Aliados avaliam que Bolsonaro errou ao politizar caso da vacina antes de explicações técnicas

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Bolsonaro criou o problema ao entrar nas redes sociais

Valdo Cruz
G1 Política

O presidente Jair Bolsonaro errou ao politizar a interrupção dos testes da vacina Coronavac antes mesmo de esclarecimentos técnicos, porque esse tipo de comportamento pode se voltar contra ele próprio. A avaliação é de aliados e interlocutores próximos a Bolsonaro e que defendem uma postura totalmente técnica sobre o processo.

A Coronavac é uma das candidatas a vacina contra o novo coronavírus e é desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, em São Paulo.

SUSPENSÃO TEMPORÁRIA – Nesta segunda-feira (9), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu temporariamente os testes da vacina por causa de uma reação adversa grave. O Instituto Butantan diz ter sido pego de surpresa pela decisão da agência e afirmou que o caso do voluntário não estaria relacionado com a Covid-19.

Na manhã desta terça-feira (10), Bolsonaro respondeu um internauta em suas redes sociais e citou a suspensão dos testes afirmando ser “mais uma que Jair Bolsonaro ganha”. Na mesma resposta, Bolsonaro citou o governador de São Paulo, João Doria. Com quem trava uma guerra política por causa da Coronavac, tendo como pano de fundo a disputa presidencial em 2022.

DECISÃO APRESSADA – Na avaliação de interlocutores do presidente da República, ele foi “apressado” ao fazer comentários sobre o caso e o “recomendável” seria aguardar os esclarecimentos técnicos sobre o caso.

Um aliado destaca que, depois de esclarecimentos, poderá ficar provado que a morte do voluntário realmente não teria nenhuma relação com os testes da Coronavac, deixando Bolsonaro numa situação no mínimo “desconfortável” por tentar se aproveitar de uma informação ainda não totalmente esclarecida.

Ou, então, ressalva esse aliado, o presidente tem informações privilegiadas vindas da Anvisa, uma agência que deve ser independente. Isso seria ainda mais “delicado” neste momento, porque o órgão poderia estar sendo usado politicamente pelo Palácio do Planalto.