Enhertu, nova droga da AstraZeneca ajuda no tratamento do câncer de mama

Da VEJA

O laboratório farmacêutico AstraZeneca anunciou resultados impactantes de estudo em fase III, o último antes da submissão de remédios à aprovação por órgãos reguladores, de um novo medicamento para tratar câncer de mama metastático (que já se espalhou para outras partes do corpo) do tipo HER2-positivo – o mais agressivo, tendendo a crescer e a se disseminar rapidamente.

Trata-se do Enhertu, droga que, segundo a empresa inglesa, reduz o risco de morte ou de progressão da doença em 72% em comparação aos tratamentos existentes. O câncer de mama continua sendo o mais comum e uma das principais causas de mortes em mulheres em todo o mundo. Mais de dois milhões de casos foram diagnosticados em 2020, resultando em quase 685 mil mortes no mundo. Um em cada cinco são do tipo HER2-positivo.

As conclusões da pesquisa da AstraZeneca foram apresentadas no Simpósio Presidencial no Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO) de 2021. O desempenho do Enhertu foi comparado ao apresentado pelo trastuzumabe entansina (T-DM1) em cerca de 500 pacientes da Ásia, Europa, América do Norte, Oceania e América do Sul. Três quartos não apresentaram progressão da doença após 12 meses em comparação a 34% dos tratados com trastuzumabe entansina.

A sobrevida subiu de 7 para 25 meses e 94% dos pacientes estavam vivos após se tratarem com o medicamento da AstraZeneca, contra 86% dos que receberam o T-DM1.  “Os resultados são inovadores”, afirmou Susan Galbraith, vice-presidente executiva de P&D de Oncologia da AstraZeneca. “Esses dados sem precedentes representam uma possível mudança de paradigma no tratamento do câncer de mama metastático HER2-positivo e ilustram o potencial do Enhertu para transformar a vida de mais pacientes.”

Novo tratamento irá auxiliar consideravelmente na redução de mortes

Segundo Javier Cortes, médico e chefe do Centro Internacional de Câncer de Mama (IBCC), em Barcelona, o novo remédio demonstra “alto e consistente benefício”, com desfechos notáveis. “Por isso, apoio o potencial do Enhertu para se tornar o novo padrão de tratamento para pacientes com câncer de mama metastático HER2-positivo tratados anteriormente sem mostras de sucesso”, disse Ken Takeshita, chefe global de P&D da Daiichi Sankyo, parceira da AstraZeneca no desenvolvimento da medicação, concorda: “Esses dados marcantes formarão a base de nossas discussões com autoridades de saúde globais para potencialmente trazer o medicamento a esses pacientes como uma opção de tratamento mais eficaz.”

Embora as taxas de sobrevivência ao câncer de mama tenham dobrado nas últimas quatro décadas no Reino Unido, cerca de 11.500 mulheres e 85 homens morrem da doença por ano. A instituição de caridade Breast Cancer Now, que oferece apoio e informações sobre a doença, considerou os resultados do estudo bastante promissores. “É fantástico ver que o Enhertu pode dar a centenas de pessoas a chance de terem mais tempo antes que essa doença incurável progrida”, declarou Kotryna Temcinaite, gerente sênior de comunicações de pesquisa da instituição. “Agora, esperamos que mais pesquisas mostrem se esse tratamento também pode oferecer aos pacientes um precioso tempo extra para viver e estar presente em momentos importantes”, completou.