LITERATURA – LOUVOR DE VICTOR HUGO A GEORGE SAND EM SUA MORTE.

GEORGE SAND

(E que pode ser o nosso louvor a todos os que partiram e que admiramos e que amamos).
“Eu choro uma morta, e saúdo uma imortal.
Eu a amei, a admirei, a venerei; hoje na augusta serenidade da morte, eu a contemplo. Eu a felicito porque o que ela fez é grande, e a agradeço porque o que realizou é bom. Lembro-me do dia em que lhe escrevi: “Eu lhe agradeço por ser uma alma tão grande”.
Será que a perdemos? Não. Essas altas figuras se vão, mas não desaparecem. Longe disso, podemos mesmo dizer que elas se completam. Tornando-se invisíveis sob uma forma, elas se tornam visíveis de outro modo. Transfiguração sublime. A forma humana é ocultação. Ela mascara a verdadeira face divina que é a ideia.
George Sand era uma ideia; ela está desencarnada, porém livre; ela está morta, porém viva. “Patuit dea”. (…)
George Sand morre, mas ela nos lega o direito da mulher haurindo sua evidência no gênio feminino. É assim que a revolução se completa.
Choremos os mortos, mas constatemos os adventos; os feitos definitivos ocorrem graças a esses fieis espíritos precursores.
Todas as verdades e todas as justiças vêm ao nosso encontro, e este é o som das asas que ouvimos. Aceitemos o que nos oferecem nossos ilustres mortos ao nos deixar; e, dirigindo-nos ao porvir, saudemos, calmos e pensativos, as grandes chegadas anunciadas por essas grandes partidas.”
VICTOR HUGO
Trechos do discurso lido em 10 de junho de 1876 en Nohant, durante o funeral de George Sand.
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Pintura de William-Adolphe Bouguereau
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Paris; France : the Victor Hugo house

VICTOR HUGO