Foto: José Cruz/Agência Brasil
Revoluções radicais no mundo da tecnologia costumam ser percebidas pelas pessoas como se fossem estalos no tempo e espaço, originados por forças sobrenaturais, que do dia para a noite se incorporam na rotina da humanidade. Eletricidade, televisão e internet, por exemplo, entram nessa categoria de conquistas etéreas que mudaram radicalmente a maneira como as pessoas se divertem, trabalham, se locomovem e vivem a vida. Atualmente, está em andamento uma dramática mudança da qual a maioria das pessoas mal se dá conta. Muito do que imaginamos como futuro, aquela abstração em que veículos se movem sozinhos, máquinas conversam entre si para realizar tarefas sem interferência humana ou o universo paralelo das realidades virtual e aumentada, começa a tomar forma nos grandes centros de tecnologia do planeta. Obviamente isso acontece graças a uma multiplicidade de tecnologias que se encaixam como um imenso quebra-cabeças, sustentado por alguns pilares. Um dos mais importantes é a rede de telefonia móvel para dados, voz e imagem, que impulsiona a troca de informações em velocidade e volume colossais.
Na semana passada, o governo deu um grande passo para fazer parte do monumental desafio global de construir esse futuro, ainda meio diáfano, com a definição das regras e das empresas que colocarão em pé nos próximos anos no país a estrutura para o funcionamento do 5G, sistema de quinta geração para transmissão móvel de dados, o mais avançado que existe. Na quinta-feira 4, anunciou-se em Brasília que, entre outras empresas de menor porte, a Claro, a Vivo e a TIM arremataram os lotes mais importantes. Com isso, elas levarão o 5G a municípios com mais de 30.000 habitantes, instalando antenas e rede de fibra óptica em 530 cidades até 2025.
A expectativa é que no segundo semestre do ano que vem o 5G já esteja disponível nas capitais e que todo o país esteja coberto pela nova geração até 2029. No modelo adotado de leilão pelo governo, que privilegiou o estímulo aos investimentos em vez da arrecadação para os cofres estatais, movimentou-se em torno de 50 bilhões de reais, entre os quais apenas 3 bilhões devem ir para os cofres públicos. O restante envolve a garantia de oferta de conexão para 72 000 escolas públicas e para 48 000 quilômetros de estradas, o que vai incentivar o uso da telefonia móvel rápida pelo interior do país. Articulada de forma competente pelo ministro das Comunicações Fábio Faria, a operação transformou-se no segundo maior leilão já realizado no país, perdendo apenas para o do pré-sal, em 2019.
As cifras em torno do 5G são, de fato, hiperbólicas. Nas próximas duas décadas, as operadoras de telefonia devem investir aproximadamente 170 bilhões de reais para adequar suas redes ao novo sistema. Os ganhos prometem ser grandiosos. O desenvolvimento tecnológico decorrente das aplicações do 5G deverá acrescentar, a cada ano, entre 180 a 190 bilhões de reais ao PIB brasileiro (um porcentual médio de mais de 2%). Esse valor deve alcançar um montante acumulado de 1,2 trilhão de dólares (ou 6,5 trilhões de reais) até 2035, segundo dados divulgados pela multinacional de sistemas de telecomunicações Nokia. Será uma revolução. “Se formos contar o aumento de produtividade com a economia digital, estamos falando de um impacto de 3,08 trilhões de dólares no Brasil”, afirma Ailton Santos, CEO da Nokia no Brasil. “Isso está dividido em diferentes setores, mas, quanto mais cedo começarmos a instalar a nova tecnologia, mais cedo teremos esses benefícios e esse impacto de volta.”
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