Candidaturas estaduais do PT estão inviabilizando Alckmin como vice de Lula pelo PSB

André Ceciliano quer disputar o governo do Rio pelo PT

Thiago Prado, Bianca Gomes e Gustavo Schmitt
O Globo

Depois de lançar nomes para governador em três estados apontados como prioritários pelo PSB, o PT ensaia fazer o mesmo movimento no Rio, onde o partido até o momento afirma que apoiará a candidatura do deputado federal Marcelo Freixo (PSB). Em São Paulo, Rio Grande do Sul e Pernambuco, os petistas já têm pré-candidatos, e cogitam ir pelo mesmo caminho no Espírito Santo, o que dificulta a aliança nacional entre as legendas na disputa presidencial e impede a formação de uma federação partidária.

Embora diga em público que é pré-candidato ao Senado, o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), André Ceciliano (PT), vem se movimentando e angariando apoio para uma candidatura ao Palácio Guanabara.

CONVERSAÇÕES – Na última quarta-feira, o tema foi abordado em almoço do deputado estadual Ceciliano com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, que hoje afirma publicamente apoiar o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz (PSD), para enfrentar o governador Cláudio Castro (PL).

Paes já convidou Ceciliano no ano passado para ingressar no PSD e ser o candidato ao governo do Rio pelo seu partido com apoio de Lula.

O Globo apurou que no encontro em dezembro do grupo Prerrogativas, em São Paulo, quando Lula e Geraldo Alckmin foram fotografados pela primeira vez juntos desde que a chapa unindo os dois começou a ser costurada, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, questionou Ceciliano sobre a negociação com Paes. O presidente da Alerj, contudo, negou que vá deixar o PT. Desde então, porém, Ceciliano parou de dizer categoricamente a interlocutores que jamais será candidato a governador.

JOGO ELEITORAL – Os aliados de Ceciliano e de Paes consideram que o jogo eleitoral pode mudar no Rio se Gilberto Kassab, presidente do PSD, desistir da candidatura à Presidência da República do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), e apoiar Lula já no primeiro turno.

Por um acordo que englobe um palanque no Rio, Paes já deixou claro ao PT nacional que não apoiará Marcelo Freixo para governador, mas Ceciliano poderia ser uma opção.

O movimento recente no Rio se junta ao de outros estados onde o PSB tem nomes viáveis para concorrer, mas ainda assim o PT tem anunciado candidatos próprios. Lula, até aqui, não tem se movimentado para impedir esses movimentos regionais do PT.

FREIXO EM CAMPANHA – Enquanto isso, Freixo reforça sua candidatura cacifado pelas conversas recentes que teve com Lula, em que recebeu promessa de apoio do ex-presidente, e na boa relação com integrantes do PT nacional, especialmente o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad.

Endossado pelo PSB, o deputado Freixo deixou o PSOL, contratou o marqueteiro Renato Pereira e tem feito uma série de movimentos políticos em direção a uma imagem mais moderada, como ir a um culto do Ministério de Madureira da Assembleia de Deus, aliada do presidente Jair Bolsonaro.