Acadêmico Marco Lucchesi iniciou seu quarto mandato à frente da instituição
RIO — A nova Diretoria da Academia Brasileira de Letras, eleita no dia 3 de dezembro, tomou posse na tarde desta sexta-feira, 11, em cerimônia virtual. O acadêmico Marco Lucchesi assumiu seu quarto mandato seguido como Presidente. Tomaram posse também os acadêmicos Merval Pereira (secretário-geral), Antônio Torres (primeiro-secretário), Edmar Bacha (segundo-secretário) e José Murilo de Carvalho (tesoureiro).
Poeta, escritor, romancista, ensaísta, tradutor e ocupante da cadeira nº 15 da Academia Brasileira de Letras, Lucchesi é conhecido por sua militância na área dos direitos humanos. Em 2017, ele assumiu seu primeiro mandato como o mais jovem presidente dos últimos 70 anos. Desde então, ele tem se notabilizado por uma administração inclusiva, que aprofundou os projetos sociais da casa.
Este será o último ano de Lucchesi como presidente da instituição. Entre suas prioridades estão o aprofundamento do setor de lexicologia e lexicografia e a atualização do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp). Em função da pandemia, ele também considera urgente a digitalização dos arquivos e bibliotecas da casa.
— Não há saída de emergência e tenho o grande defeito de me sentir desafiado — disse ele sobre o seu quarto mandato, após a posse.
Sob a gestão de Lucchesi este ano, a ABL foi a primeira instituição carioca a fechar as portas em função da pandemia. O plano, por enquanto, é manter o núcleo mínimo de funcionários.
— Vamos esperar com muita calma — disse Lucchesi. — Os projetos institucionais continuam a todo vapor, mas é preciso cuidar não só da saúde dos Acadêmicos como também da saúde dos funcionários e da população. Além do mais, é também um sinal importante que se dá para o país
No discurso, transmitido pelo canal de YouTube da Academia, Lucchesi defendeu valores democráticos:
“As instituições brasileiras precisam abrir suas portas e janelas. E que se tornem mais coloridas e diversas, mediante a presença de afrodescendentes e povos originários. Assumir a diferença significa ampliar a emancipação, combater o racismo e democratizar a República. Não queremos a entropia do Mesmo: somos todos brasileiros”.
O discurso também teve forte componente ecológico. Lucchesi clamou pela salvação das terras indígenas e se dirigiu diretamente ao líder yanomami Davi Kopenawa, autor do livro “A queda do céu”.
“Mil vezes querido Davi, estamos cansados de sonhar apenas com quem somos e quero que nos ensine a pensar com você a terra em toda a sua generosidade e convoque os espíritos da floresta para evitar que o céu desabe”.