POR QUE BOLSONARO TIROU A MÁSCARA E RECUPEROU A AUTOCONFIANÇA?

Resultado de imagem para jose nivaldo junior   Por  José  Nivaldo  Júnior  – Publicitário,advogado,historiador, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras. 

Apurar a verdade é uma tarefa geralmente difícil. Certos fatos são inegáveis porém o seu entorno, na maioria das vezes, permanece nebuloso. É natural que as pessoas, poderosas ou não, tentem quase sempre esconder motivos ou detalhes do seu comportamento público ou privado. Quase todos agimos assim. Na maioria das vezes, tentamos fazer as versões prevalecerem sobre os acontecimentos. As justificativas se imporem sobre as explicações.
Vamos no caso do risco corrido pelo presidente, partir de alguns fatos:
– Um auxiliar direto, que partilhou os mesmos espaços com ele durante dias, voltou da viagem aos EUA infectado com coronavírus;
– O presidente, visivelmente preocupado, usou máscara durante a gravação do vídeo através do qual falou ao país na quinta-feira;
– Importantes redes de televisão de vários continentes, além de diversos outros veículos, inclusive no Brasil, noticiaram que o exame realizado no presidente tinha dado positivo;
– Instalou-se uma desenfreada boataria, a bolsa mergulhou no vazio, as pessoas circulavam no ambiente palaciano apavoradas, feito baratas-tontas. O presidente permanecia mascarado.

VIRADA DE RUMO

De uma hora para outra, Bolsonaro anunciou que nunca estivera doente, recuperou imagens de bananas dirigidas à imprensa, voltou a circular sem máscara e sorridente. Sua aplicada militância digital reassumiu a habitual pose e arrogância, distribuindo insultos aos que, segundo eles, disseminaram fake-news para desestabilizar o governo, blá, blá, blá. Ou seja, pelo menos no mais fechado círculo palaciano, o clima parecia retornar à normalidade.

A OUTRA FACE DA INFORMAÇÃO

Tudo é novo e diferente com relação ao coronavírus. Os testes para detecção da doença são desconhecidos pela grande maioria dos próprios médicos. Reina a ignorância, inclusive quanto à terminologia específica utilizada no restrito ambiente técnico onde os testes são desenvolvidos e aplicados.
Não sou médico, claro, embora filho, irmão, cunhado e amigo de muitos, mas muitos médicos mesmo.
Conversei com vários.
Vou falar o que apreendi em linguagem que todo mundo entenda, sem preocupação com o rigor terminológico ou detalhes do protocolo científico.
O exame aplicado no presidente cumpre duas etapas: uma, preliminar, digamos assim. É uma fase classificatória. Depois vem outra, essa sim, decisiva, determinante.
Se na primeira fase o resultado for negativo, o paciente está livre da doença e pode correr para o abraço. Se for positiva, não quer dizer que o esteja infectado. Significa apenas que prossegue na faixa de risco e a avaliação evolui para uma segunda etapa. Esta próxima fase apresenta dois resultados possíveis: o positivo, confirmando a primeira avaliação e nesse caso determina que o paciente é portador do vírus; e o negativo, que afasta o fantasma e revela que o examinado está livre dele.

O RESULTADO NÃO MUDA O JOGO

Foi a segunda hipótese, felizmente, que ocorreu com Bolsonaro. Na primeira fase, permaneceu sob suspeita, afastada na etapa decisiva.
Quando foi divulgado mundo afora que o exame deu positivo, a notícia referia-se à primeira fase, não era mentira. Apenas o desconhecimento do processo e a falta de uma explicação adequada, por parte da equipe técnica envolvida, levou a uma leitura equivocada, porque incompleta.
Pode até ter havido mórbida torcida de alguns para o presidente estar infectado. Nada inédito no mundo das paixões políticas. Basta lembrar o que se falou sobre Lula e Dilma nas suas lutas contra o câncer. Ou a propósito do próprio Bolsonaro, por ocasião da facada e suas sequelas.
Porém há também um fato inegável: a primeira fase do exame deu resultado positivo na direção do vírus. Felizmente, repito, não confirmada na segunda e decisiva avaliação.

Com a palavra os doutores. O historiador, o comunicador não são donos da verdade. Sao basicamente aprendizes, ávidos por traduzir e decifrar a informação de ontem e de hoje.