Bolsonaro devia ter sobriedade e recuar da ideia lunática sobre filho embaixador

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Bolsonaro precisa demonstrar mais seriedade e bom senso

Leandro Colon
Folha

Jair Bolsonaro conseguiu uma proeza ao anunciar a decisão de indicar o filho e deputado Eduardo para embaixador nos EUA. A intenção recebeu críticas do guru Olavo de Carvalho e dos raros aliados no Congresso. Foi vista com desconfiança pelo núcleo militar do Planalto e avaliada com deboche e espanto nos bastidores do Itamaraty.

A única exceção foi o assessor especial Filipe Martins, amigo do peito de Eduardo Bolsonaro e figura inexpressiva do PSL alçada a especialista em política internacional no Planalto.

BOM SENSO – Se Bolsonaro tiver um pouco de bom senso (algo um tanto improvável, tratando-se do personagem), deveria recuar e afirmar que teve um delírio causado pela euforia familiar com os 35 anos completados pelo seu 03 na última quarta-feira (dia 10).

Aliás, o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, homem de confiança do presidente, indicou que essa história pode ser apenas um balão de ensaio.

“É um processo que tem de ver se vai ser confirmado. Ele (Bolsonaro) não disse da embaixada em Jerusalém? Ela está onde? Em Tel Aviv. O presidente tem esses momentos”, afirmou o ministro aos jornalistas.

DEPENDE DO SENADO – Ao levar adiante a nomeação do filho para Washington, Bolsonaro terá de enfrentar o escrutínio dos senadores, responsáveis por aprovar ou rejeitar escolhas do governo para assumir o comando de embaixadas.

O risco é duplo: um possível vexame na hipótese de o Senado derrubar a indicação do filho do presidente e a contaminação política do tema no mesmo período em que a Casa deve discutir a reforma da Previdência a ser enviada pela Câmara.

“MOMENTOS” – Ao querer prevalecer a escolha de cunho pessoal e familiar ao posto mais importante da diplomacia brasileira no exterior, Bolsonaro pode atrapalhar a tramitação legislativa de um projeto de interesse do estado.

Ele tem dito que a decisão caberá ao filho. Mas seria um gesto de sobriedade e racionalidade se o próprio presidente desistisse da ideia lunática, confirmando que tudo não passou de mais um de seus “momentos”.

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