Candidatura de Barbosa vai ser disputada entre PSD, União Brasil e PSDB/Cidadania

Ruy Baron

Barbosa desistiu do PSB petista e procura um novo partido

Carlos Newton

O jornalista Lauro Jardim, de O Globo, publicou este domingo uma notícia que pode mudar o quadro aparentemente estratificado da sucessão presidencial. Revela que Joaquim Barbosa realmente aceita entrar na corrida eleitoral e ser candidato à Presidência. Mas impõe condições.

Em conversas privadas, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal afirma que não irá atrás de partido algum, embora aceite ser procurado e esteja aberto a conversar. Aliás, já andou conversando (por telefone) com Gilberto Kassab, embora o PSD já tenha praticamente acertado tudo com Eduardo Leite, mas pode refluir e quem telefonou para Barbosa foi Kassab…

CONVERSA COM BIAL – A notícia de Lauro Jardim confirma uma revelação anterior feita dia 8 por Joaquim Barbosa ao apresentador Pedro Bial, quando pela primeira vez afirmou que não descarta concorrer à eleição presidencial em outubro.

Bial indagou se Barbosa aceitaria a candidatura, diante da estagnação da terceira via e da possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro (PL) se reeleger.

“Em princípio, sim [seria candidato], mas o prazo está muito curto. Eu não tenho mais filiação partidária, me desliguei do PSB. E não procurei nenhum partido, estou tocando a minha vida”, afirmou Barbosa. “Filiação a um partido não é uma coisa tão simples, né? Há partidos que não querem ter candidatos à Presidência. O jogo eleitoral no Brasil mudou muito. A conquista do poder, hoje, não tem como troféu máximo chegar à Presidência da República”, completou.

PRAZO FATAL – Caso queira disputar a eleição, Joaquim Barbosa precisará encontrar uma legenda até o dia 2 de abril, data-limite determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para candidatos estarem filiados a algum partido.

O magistrado disse a Bial que um eventual governo seu seria social-democrata, mas diferente do antigo PSDB, o qual ele classificou como “embromador”, e do PT, que, de acordo com o ex-ministro, “mudou a sua natureza” diante de novas pautas.

“É preciso ter alguma ação pedagógica no sentido de mostrar ao Brasil e aos atores sociais, políticos e econômicos qual é a verdadeira natureza do regime econômico do Brasil. Que não é só esse regime ultraliberal. Questão social tem que ser prioritária na agenda de qualquer governo no Brasil”, disse Barbosa.

MUDA TUDO – Joaquim Barbosa é um guerreiro vitorioso, por sua trajetória de vida, vindo de uma família muito pobre, até chegar ao Supremo, mercê de uma dedicação absurda aos estudos. Mas é também um chato, que finge que vai, mas não vai, e fica nisso. Ninguém mais acreditava em sua candidatura.

No entanto, se quiser disputar, tem muitas chances, porque o Brasil é um país de maioria negra, que precisa chegar ao poder. Se ele conquistar o voto dos negros, o que não será difícil e basta citar na campanha os preconceitos que teve de vencer, Barbosa pode ir ao segundo turno.

Acredite se quiser, diria o genial jornalista americano Robert Ripley, através da carranca do ator Jack Palance, lembram?