causa irritação na pele, dor. “Com o implante, o paciente tem mais qualidade de vida. O implante se desenvolveu na Europa e é colado dentro do osso. Uma parte fica para o lado de fora”, detalha o cirurgião. Com essa parte para fora, é encaixado o implante no paciente.

O procedimento é semelhante ao conceito da odontologia, onde um pino é colocado na mandíbula do paciente e um dente de implante se encaixa no pino.

Após cerca de quatro anos de tramitação na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o implante foi aprovado no final de 2021.

Implante usado na osteointegração Implante usado na cirurgia de osteointegração 

Para Leidjane, a cirurgia foi exitosa. “Doutor Marcelo já havia me falado sobre essa cirurgia em alguns países. Quando a Anvisa aprovou, ele ligou dizendo que iria me operar. Estou bastante feliz e com o coração cheio de gratidão”, disse.

Ainda segundo Leidjane, a expectativa, agora, é para dar início à reabilitação, que ainda não tem uma data definitiva para iniciar. “Será um novo recomeço. Estava usando muleta há 10 anos e estou confiante que daqui pra frente será só bênção”, afirma.

A operação foi realizada com o apoio do médico Holandês Prof Hendrik van de Meent MD, PhD, especialista neste tipo de procedimento na Holanda. Vale lembrar que abril é um mês de alerta para o diagnóstico precoce do câncer ósseo