Obsessão de Paulo Guedes é desonerar as empresas e onerar os assalariados

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Charge do Nani (nanihumor.com)

Pedro do Coutto

As repórteres Adriana Fernandes e Idiana Tomazelli, matéria publicada na edição de quarta-feira de O Estado de São Paulo, revelam que o ministro Paulo Guedes, não conseguindo reviver a antiga CPMF com outro nome, volta-se agora, segundo ele próprio, para recuar da redução das alíquotas do Imposto de Renda, mudança que lhe foi recomendada pelo próprio presidente Jair Bolsonaro. Guedes quer desobedecer a vontade do Palácio do Planalto para garantir aos empresários recursos capazes de compensar a desoneração dos 20% sobre a folha de salários que os empregadores pagam atualmente ao INSS.

Guedes está tentando, a meu ver, um resultado positivo para ele e negativo para as 100 milhões de pessoas que compõem a mão de obra efetiva do Brasil.

FARSANTE – O ministro Paulo Guedes, a meu ver um farsante, procura incutir a ilusão de que desonerar empresas vai se refletir positivamente no mercado de trabalho, inclusive diminuindo o desemprego. Amarga ilusão. Todos sabemos o resultado da fábula ocorrida há algumas décadas, quando o ex-ministro Delfim Neto apresentou a tese sob sua ótica para fortalecer o aspecto social do país, que era “primeiro fazer crescer o bolo, para depois dividir as fatias”. Esqueceu o óbvio ululante de Nelson Rodrigues. Depois do crescimento do bolo, os empresários comeram tudo sozinhos e para os valores do trabalho humano só restaram migalhas.

É realmente incrível a ilusão que Paulo Guedes tenta injetar no país. Pura mágica, que é, no fundo, o contrário da lógica. Desonerar as empresas não terá influência alguma no combate ao desemprego, em uma escala ponderável. Pode acontecer em um caso dentre 1000 reflexos. Ou seja, 0,1%. Desonerar empresas de impostos pode ser muito importante para a posição intelectual do teórico ministro da Economia. Para a sociedade brasileira, porém, a recuperação do mercado de trabalho não pode ultrapassar 0,1%, como vimos há pouco.

SIMONSEN – Em artigo na edição de ontem de O GLobo, Élio Gaspari tenta comparar Paulo Guedes a Mario Henrique Simonsen. Projetos elaborados na teoria e mal definidos na vida prática. Gaspari recorda, como exemplo, a demissão de Mario Henrique Simonsen do Ministério da Fazenda, em 1979, governo João Figueiredo. Tenho a impressão que Elio Gspari está indiretamente colocando como fato isolado a posição de Paulo Guedes.

Simonsen pediu demissão em consequência de um atrito que teve com o então ministro do Planejamento, Delfim Neto. Sabia-se que Mario Henrique Simonsen era um gênio, sem dúvida, mas só sabia jogar não sofrendo nenhum entrechoque. Configurado o entrechoque, Simonsen deixou o governo pouco depois de iniciado o período Figueiredo.

Na minha opinião o confronto Simonsen X Paulo Guedes pode ficar na história como um exemplo. Mas Simonsen não tinha a obsessão do poder. Paulo Guedes tem a obsessão pela criação de um novo imposto que de um lado pune os valores do trabalho humano e de outro beneficia os grandes empresários do país.

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