Governo intervém, “estatiza” o preço do petróleo para segurar a inflação

Resultado de imagem para o petróleo é nosso chargesPedro do Coutto

O preço internacional do petróleo cresceu 13% em decorrência do corte na produção determinado pela Arábia Saudita, consequência de bombardeios ainda não esclarecidos quanto a origem. O episódio refletiu-se, como era de esperar no consumo mundial. Nesse universo, claro, encontra-se o Brasil.

Há tempos a Petrobrás fixava seus preços com base nessas alterações. Mas no caso atual teria de elevar o óleo diesel e a gasolina no patamar dos 13%. Isso refletir-se-ia no índice de inflação do país. Decorrência lógica, os preços subiriam de forma acelerada.

INTERVENÇÃO – O episódio que se refere à determinação do presidente Jair Bolsonaro, está muito bem focalizado nas reportagens de Ramona Ordonez, Manuel Ventura, Bruno Rosa e Gabriel Martins, edição de terça-feira de O Globo. E também pela matéria publicada na Folha de São Paulo, assinada por Júlia Moura e Nicola Pamplona.

O fato é que a decisão do governo representou uma intervenção estatal para conter os efeitos inflacionários aparentes da oscilação internacional de preço. O episódio colide com a política liberal característica na qual se integra o ministro Paulo Guedes. Portanto, a questão da presença estatal no livre mercado e, principalmente, nos seus efeitos, tem que ser assinalada como uma condição inevitável.

IMPORTÂNCIA – Na minha opinião a presença estatal revela-se de grande importância, como se constata, mesmo na esfera da livre concorrência e da livre iniciativa. Por determinação do presidente da República, a Petrobrás terá que absorver o aumento sem repassá-lo aos postos de consumo. Isso, tanto no que se refere ao óleo diesel quanto a gasolina. Principalmente o óleo diesel que representa 50% do consumo nacional. Os caminhoneiros situam-se nesse plano. A Petrobrás, assim, absorverá a diferença de preços.

CAMUFLAGEM – É possível que a camuflagem atinja os acionistas da empresa, porém não atingirá o poder de compra da população. De qualquer forma, eis um caso bastante sensível e acentuadamente complexo, sob o prisma econômico.

As lentes que focalizam a movimentação econômico-financeira talvez mais adiante possam traduzir nas imagens do cotidiano os efeitos reais do aumento do preço do petróleo segurado com esforço pela Petrobrás, cujo maior acionista é a União.

Nem tanto ao mar, nem tanto a terra. A estatização sempre defendida como é natural pelo empresariado brasileiro, às vezes se torna essencial para conter os reflexos aparentes de uma elevação de preços que atingiu o mundo e principalmente o Brasil. Mas eu disse nem tanto ao mar nem tanto a terra. Às vezes a ação estatal favorece a economia privada e, no caso da Petrobrás, a própria sociedade do país.

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