Zelensky rejeita exigências humilhantes de Putin para suspender a invasão da Ucrânia

Zelensky afirmou que a Ucrânia jamais se renderá a Putin

Pedro do Coutto

Vladimir Putin apresentou uma lista de condições consideradas humilhantes por Kiev para suspender a ofensiva de morte e destruição do país pelas tropas russas. Zelensky discursou na tarde de ontem, transmissão direta pela GloboNews através da internet, do Parlamento britânico quando afirmou que a Ucrânia jamais se renderá e que está lutando na terra, no mar e no ar contra Putin, demonstrando uma capacidade de combate que está tornando um fracasso o desempenho das forças de Moscou.

Quanto às exigências russas, reportagem de Igor Gielow, Folha de S. Paulo desta terça-feira, focaliza os detalhes. Gielow já está em São Paulo e encerrou as suas atividades em Moscou quando, é claro, se encontrava sob risco de prisão e condenação por 15 anos de cadeia, uma vez que ele usa a expressão “guerra”, quando Putin exige da imprensa a classificação de “operação especial” para definir a invasão da Ucrânia.

DIFICULDADES – A situação é difícil para ambos os lados, pois o Exército russo, com 800 mil integrantes, é fortíssimo, sobretudo em quantidade e equipamento militar. Mas é preciso considerar que na área da Ucrânia a parte do Exército russo é muito menor do que o total de sua força.

Entre as exigências feitas por Putin apresenta-se a rendição total de Zelensky e ao mesmo tempo o compromisso do governo  que vier a se instalar em sua substituição de não ingressar na Otan, o que define que no fundo Putin teme as ações da Organização do Tratado do Atlântico Norte.  O estatuto da Otan prevê que a  agressão a um dos países membros é uma agressão a todos.

IMPORTAÇÕES –  Na tarde de ontem, em discurso na Casa Branca, transmitida na íntegra pela GloboNews, o presidente Joe Biden anunciou a proibição das importações de petróleo russo pelos Estados Unidos, o que inclui além do governo, também as relações comerciais desta a área pelas empresas privadas que operam o setor de petróleo em território americano.

É um duro golpe na economia russa. Já no caso dos países da Europa, o embargo é mais difícil de ser colocado em prática. As reações populares na Rússia terminaram com a prisão de 12 mil pessoas. A reação determina o enfraquecimento claro da posição de Putin. Ele não tem saída.

PREOCUPAÇÃO –  Na tarde de ontem, falando em um plenário repleto de dirigentes do PC chinês, o presidente Jinping manifestou a sua preocupação com a perspectiva de uma guerra na Europa e voltou a se referir a uma saída diplomática, embora tardia, para a ação de guerra contra a Ucrânia .

O destino da afirmação tem o endereço de Moscou, é claro, porque a China já tinha se pronunciado a favor de uma saída diplomática. Desta vez, o presidente chinês afirmou que está preocupado com  a possibilidade de uma guerra na Europa. Esse aspecto não foi bem focalizado pelos analistas, mas é um aspecto novo e sensível da preocupação chinesa com os seus efeitos, pois uma solução violenta pode afetar os interesses chineses.

RISCO – Tem sido excelentes as reportagens produzidas pelo repórter Gabriel Chaim veiculadas pela GloboNews como a do ataque de ontem na imagem que mostra que quase ele foi atingido pelo disparo de um soldado russo. Chaim estava ao lado de um grupo de resistência da Ucrânia quando alguém apontou para o alto de um prédio dizendo ao soldado que havia um atirador lá em cima.

O atirador disparou e a munição explodiu entre Chaim e o militar ucraniano. A narrativa do fato mostra o comportamento arriscado e praticamente heroico dos jornalistas que cobrem o teatro da guerra. O governo de Kiev rejeitou também os canais de socorro humanitário admitidos pela Rússia para refugiados civis da Ucrânia e pessoas feridas em consequência de estilhaços de bombas e explosivos em geral.

PRESENÇA DE MICHELLE – Julia Chaib, Marianna Holanda e Ricardo Della Coletta em matéria publicada na edição de ontem da Folha de S. Paulo destaca que setores da campanha de Jair Bolsonaro à reeleição estão propondo a presença de sua esposa Michelle na propaganda política para a reeleição em outubro deste ano.

Sua imagem está sendo considerada positiva e um dos principais argumentos é o de que sua presença ao lado do marido é capaz de reduzir a rejeição de Bolsonaro junto às mulheres,  que segundo o Datafolha é de 61%, portanto, muito alta. Uma ala do PL, inclusive, decidiu propor ao presidente da República que uma mulher seja escolhida para se candidatar à Vice-Presidência.

Essa mulher poderá ser a ministra da Agricultura ,Tereza Cristina. O comando da campanha para reeleição concluiu que o principal foco contrário a Bolsonaro é o eleitorado feminino.

DRAMA FEMININO –  Ontem, dia 8 de março, foi o Dia Internacional da Mulher. E Vitória Damasceno publicou reportagem na Folha de S. Paulo revelando um drama brasileiro configurado na média de um estupro contra mulheres a cada 10 minutos.

Em 2012, representaram 56 mil casos. Há também os casos de assassinato contra mulheres que atingiu 1351 no ano passado. Além disso, é claro, agravando o panorama repugnante de violência contra a mulher há centenas de milhares de agressões e espancamentos. A ministra Damares Alves mantém-se em silêncio diante de tal calamidade hedionda.