Cultura ibero-americana é debatida em conferência da escritora Nélida Piñon

Professora hispano-brasileira destacou como processos históricos influenciaram a literatura ibero-americana

Fusão de línguas, pandemias e influências religiosas. Esses foram alguns dos processos históricos citados pela premiada escritora Nélida Piñon durante a conferência “Nossas Américas”, que retratou a cultura ibero-americana. O encontro promovido pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) aconteceu nesta quarta-feira (30), no canal do YouTube da instituição. Ibero-América compreende todos os países do continente falantes do espanhol e do português.

A abertura da palestra foi do diretor de Memória, Educação, Cultura e Arte da Fundaj, Mario Helio. “Nélida Piñon tem uma biografia que se reflete em suas obras, mas também tem uma história muito rica, que é sua, de sua família e de sua gente espanhola e brasileira”, destacou.

Piñon é escritora premiada e professora hispano-brasileira integrante da Academia Brasileira de Letras (ABL). No início dos anos 1960, começou sua carreira na literatura, com o romance “Guia-mapa de Gabriel Arcanjo” e tem a trajetória marcada por prêmios como o Jabuti, APCA e Príncipe das Astúrias. Foi nomeada a primeira presidenta da ABL, na década de 1990.

Durante a conferência, a escritora fez um passeio pelas civilizações antigas dos países hispânicos e lusófonos da América, ressaltando a importância de conhecer os seus fundamentos pretéritos antes de entender sua literatura. Como a queda do Império Inca influenciou a nossa cultura e o que maias e astecas deixaram na literatura foram algumas das reflexões feitas ao longo da exposição.

“Você não tem como renunciar à sua origem, aos fracassos e acertos. Você não pode abrir mão da língua”, afirmou. Dentre os processos históricos citados por Piñon, a fusão das línguas maia e asteca, pandemias e epidemias foram destacadas.

A professora ressaltou, ainda, a importância da literatura de gêneros como a novela. “Nós precisamos preencher as lacunas históricas, as lacunas estéticas, preencher aquilo que eles não sabem de nós. É uma ânsia um pouco desesperada de contar uma história que se nós não contarmos ninguém contará”, completou.

A palestra faz parte de um conjunto de ações celebrativas da Fundaj com a cultura ibero-americana. Os laços históricos, sociais, culturais e afetivos também foram relembrados com o lançamento do livro “Iberotropicalismo- A Hispanidade, os Orientes e Ocidentes na obra de Gilberto Freyre” e da exposição com documentos da Universidade de Coimbra. A palestra segue disponível ao público no YouTube da Fundaj.