Reunião com partidos da esquerda consolida apoio da oposição ao deputado Baleia Rossi

Retorno da CPMF seria estelionato eleitoral”, diz Alessandro Molon“Retorno  da CPMF seria estelionato eleitoral”, diz Alessandro Molon | Folha de  Valinhos

Molon, do PSB, está animado com a união das esquerdas

Augusto Fernandes
Correio Braziliense

O deputado Baleia Rossi (MDB-SP), candidato do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para sucedê-lo na chefia da Casa em 2021, conversou nesta segunda-feira (28/12) com lideranças de PT, PDT, PSB e PCdoB e deu um passo importante para garantir a adesão dos partidos de oposição à sua campanha ao firmar o compromisso de atender as reivindicações apresentadas pela esquerda, caso eleito.

Dentre as exigências apresentadas a Baleia, os parlamentares pediram que Projetos de Decreto Legislativo (PDLs) sejam colocados em votação com mais frequência. O instrumento tem o poder de suspender os efeitos de decretos assinados pelo presidente da República. Para os partidos de oposição, esse é um ponto fundamental para evitar que o presidente Jair Bolsonaro continue tomando decisões que não necessitem do aval do Congresso Nacional.

RAPIDEZ NAS CPIS – Além disso, os representantes das legendas de esquerda pleitearam ao emedebista que as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) sejam instaladas assim que receberem o mínimo de assinaturas necessárias para as suas criações.

Reivindicaram, ainda, que os deputados possam, cada vez mais, convocar ministros de governo para serem questionados na Câmara. Baleia ouviu também o pedido para que as comissões permanentes da Casa sejam formuladas respeitando a proporcionalidade entre os partidos.

Em vídeo publicado nas redes sociais após a reunião, Baleia disse que a conversa foi muito produtiva e destacou que está “otimista com o que estamos construindo juntos”. “Nós pudemos reafirmar os nossos pontos convergentes: de defesa da democracia, das instituições, de uma pauta de defesa do meio ambiente e das liberdades”, destacou.

PERMANENTE DIÁLOGO – “Claro que a democracia prevê o amplo e permanente diálogo. Cada líder, cada presidente de partido vai se reunir com a sua bancada. Mas saio muito otimista pela união do centro com a esquerda democrática para a gente poder caminhar nessa candidatura.”

Participaram do encontro os deputados Enio Verri (PT-PR), Gleisi Hoffmann (PT-PR), José Guimarães (PT-CE), Carlos Zarattini (PT-SP), Perpétua Almeida (PCdoB-AC), Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Wolney Queiroz (PDT-PE), Mário Heringer (PDT-MG) e Alessandro Molon (PSB-RJ), além de Rodrigo Maia, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira. e a presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos.

REUNIÃO POSITIBVA – Segundo Molon, a reunião foi positiva. “Ficou claro que o deputado Baleia Rossi, como presidente da Câmara, será um presidente da com independência e que vai garantir o devido espaço à oposição, como manda a Constituição e o regimento. Os partidos de esquerda caminham todos para essa posição (de apoiar Baleia), que é a posição correta. Estamos muito otimistas com a campanha, confiando muito na nossa vitória. Nosso bloco é, de longe, o maior. Isso aumenta muito as nossas chances de vitória”, disse ao Correio.

O deputado comentou que, agora, cada partido vai trabalhar internamente para firmar o apoio a Baleia. Ele lembrou que o fato de Bolsonaro ter declarado nesta segunda que é a favor da candidatura de Arthur Lira (PP-AL) serve como combustível para a oposição selar o suporte ao deputado do MDB.

VOTO A VOTO – “Agora, nós vamos trabalhar o voto a voto para garantir que todos os deputados dos nossos partidos votem no Baleia Rossi. A declaração do presidente só nos ajuda, porque deixa claro que o candidato dele é o Arthur Lira mesmo e que, portanto, quem é de oposição precisa votar no outro candidato”, frisou Molon.

A princípio, Baleia tem o apoio confirmado de 11 partidos: DEM, MDB, PSDB, PSL, Cidadania, PV, PT, PSB, PDT, Rede e PCdoB. Considerando que 12 deputados do PSL estão com as funções partidárias suspensas, esse bloco corresponde a 280 parlamentares. Apesar disso, alguns partidos ainda resistem em aceitar o nome do emedebista, em especial o PT.

O incômodo do partido é por conta do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016. À época, Baleia votou a favor da destituição da petista.