Forças Armadas estão divididas no apoio a Bolsonaro, mas não aceitam coonestar nenhum golpe

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Charge do Aroeira(Portal O DIa/RJ)

Ingrid Soares e Israel Medeiros
Correio Braziliense

As ameaças antidemocráticas do presidente Jair Bolsonaro têm levantado dúvidas sobre o apoio das Forças Armadas a eventuais investidas autoritárias do chefe do Poder Executivo. Não houve, até o momento, qualquer manifestação dos fardados condenando o discurso de Bolsonaro, que disse recentemente que, caso o voto impresso não seja aprovado para as eleições de 2022, o pleito não ocorrerá. E não houve nenhum ato de apoio.

Essa pauta, uma das mais sensíveis para o governo — que já enxerga a possibilidade de derrota nas urnas, de acordo com as últimas pesquisas de opinião —, está prestes a ser enterrada. Isso porque, no Congresso, já há um posicionamento da maioria dos partidos contra a PEC do voto impresso.

VOTO IMPRESSO – A proposta de emenda constitucional quase foi derrubada nesta sexta-feira (16), quando os deputados se reuniram para votar o parecer do relator na Comissão Especial. Prevendo a derrota e o sepultamento do texto, os parlamentares governistas conseguiram adiar a votação para agosto, após o recesso parlamentar.

Sem o voto impresso, aumenta o receio de uma radicalização da parte de Bolsonaro, pois ele ameaça não reconhecer o resultado das urnas, a exemplo do que fez Donald Trump nos Estados Unidos — o que resultou na invasão do Capitólio, em Washington, causando a morte de cinco pessoas.

Mas um militar de alta patente garantiu ao Correio que Bolsonaro não terá apoio das Forças Armadas caso atente contra a democracia. Não existe, segundo ele, qualquer possibilidade de os fardados apoiarem qualquer ato desse gênero.

CHANCE ZERO – “É absurdo, não existe a menor possibilidade. As Forças Armadas são instituições de Estado, não de governo, e assim vão continuar após Bolsonaro. Não há o menor cabimento. Todo praça ou militar mais moderno que está no comando vai dizer o mesmo”, assegurou.

Ele explica que os militares são leais aos seus comandantes-em-chefe, mas que isso é totalmente diferente de apoiar um golpe. “Os militares foram leais ao Fernando Henrique Cardoso, ao Luiz Inácio Lula da Silva, à Dilma Rousseff, ao Michel Temer, e ninguém questionou se teria golpe. Por que questionar agora? Continuarão honrando seus compromissos e valores de moral, ética e princípios”, assegurou.

O cientista político Rodrigo Prando, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, também aposta contra o apoio das Forças Armadas ao presidente em um eventual ataque à democracia.

GRAVE CRISE – Pandro explica que há, sim, militares que estão alinhados ao presidente, mas que, para dar um golpe, é necessário mais que apenas vontade. O ato, segundo ele, implicaria em uma crise institucional, seguida de uma grave crise social e econômica.

“Eu não creio que tenham a intenção de acompanhá-lo em uma aventura golpista. Você não teria apoio de uma superpotência, um país forte como o Estados Unidos, por exemplo, e não teria apoio do empresariado. Não interessa para o empresariado ver uma ruptura institucional e não conseguir, por exemplo, fazer negócios com outros países. Não interessa o Brasil ficar isolado e sofrer sanções econômicas de vários tipos”, observou.